segunda-feira, 27 de abril de 2015

Tu

Duas letras, uma palavra, uma palavra que para mim tem história.

Durante três anos da minha vida senti-me muitas vezes sem ar, sem força de querer fazer mais, de estar com alguém porque sim.
E de repente, caíste-me tu. Do nada, numa 5.ª feira, na tua cidade, e viste-me, logo na primeira vez, a fazer uma das coisas que mais gosto de fazer na vida: uma apresentação para o público.

Se não sabes ainda, quem fez com que eu ficasse desperto para ti foi a pessoa que conhecemos em comum. Sim, ela mesmo. A mesma pessoa que quase durante três anos me deixou sem ar e sem querer fazer mais nada pela relação que tinha com ela.

Mas não foi por isso que te pedi ajuda. Pedi-ta, porque não te conhecia e sempre acreditei que quem estivesse de fora podia até ajudar alguma coisa. Foi o que aconteceu.

As tuas palavras naquele frio mês de dezembro deixaram com vontade de pôr fim à relação que tinha. Mas não foi preciso, porque a nossa amiga o fez por mim. Mas eu não to disse logo. Só mais tarde...

Aos poucos aproximamo-nos e apercebi-me que precisavas de ajuda. Nunca te a neguei. Sempre estive ao teu lado naqueles momentos em que estavas com dúvidas, com a cabeça na lua, nas alturas em que dizias que estavas quase a chorar.

Nunca te tinha visto ao vivo, mas sabia que não queria que passasses mais por algo parecido ao que eu passei. Era como amigo que dizia isto.

E pensei que surgi na tua vida somente para que te apercebesses disso, que precisavas de dar um passo em frente, que precisavas de te libertar do que é hoje (penso eu) o teu passado.

O ano passou e eu quase só contava os dias para nos vermos. Sim, eu queria conhecer-te! Sim, como amiga! Porque já me tinhas deixado inúmeras vezes sem jeito e dias com vontade de estar ao teu lado, somente para te ver e não deixar que ficasses mais triste.

Entrei pela primeira vez na Ryanair para ir ter contigo. Era tudo novo para mim. O aeroporto, a ida sozinho para tal local, era tudo novo. E naquele dia chovia. Lembro-me quer da tua roupa, quer da minha. Lembro-me de quando te vi a minha calma foi transformada num arrebatador nervosismo. Até que nos abraçámos. E sim, viemos no mesmo metro. 

A partir daí seguiram-se semanas e semanas em que nos vimos e que nos aproximámos mais e mais. Aí, fiquei confuso, admito. Porque fizeste coisas comigo, tão, mas tão fofas, que eu não tinha feito com mais ninguém. Tu sabes quais foram. Nada de mais para o comum da sociedade, mas para mim, sim, foram dos dias mais importantes da minha vida e das ações que mais me fizeram bem.

Somente porque nunca adormeci com ninguém por perto, de dia, sem ser contigo. E isso, sim, é importante. 

Ninguém gostou das minhas histórias como tu dizias que gostavas. Ninguém, até agora, fazia a voz fofa que tu fazias quando nós estávamos juntos, nos nossos pedaços de jardim da tua cidade onde quase ninguém passava.

Ofereci-te livros, fitas, sementes e tantas outras coisas. Somente porque era tudo tão diferente o que sentia que tinha de fazer algo.

Sei que provavelmente foi isso misturado com a minha alta voz e o meu desarranjo intestinal que marcou a direção da nossa amizade (que foi twínica e que foi melhor amizade - será que o é ainda?).

O passado passou, os textos estão escritos e somente sei o que sinto agora. Sinto o vazio de ter feito mal e nada poder fazer para remediar. 

Gostava, um dia, de te dizer, realmente o que me motivou a aproximar-me de ti, os motivos de eu não ter parado, os motivos de eu ter gritado, os motivos dos textos, os motivos de eu estar assim agora.

Não só, mas somente, gostava de os dizer para, quem sabe fechar um ciclo e abrir outro, ou então podermos perceber se faz sentido o beijo no canto da boca que demos um dia. Ou então se faz sentido aquilo que disseste e o que me espantou (negativamente) em ti é real ou não?

Mas sei que não lerás este texto. Gostava de poder estar tranquilo e calmo agora. Mas não consigo. Não estou feliz. Faltas-me tu, a tua amizade, a nossa amizade. As tuas palavras fofas que eram fofinhas. 

Não quero que entendas isto como uma segunda oportunidade, porque não o é. É somente pararmos os dois e percebermos que se isto (isto) aconteceu entre nós e ambos tivemos as atitudes que tivemos por algum motivo é.

Estou disposto a sair de casa. A trocar a minha cidade pela tua. Será que é um erro? Não sei. Mas é o que me vai na alma. E tu, e tu, naquela noite que me estonteou fechaste mais uma porta que eu não esperava.

Sei que tiveste os teus motivos e eu não os quero contradizer. Mas gostava que soubesses que o meu coração e o meu cérebro sentiram-se perdidos. Fiz-me de forte para te responder, porque assim o sou. Fiquei com as tuas palavras de desculpa na cabeça que aqui estão e com algo para resolver. Vejamos o que se pode fazer. 

Mas por favor, fala comigo. Sê realmente quem tu és. E prova-me que nós não aparecemos na vida um do outro somente para nos ajudarmos no fim das nossas anteriores relações. Não creio tal coisa. Não quero tal coisa.

Quero poder ver mais vezes o teu sorriso e ouvir a tua voz fofa, porque isso, acalma o meu intelecto e permite-me entrar no mundo dos sonhos...

domingo, 26 de abril de 2015

Afinal, abrem-se os horizontes...

Republicação

A vida continua a correr, os dias não param, a rotação da Terra, o nosso planeta verde, segue o seu ritmo natural, trancando aos humanos a vivência do passado.

E eu, supersticioso ao máximo, acho que se conheci as pessoas que conheci, alguma razão existiu e durante o espaço de tempo que as pessoas se relacionam a um nível firme e elevado mudam-se umas às outras e acabam por ter um papel importante na vida da pessoa em causa. Ou por bons ou por maus motivos, existe sempre alguma razão para que a importância fique gravada cá dentro e que seja difícil esquecer.

E de facto, quanto mais é ligação à outra pessoa, maiores são as recordações que ficam. Mas tudo tem um termo. Com tudo isto digo que, quem se relacionou comigo, leva de mim duas impressões: uma boa, de amigo altruísta e filantrópico, uma má, de mandão e controlador. Como são extremos e associando isso à minha difícil personalidade digo com quase toda a certeza que as pessoas aprendem bastante ao relacionarem-se comigo. E ficam de caminhos abertos para o futuro se se aperceberem para uma maior vivência no futuro, quando eu já não puder intervir com a pessoa em si.

Desta feita, o primeiro contacto comigo é difícil, ou me detestam ou até engraçam comigo. Depois, caso me detestem à primeira vista, dificilmente se alterará essa ideia, caso contrário, e no primeiro contacto as pessoas até percebam que não sou igual às outras pessoas, acabam por ter outro obstáculo à frente a minha dura personalidade se se quiserem aproximar, daí, quem gosta de mim, passar-me-á a detestar quando me vai conhecendo mais a fundo.

Até agora nada de novo, mas acrescento uma parte à frase que comecei no parágrafo anterior: "Além do mais, as memórias deixam caminhos abertos para a vida", porque ao ser diferente dos outros, há sempre ideias novas que fazem as pessoas perceber como devem lidar comigo.

Assim, Quando as pessoas me conhecem ou engraçam comigo ou me detestam. Depois, quanto mais me vão conhecendo, mais me vão detestando e afastando. No entanto, quem se ligou a mim fica com os caminhos abertos para a vida porque as memórias ficam retidas dentro de si.

E eu, após tudo isto, acabo por ficar com saudades do passado, mas não posso revive-lo. Acabam por ser saudades inacessíveis.

PS: Quando sinto falta das pessoas não consigo dizer-lhes. É como que tivesse vergonha.

sábado, 25 de abril de 2015

No dia dos cravos...

Hoje, como todos os outros dias, levantei-me... Hoje, como todos os outros dias desde a passada semana sabia que não teria nada teu no meu telemóvel.

Mas é a ti que te escrevo. Se me permites, mais esta vez. Agora quero-te escrever sobre qualquer coisa.

Sabes, hoje acordei com mais duas amigas minhas com problemas relacionais. Fiz exatamente o que fiz contigo. Propus-lhes o exame de consciência, falei-lhes da minha experiência de vida na área e elas, tal como tu, agradeceram as palavras.

Hoje o dia é o dia que me faz perguntar se a profissão que escolhi faz sentido. Porque tal como tu dizias, se calhar eu até dava um bom psicólogo (e, como sabes, sempre refutei tal coisa). Dias mais tarde disseste "Os melhores amigos são psicólogos sem canudo!" e eu, a partir dessa altura, passei a guardar com gosto essa frase no meu intelecto.

Estou prestes a tomar uma decisão importante na minha vida. Gostava tanto que tu pudesses dar a tua opinião acerca dela. Mas não quero incomodar-te. Nem sei como poderia introduzir o tema. Os dias vão passando e sei que tenho de decidir a minha vida.

Provavelmente decidirei com a mão não só no crânio, mas também no coração. Porque me lembro do que disseste há uns meses quando, ao de leve, abordei este assunto contigo. Disseste para ir para perto de ti. Rapidamente concluímos que a decisão não poderia ser por esse motivo somente, mas também conta.

Conta porque me sinto bem quando estou contigo. E é isso que acontece com os melhores amigos. Espero eu... Há alturas em que penso: porquê tu? E acabo a pensar que não importa fazer essa pergunta, mas sim, poder aproveitar o tempo possível contigo. Nem que seja a quilómetros de distância. Mas claro, com todo o espaço necessário.

Mas agora sei o valor que tu tens. Porque o que eu sentia quando te estava a ajudar não é igual àquilo que eu sinto agora quando me pedem ajuda. Somente, digo eu, porque encontrei a minha twin. Amarelada como eu e tudo!

É por isso que estou tanto na Internet. Porque quero estar disponível para o que for preciso. Mas à noite, sempre guardo um bocadinho para ti, como sabes. Adorei as conversas que tivemos. Chego ao ponto de andar para trás no telemóvel e procurá-las.

Espero não estar a fazer disparates. No fundo, no dia dos cravos, um dia que marcou o nosso país, gostava de poder dar simbolismo a tal flor, tão, mas tão diferente das que eu estou habituado a ver.
Porque o vermelho nos cravos pouco ou nada quer dizer. Há tantas outras cores mais belas.

Termino, dizendo que as minhas memórias contigo estão cá. Estão cá porque eu não me quero desfazer delas, mas pelo contrário, quero intensificá-las...

A vertigem

Hoje... hoje só posso achar que tenho vertigens. E sabes, taõ bem como eu, que de seguida a eu dizer isto ia investigar os códigos da ICD-9, ver os seus custos e não pararia até descobrir como é que a menor custo poderia tratá-las.

Tenho vertigens, porque como tu dizes, sou louco. Sim, sou louco! Porque louco também significa extraordinário. Porque nunca na vida eu saí do meu espaço de conforto e voei até longe. Longe como tu dizes. Longe que é tão perto. Mas que eu percebo. Porque eu já o disse tanta vez... Apesar de ser longe, sinto-te por perto.

E sou louco. Volto a dizê-lo porque se não o fosse não teria corrido horas a fio hortos à procura de uma espécie única, nunca teria estado a voar semanas sem fim para te ver, nunca teria dito para escrevermos um artigo em conjunto. Tudo isto, porque o que importa para mim não é a loucura. Mas sim, o teu sorriso.

Porque como te disse um dia, um sorriso é tão mais complexo do que falar. E agora acrescento, um sorriso é tão mais complexo como dizer sim, porque aqueles teus sorrisos eram verdadeiros.

Ouvi-te várias vezes com a tua voz doce e fofa a perguntar se eu estava bem, com frio. E eu... e eu sentia que tu estavas bem, porque estavas com uma voz diferente, muito mais sentida, muito mais entregue. E ao ouvir-te, cheguei a adormecer no teu tórax por vezes ou então no teu ombro. E lembro-me das festinhas que te fazia quando tu passavas pelas brasas no meu colo.

Nunca te disse, mas foste a primeira pessoa que se sentou nas minhas pernas sem receios. E eu, aproveitei aquele momento, naquele jardim magnífico.

Passámos em tão pouco tempo, tanto, mas tanto juntos. Sei... sei que a culpa foi minha. E sei, sei o que aconteceu, ou pelo menos penso.

Ontem. No dia de ontem dei voltas e voltas à Baixa para passar onde nós passámos, para tentar reviver aquelas memórias que tenho e que não as quero largar. Quando estava sentado à espera do metro, apenas me lembrava da flor que caiu ao chão. Do momento em que eu ta dei e da cara que tu fizeste.

Para quê? Para que as memórias não voem. Porquê? Porque eu sinto que és especial para mim. Porque as minhas palavras naquela manhã de domingo em que te disse que também tinha pensado que não fazia sentido falarmos muito eram erradas. 

Apenas eu não queria contradizer-te. Agora, passado tempo, dias, horas e minutos, daquela altura em que me escreveste, apenas fico a pensar se fiz bem.

Porque o mais importante para mim não é ser gato. O mais importante para mim é que percebas que o meu devaneio é por ti causado. Porque sei que és especial e que não te quero desiludir mais do que aquilo que desiludi.

E basta! Se leres isto, fala comigo sem medos e diz-me porque o fizeste! Sinto falta do teu odor, da tua plenitude, das tuas palavras. Tenho tanta, mas tanta coisa para te contar. Em que eu precisava de ajuda. Em que eu sei que tu me podes ajudar, nem que seja ouvindo como ouves.

Mas acima de tudo isto quero que estejas bem. E não, não quero beijar-te. Quero olhar para ti e ver o sorriso que via, e poder dizer que és a minha melhor amiga e ouvir a nossa música e não ficar atristonhado.

Porque sei que, no fim de contas, o que tu fizeste, não poderia ser só porque sim. As minhas mãos tremem, é certo, mas o meu cérebro apenas me faz escrever mais e mais.

E a culpa, no sentido que lhe quiseres dar, é tua. É tua porque não sais daqui. E eu... e eu não quero que saias. Quero que voltes a ser a minha melhor amiga, a pessoa que eu coroeei, a pessoa que me chama louco, a pessoa que uma manhã me acordou com uma das melhores mensagens que já recebi...

Eu sei que aquela pessoa eras tu, por muito que a nossa história fosse pequena. Porque numa amizade, o tempo não importa, mas sim, os sorrisos e aliado a isso, as expressões faciais que tanto gostas.

E sim, eu gosto de ti, mas gosto como sempre gostei e sempre não te escondi. E sim, espero que sejas feliz. Eu estarei a olhar por ti, porque fui a estrelinha que te caiu em dezembro. E sim, és tu, és tu que me faz sair da minha zona de conforto e figuradamente ter a vertigem...

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Tenho saudades tuas!

Sinto saudades tuas, mesmo. Com um aperto no peito e um nó na garganta escrevo isto, porque tenho saudades tuas.

Saudades de te dizer bom dia, com vontade de escrever mensagens brutalíssimas cheias de frases que nos fazem pensar; Saudades de ouvir que te faço sorrir, saudades de ler as tuas mensagens cheias de emoção.

Tenho saudades tuas, porque sinto uma amizade especial por ti.

Lembro-me da vontade que tinha em correr para junto de ti e do abraço que dávamos.... Demos tantos, mas tantos que o teu odor já fazia parte do meu dia.

Tal como já fazia parte do meu dia o teu sorriso, o teu à vontade, o sentir das tuas mãos no meu braço ou nas minhas costas. Tudo isto, porque apenas tu, nesta vida comigo, teve coragem, sem medos e receios de fazer tal coisa.

E eu, permiti. Permiti e nunca mostrei objeção.

Contigo fiquei à chuva no jardim. E não queria sair de lá. Queria perpetuar aquele momento como o perpetuamos.

Contigo fiz coisas que nunca pensei fazer. Agora, sinto a tua falta. Parece que o nó da garganta não sai e o aperto no peito não se desmoi. Se calhar porque tenho receio de que tu voltes ao teu anterior passado...

Queria abraçar-te, como te abraçava. Falar contigo, como falava. Dizer que gosto de ti e que te adoro, porque é a realidade.

Gostava que um dia soubesses o esforço que eu fazia (ou faço) para poder ir ter contigo. Mas sei que não o posso dizer diretamente. Talvez um dia... Talvez no Atlântico, ou no céu.

O que sei agora é que tenho saudades tuas e que gosto muito de ti! Um dia espero que percebas a emoção com que escrevo este texto e que entendas que as minhas palavras naquela manhã de domingo não eram sentidas. Não só, mas somente as disse, porque te respeito...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Porque te respeito...

E fui... Fui a correr com o telemóvel para a casa de banho, porque já imaginava o que viria daí...
Os meus intestinos deram voltas e voltas, mas sempre te respondi, de corpo e alma, ao que escrevias, ao que perguntavas, à tua felicidade...

Porque te respeito... Porque te respeito não te disse até agora o que realmente sinto por ti... sinceramente, o que é que sinto? Algo que não consigo dizer numa só palavra... Não sei...

Dizem que é o que se sente quando os grandes amigos passam a sentir algo mais forte do que amizade... Mas não sei. Nunca senti isto...

Podia ter escolhido palavras ou simplesmente beijar-te... ao invés, coroei-te, ofereci-te uma pulseira, não permiti que pagasses almoços, deixei que te sentasses no meu colo, que nele adormecesses, que inclusivamente, aquecesses as mãos nas minhas costas e lá fizesses festinhas... foi tão bom!

Não esqueço o que senti no momento em que te dei um beijinho no canto da boca... senti, em parte, o molhado dos teus lábios, e em parte, do seco da tua face... Nesse dia, na viagem até casa, permaneceste na minha cabeça. Como quase todos os outros dias...

Porque te respeito, sei que, se calhar, nunca seremos mais do que melhores amigos. Porque o teu sorriso que me contagia é tão importante para mim que prefiro vê-lo a não o ver... simplesmente porque é teu. Por muito que digas, como já disseste, que gostas de mim, porque te respeito, ainda nada disse!

Sinto hoje o peso das nossas conversas, sabendo que sou uma pessoa com quem tu contas, a quem tu contas, com quem partilhas, com quem falas, com quem sorris... E eu, acalmo-me... porque disparates não fiz, porque continuo a ver, ou  imaginar, o teu sorriso, a tua face, o teu cabelo sedoso.

E sei, sei que algo tens para me dizer... eu já sabia que tal ia acontecer... mas, ouvir-te-ei, como sempre te ouvi, por muito que tal me custe, por muito que isso implique que eu me afaste, por muito que eu, cá dentro, em mim e por nós, tenha de te ver com outros olhos, sem óculos amorosos, com a realidade amiga.

Tenho saudades tuas! Digo-o, porque sinto a falta do teu cheiro, da tua voz, do teu sorriso, por muito mais que tente recordá-los... Os teus abraços são mágicos para mim... É como quando estou contigo, não tivesse e-mails, telemóvel, nada! Somente eu e tu, tu e eu... Numa cidade que tão bem conheces...

Quase me vêm lágrimas aos olhos ao escrever isto. Não só, mas somente porque tenho medo. Porque adoro ficar a falar contigo até tarde como nunca fiquei com ninguém. Porque o meu medo é ainda não estar bem e recuperado e voltar a ficar down, como fiquei no Secundário.

Sei que te disse que ligava, mas não sei se deixo que me contes primeiro o que me queres contar ou que fale eu de como correu o meu dia.. Não só, mas somente, porque não quero que nada mude aquilo que me queres contar, porque... porque te respeito!

Adoro-te! E tu, sabes disso...

segunda-feira, 30 de março de 2015

Hoje



Hoje… era apenas mais e mais só um dia.
O primeiro dia útil do novo horário legal de verão, o dia em que muita gente começa a interrupção da páscoa, o dia… era só mais um dia…
O despertador tocou… tocou… tocou e eu desliguei-o. E, ele voltou a tocar… tocou… tocou… tocou e eu desliguei-o. Uma hora e meia depois saí da cama. Fiz a habitual verificação de mensagens e e-mails e despachei-me como se fosse só mais um dia…
Perdi o barco por dois minutos, atrasei-me para os meus compromissos, mas ergui a cabeça. Ergui-a porque sabia que o dia ia ser longo. Cheguei, pedi a chave do meu novo gabinete, corri para o elevador e fugi… fugi para onde estava uma professora minha e onde eu não ficaria sozinho.
Trocarmos as habituais palavras e conversas e regressei… regressei a casa, numa correria para poder almoçar com a minha família, ou parte dela. Encontrei uma colega de longa data nos “aviões marítimos” e o tempo assim mais facilmente se passou.
A minha cabeça estava… deveras ocupada.
Até que depois de almoço apanhei o autocarro que tanta vez já apanhei e sucumbi a mais uma atividade que me preenche o cérebro: a formação ao pessoal não docente. Foi um desafio aceitar esta formação… É a primeira, no meio dos dias do descanso que não é descanso, da aventura que o é e não é.
Mas hoje, não poderia ser só mais um dia… Porque tinha 5 minutos para elaborar um teste para os meus formandos fazerem. E foi precisamente durante a realização do teste por eles que eu parei, que eu caí em mim que eu percebi que não era realmente feliz. Que estava apenas e só feliz profissionalmente. E o resto? E os sentimentos? No fundo, a justificação que encontro é… o trabalho dá-te felicidade. Não te preocupes com o resto. E assim… E assim, deixei de ter aquelas ideias e voltei… Voltei a ser o formador sério e sorridente daqueles funcionário que tanta gente socorrem, nem que seja com um bom dia a cada dia que passa…
Quando sai e deixei de ter obrigações até amanhã às 8h59, capum! Voltei a cair… voltei a ficar cá em baixo, como me senti tanta vez naquele malvado Ensino Secundário. No fundo, porquê não sei, mas somente sei dizer que poderá ser devido ao meu intelecto. Ao intelecto que está feito para pensar no trabalho e secundarizar o resto… mas isso… mas isso levantaria muitas outras questões. Não só, mas somente porque ninguém conseguiu provar que o desenvolvimento do cérebro, ou melhor, que os sobredotados têm um cérebro que mostra uma menor ligação afetiva pelas pessoas e um menor controlo das suas emoções, dado que se focam, principalmente, no seu trabalho.
E capum! Quando não nos focam… beu beu beu… ficamos no nosso canto, no nosso ninho, na casa que é nossa a pensar… E agora? Quem nós somos? Quem somos nós?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A nota da nota notinha

A palavra nota tem, desde pequenos um grande significado na vida de qualquer um.

Pensando que aos seis anos somos como que colocados numa sala com um docente que não conhecemos de nenhum lado e que nos remete todos os meses para provas de avaliação que têm uma nota no final, começamos, todos nós a carregar um peso.

Sim, e isso da nota acompanha-nos até, certamente, ao nosso trabalho ou emprego, quando surgem as notas, recados ou ordens para cumprirmos e no final do mês ganhamos outras notas.

No entanto, o real objetivo de tudo isto é a última nota... A nota onde nós habitualmente falhamos, não ligamos ou pior, ignoramos!

Se pensarmos que a nota é algo que nos avalia, nós próprios podemos avaliar e atribuir uma nota a nós próprios.

nota que muda todos os dias e todas as horas porque já não estamos com o mesmo estado espírito. A nota que vai de um extremo ao outro da linha da contentia, permitindo crescer.

Se calhar com a nota do fim do mês, somada à nota escolar e à nota do emprego não somos felizes enão conseguimos construir a nota pessoal que deveria ser o que trespassamos para o mundo... Mas, tentando... Tentando sem medo, sem pudor, sem reações alérgicas ou prurido...

Achamos sempre que a nossa nota é a melhor do mundo... Mas, sem a nota de quem está connosco não é nada, fica, repentinamente um notinha micro, miresavelmente nano.

E aí, consegue-se viver livremente? Não!

domingo, 7 de dezembro de 2014

À noite...

À noite nos transportes tudo é diferente… Vemos o metro mais vazio, o que nos permite contrastar as cores das carruagens. Vemos as pessoas mais apagadas, o que nos permite pensar que o dia foi estafante. Vemos a lua pela janela dos autocarros e imaginamos…
Imaginamos a vida bela, as utopias, o futuro. Aquelas condições de êxito que não nos não dão êxito porque não o são, mas que nos transportam para outro mundo. O mundo onde toda a gente é feliz, contente e onde existe justiça. À noite, a nossa imaginação vibra com os momentos de silêncio…
À noite o silêncio transforma-se em música, permitindo que grafemos, que desabafemos que nos libertemos. À noite a música, ela própria, leva-nos para outro patamar. Eleva-nos para o telos humano, o telos cristão, o telos da vida.
O patamar… O patamar das óperas onde a espinha nos arrepia por tão bela melodia soar; o patamar dos concertos onde a nossa mão fica no ar perentoriamente… tudo isto à noite faz parte do patamar da vida.
E a vida? À Noite, pode ser vivida sozinha?
À noite a solidão custa, as borboletas na barriga moem e o choro regressa. À noite não há uma grande forma de consolo. À noite, numa primeira fase somos nós e nós e numa segunda somos nós e eles. Quando deixamos de ser crianças o nós e nós passa a nós e eles, porque, eminentemente, perentoriamente perdemos a ignorância, ganhando mais e mais saber.
O nós e eles, à noite, em qualquer lugar, é tão diferente do nós e nós, o que nos permite crescer, inovar, ir à ópera ou a concertos e elevarmo-nos a outro patamar.
Mas… Mas eu não gosto da noite. A noite é escura e à noite não há movimento, stress, sol, luz!
À noite que posso eu fazer? Caminhar para casa, ouvindo o arrasto dos pés de cada vez mais pessoas que estão cansadas e adormecem nos transportes? Fechar os olhos e utopiar, sonorizar o impossível? Grafar? Eu sou um animal da manhã, assim cresci, assim me fiz. Porém, admito que tenho medo… parece que nada vive sem a noite e penso que perderei tudo se nada fizer. Porquê?

É neste pensamento do porquê que me vêm lágrimas aos olhos, porque mais uma vez, por mais condições de êxito que eu tenha, não o alcanço porque não o tenho (o êxito). Quero gritar e pensar no que posso fazer, na companhia do nós somente. Não no nós e nós da infância e do nós e eles do resto da vida. No nós, no nós complexo e retorcido como à noite se veem nos nós dos barcos atracados nos pontões, à espera que, na manhã seguinte o motor volte a ser ligado e que eles naveguem até ao quase infinito!

domingo, 4 de agosto de 2013

E agora?

Quantas vezes disse que este Blog estaria numa nova fase.... Imensas.

Mas acho que agora preciso de voltar à escrita, à emoção, ao sentir as palavras como sentia. Digo isto agora...Daqui a umas horas, dias ou semanas poderá ser completamente diferente. Sempre disse que os blogs servem como um diário em que todos nós anotamos palavras frases e muito mais e no fundo são os nossos companheiros.

Agora, neste preciso momento, sinto-me vazio, vazio... Um vazio enorme dentro de mim, como que tivesse voltado aos meus anos de adolescência. Todos nós crescemos, mas a vida faz-nos sempre pensar no passado.

O passado que nos atormenta, que nós tentamos escapar, evitar e eliminar. O passado que nos pressegue e nos obriga a cair num poço...Num poço escuro e fundo. De lá só saímos com ajuda, com uma corda para subir e um grito "Está aí alguém?". Aí nós tentamo-nos reerguer e, por vezes, conseguimos.

Pensamos, porém, que nós é que somos o problema. E sim, é isso que estou a pensar agora. Que sou eu que estrago tudo, porque, como já publiquei aqui há uns largos meses: Quando as pessoas me conhecem ou engraçam comigo ou me detestam. Depois, quanto mais me vão conhecendo, mais me vão detestando e afastando. No entanto, quem se ligou a mim fica com os caminhos abertos para a vida porque as memórias ficam retidas dentro de si.

No fundo eu é que tenho uma personalidade de gancho e um modo de vida diferente. No fundo, eu é que acabo por me vir embora mais cedo, porque preciso de chegar à outra margem e continuar a realizar tarefas.

Dir-me-ão... Lá estás tu, sempre negativista, sempre melodramátrico, sempre tu... Sim, sempre eu! Sempre eu, porque as palavras não se gastam com a escrita, embelecem-se. E ao embelecerem-se refletem o estado espírito de quem as escreveu. Pessoas tristes, deixarão marcas de tristeza. Pessoas contentes, deixarão marcas de contentia... No fundo, o desabafo e a partilha é o que nos faz sentir melhor, sentir algo que podemos agarrar e que nos faz voar - na pesquisa de palavras para a nossa amadora escrita.


Sem dúvida que sou eu - euzinho neste Portugalzinho do costumezinho bonitinho que devemos repelir a todo o custo, abananado, sem rumo, a pensar no fazer e no que falar; sem sorriso e sem vontade de sorrir; sem fome e sem vontade de comer; com uma praia bela à frente e sem vontade de a pisar.

E agora? 

Agora tenho de começar a pensar, pensar porque as horas passam e o terror e as borboletas na barriga chegam. Chegam porque eu quero reerguer-me, mas não sei se encontro o grito e a corda.... Sem elas ficarei aqui, neste pedaço de Terra, litologia antiga, centrária, no meio desta terra com dono, mas sem monotonia durante o dia - Apenas oiço o barulho... o Barulho dos outros... Porque eu, mal me posso mexer com medo dos minutos, do tempo, de não existir grito e corda.... 

Com medo do que aí virá...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vale ou não?

Até pode parecer que não, mas a ideia que tinha quando iniciei este blog era simplesmente partilhar ideias e pensamentos que me vinham à cabeça....

Anos passaram e cada vez mais fico triste quando revejo o que escrevi e pelo que passei. Sim, porque muito do que está escrito não é bem assim: É mais como o ditado - "Deus escreve direito por linhas tortas".

E há tantas novidades para aqui dizer.... ou melhor explanar! Mas será que vale a pena?

domingo, 18 de novembro de 2012

Universidade.... Take #2, Ação!

As férias de verão passaram e comecei de novo a minha labuta... Casa-Lisboa-Casa. Apanhava sempre barcos diferentes, autocarros diferentes e os cinco dias da semana nunca eram iguais. Havia sempre algo para fazer de diferente, ou mais um papel, ou mais uma hora de condução, ou mais um sorriso e um beijo.
Como de costume, ouvia sempre que precisava de descansar e bla bla bla, mas pouco ligava e, mais uma vez, as minhas famosas olheiras escuras, fundas e negras voltaram a aparecer - como eu já esperava, mas sentia-me bem.

Após ser aprovado no exame de condução, numa sexta-feira, não podia ficar mais radioso: fui para o Zoo comer e pensar no futuro, nas perspetivas de como é que eu poderia vir a ser um bom condutor, cumprindo a maioria das regras que me foram ensinadas nas aulas: cá fora é tudo diferente; já não temos o instrutor que no último instante pode colocar o pé no travão e impedir um choque ou uma infração - somos nós apenas por nós próprios.

Expectável era o início do novo ano da faculdade e isso iria incluir novos colegas, novas chatices e novos desafios. Eu sempre gostei disto: desafios. A vida para mim sem desafios não é, de forma nenhuma prática. Preciso de me sentir bem, desafiado constantemente (mas não num estado extremo) para que possa reagir e possa pensar e fazer sempre mais e melhor - não, eu não sei parar.... até um dia em que não poderei respirar.

Particularmente passaram as habituais praxes e chega a solene noite de batismo. Sabia de ante-mão que seria padrinho de dois novos alunos - mas não sabia como deveria reagir perante eles: de forma igual, de forma austera e radical, ou numa de "tasse bem meu". Tentei ser eu próprio para ambos, dando indicações para que eles pudessem brilhar de forma mais cintilante e forte do que eu. Fiquei assim de consciência tranquila. Os miúdos eram inteligentes, tinham as indicações, os materiais e eu agora podia mostrar realmente que eu estava do lado deles: que era aluno também!

Aqui há a ter em conta que me liguei muito mais à minha afilhada do que ao meu afilhado. E é precisamente sobre ela (a quem dedico esta pequena grafia em Língua Portueguesa) que vos falo aqui...

Quando a vi pela primeira vez, já como pseudo-afilhada, ela era pequenina, de olhos brilhantes na  noite escura de Lisboa. Pareceu-me ansiosa por entregar a carta que me tinha escrito horas antes.... E eu, sem ela perceber, estava radioso porque alguém que eu mal conhecia tinha-me dado um voto de confiança.

Depois de ela ter levado com água bem colorida por cima da cabeça e partes da coluna vertebral, despedi-me e disse-lhe: "sempre que precisares, vem falar comigo!".

O tempo ia passando e as fases de acesso ao Ensino Superior  mostravam que a minha afilhada não deixava de se candidatar para outro curso da nossa Universidade. Na última, a terceira, fazendo valer o velho ditado "Há terceira é de vez", a pequena senhora conseguiu entrar no tal curso que ela tanto ambicionava. Nessa altura, já ela levava a lição bem estudada e ouvida várias vezes da minha parte: "Meus meninos, eu sou o vosso responsável. Qualquer chatice que fizerem sou eu que vou responder por vocês! Mas, por outro lado, sempre que precisarem de qualquer coisa, e mesmo qualquer coisa, ir às compras, comprar preservativos, pílulas, lingerie, ou apenas companhia podem ligar, mandar mensagem ou mail 24 sobre 24 horas, 7 dias por semana, 365(6) dias por ano!".

Semana após semana apercebi-me que a minha própria afilhada trazia um grande desafio para mim: uma amizade tão bela e cuidada, uma confiança tão grande e aberta, um valor inexplicável: eu senti-me padrinho, amigo e colega! Tudo ao mesmo tempo.... 

Se eu não gostasse dela já o caso era outro, mas como eu não digo não a nenhum desafio, não deito fora nenhuma amizade sem motivos válidos e ainda não tinha descobrido a razão pela qual ela tinha entrado na minha vida, fui-me tentando aproximar aos poucos - fazendo sentir em mim o que já havia sentido antes, uns anos atrás quando entrei numa escola nova em que pouca gente conhecia.

Fui-me apercebendo que eu e ela tínhamos imenso em comum... E pensei, isto vai correr mal (em tom de gozo)... Mas não correu, nem corre. As amizades devem ser estanques e o facto que impera numa é a confiança, a racionalidade e sentimentalidade doseadas e aqui havia isso!

Até hoje, semanas passadas, por muito que eu queria por um dia que seja dizer: "Não, não vou chatear a minha afilhada amiga"... Dou por mim mais tarde a mandar-lhe mensagem ou a meter conversa com ela nas redes sociais! Que chato que eu sou.... Enfim.... Mistérios da vida a razão pela qual sentimos esta necessidade de contacto... Se calhar por proteção das relações não sei....

Mas uma coisa eu tenho certa... se não fosse ela, as minhas últimas semanas não tinham sido bem dispostas, porque uma pequena, madura e robusta senhora fez-me pensar e voltar a abrir as portas para o que é a amizade e a valentia das relações interpessoais, simplesmente.... sentir e depois pensar! E sim.... os padrinhos devem dar beijinhos na testa aos afilhados - se não, quem cuidava deles?!

sábado, 15 de setembro de 2012

O tempo e os relógios...

No meio das minhas forças e dos meus alívios, tirei o meu relógio azul com zonas verdes do meu pulso esquerdo. E fiquei a olhar para ele, um, dois, três minutos. O ponteiro verdinho, o maior deles todos, ia passando e ia fazendo o seu barulho habitual, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac... E eu pensei..... Sim, o som do tempo é entristecedor e irritante.

De repente coloco o meu amigo relógio no chão e olho ao meu redor.... um outro relógio marcava exatamente a mesma hora e os mesmos minutos do que o meu relógio de pulso. Este outro, um relógio azul, com algum cinzento à volta chamou-me particularmente à atenção... O seu ponteiro dos segundos era vermelho e nunca o vi andar para trás. E o meu olhar começou-se a desviar para a direita, onde encontrei o meu pincel da barba, o meu perfume, o meu vaso de flores e o meu sabonete líquido e eles fizeram-me lembrar das horas de hoje de manhã, do momento em que o pincel da barba estava sujo de espuma, o meu frasco de perfume estava intacto, o meu vaso de flores não estava em casa e ainda o meu sabonete líquido estava completo. Enfim, a lembrar-me do passado, mas em tempos diferentes....

E se os relógios andassem para trás? Em vez de contarem o tempo da esquerda para a direita, se o fizessem da direita para a esquerda.... Faz-me isto lembrar de uma parte do filme de "O Estranho Caso de Benjamin Button", o ser humano que nasceu idoso e morreu bebé... Onde alguém conceituado tinha construído um relógio que contava o tempo para a esquerda e não para a direita, dando a ilusão de que o tempo poderia vir a voltar para trás... Enfim, mas será que o tempo poderia voltar para trás? Como seria se nós nos víssemos a fazer algo que já tínhamos feito? 

Ali, naquele espaço, onde a luz artificial irradiava toda a divisão, levei a minha mente ao passado. Baixei a cabeça, fechei os meus olhos e comecei a regredir... Comecei a olhar para o meu passado, para as minhas memórias, para as minhas recordações... E aí, de olhos fechados e com a respiração mais pesada, senti-me integrado noutro mundo, noutro lugar, todo ele diferente do que é atualmente a minha cidade, o meu planeta, a minha vida. Não vi nenhum castelo.... Vi um rio. Um mar, uma praia. Vi o horizonte, vi o limiar do poder humano. Senti que estava a descarregar as minhas energias. Respirei fundo e abri os olhos, até que senti algo que me fez balancear o corpo, para a frente e para trás, para trás e para frente, cada vez com mais velocidade, fazendo com que pensasse que o tempo tinha voltado para trás, numa tentativa de me poder redimir de ações e de poder prevenir outras. E a minha respiração continuava ofegante. Não conseguia ver o tempo a passar, já não tinha visão para isso. Estava já repleto mais uma vez de memórias, de sentimentos antigos que se perpetuaram até à realidade e um último muito importante... quando parei lembrei-me que eu adorava datas e não me esquecia de nenhuma. Agora já não sou assim. A minha existência humana fez com que eu mudasse, me transformasse, me habituasse a viver num novo ambiente, numa nova fase da minha vida.

Com todo o passado a encher a minha cabeça, fechei mais uma vez os olhos e recordo gritos, recordo dor, recordo que não há silêncio. Recordo tristeza, recordo sangue, recordo facas, recordo canivetes, recordo o sentimento da morte. Recordo o meu choro. Recordo a minha sensação de perda. Recordo com o meu medo. O meu medo. O meu medo. O meu medo. 

Recordo o meu medo particularmente porque ele fez com que eu mudasse de rumo. Fez com que eu vivesse muito mais preocupado agora do que no passado, ensinou-me que não podia ser assim como eu vivia que poderia crescer e tornar-me Homem, sim homem com H grande, com ferros na base! Enrosco-me sobre mim próprio e penso.... para que serve o passado se nos faz sentir mal? Para que serve estarmos tristes, se apenas isso nos vai fazer estar mais tristes quando nos lembramos que já estivemos tristes. E de repente sinto uma chapada de alguém na cara.... Uma, duas, três vezes.... Uma, duas, três vezes... E fico no chão, de repente inconsciente. Ao acordar, horas depois não me recordo de nada, nem do tempo, porque deixei de agarrar-me a ele para viver, deixei de ter necessidade de o fazer, porque quero viver o meu dia a dia como posso. Quero fazer tudo! Quero poder crescer mais e mais e mais hoje. Para mim o dia não tem vinte e quatro horas. O dia tem a duração da minha vida, dos meus afazeres, dos meus beijos, dos meus abraços, dos meus sentimentos..... Dos meus sorrisos, dos meus desejos, das minhas pretensões, ou seja, de mim... fazendo tudo girar à minha volta. E então pergunto, para quê relógios? Para quê o tempo? Para quê a vida?

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O tempo que passa...

Há uns anos, que belas memórias me trazem esses tempos, tentava eu publicar aqui, neste espaço que muitos chamam de blogosesfera, todos os dias um texto. Por vezes uns maiores, outros mais pequenos, uns com mais emoção, outros mais sérios.... E ainda não tínhamos a moda do Facebook.

Enfim.... desde essa altura, tinha eu a tenra idade dos 15 anos, muito mudou... Surgiu a nova rede social tão traduzida como "Livro das Caras", os Tumblr e ainda o Google+. O que é certo é que uns foram mais frutíferos que outros. Passado uns anos, curtinhos, rapidinhos, mas passados, com mais escola em cima e não apenas a académica atenção.... Cheguei ao ponto de estar metido numa grande embrulhada.... Já estar num curso do Ensino Superior e dia após dia, mês após mês, ouvir, constantemente algo deste género: "Médico por acidente, transportes por vocação". Antes de mais é importante esclarecer que não estou no curso de Medicina.... Mas sim numa Licenciatura de Saúde, importante como base para qualquer experiência futura nesta área. E aqui, não posso deixar de nenhuma forma de salientar o meu enorme gosto e dedicação aos transportes..... Plano daqui, carreira dacolá, preço dacoloutro.... E o facto é que tenho tentado tentear (e vão lá três t's) este nivelamento que é complicado e por vezes descamba.

Ora.... Se desde 2009 tenho a influência de Saturno na minha vida, penso que a partir do próximo mês de outubro vou ficar estonteantemente passado, porque ao que parece vou ter ainda de trabalhar mais para alcançar os meus objetivos. Desde esse ano fui.... Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação de Estudantes da minha secundária dois anos e no 12.º ano candidatei-me a Presidente da Direção, representei os alunos do Secundário no Conselho Geral do meu Agrupamento e fui dois anos delegado de turma.... Pensei eu que quando chegava à Faculdade, ou melhor, ao Ensino Superior, tudo iria mudar.... Eu não passaria apenas de um número como a maioria dos alunos são, mas felizmente não sucedeu tal coisa.

Pergunto-me agora que já passei pelo meu primeiro ano da faculdade, se tal coisa é boa.... Sinceramente não sei. O meu espírito autocrítico e além do mais..... de vontade de fazer mudar o Mundo, muitas das vezes sozinho, não se avizinhou (mais uma vez) muito brilhante. Já uma doutorada dizia.... "Quem nada faz é brilhante e quem mexe e remexe leva com elas em cima".... É tal expressão é um facto. Cada dia que passa vejo-me cada vez mais limitado na minha ação, nos meus direitos, nos meus deveres. Eu já não consigo ser um simples cidadão da República Portuguesa! Eu preciso de fazer mais isto e mais aquilo para me poder sentir bem. Eu preciso de ter responsabilidades, eu preciso de fazer sentir aos outros que há alguém em que podem confiar, eu preciso de ser.... como uma atriz conceituada norte-americana disse num episódio brilhante de "Anatomia de Grey".... eu estou habituado a ser o número 1, não o número 2. E de facto, é isso que se passa comigo. Eu precisei sempre de ser o número 1 para pensar nisto e naquilo, sempre precisei de ter os gostos mais diferentes do habitual e do normal para poder extravasar as minhas energias e a minha vontade de viver. Eu passei por um Ensino Secundário complicado.... Toda a gente via isso... E eu digo.... Passar pelo que eu passei (e acredito que haja pior), não desejo a ninguém. Não prometo a ninguém. Não, mesmo a ninguém faço as coisas que me fizeram. Mas eu tive certa parte da culpa! Sim.... porque eu deixei e assumo isso. E como tal, lutei para ultrapassar tal situação e após isso, voltei-me para o céu e colhi a Lua, colhi as estrelas, consegui viver.

Cada dia que passa vejo uma faca a entranhar-se cada vez mais na minha dorsal, cada vez mais ao fundo, cada vez mais sangue a sair. Numa vida democrática, porque é que não há uma cena mais correta? É claro, pim pim pum pum, pão pão queijo queijo, preto no branco, como inúmeros ditados portugueses assinalam. Mas porque as pessoas não veem que não é assim, não pode ser assim, não deve ser assim? Não leem as Leis? Não sabem interpretar Regulamentos? Não leem as cartas que são enviadas? Não conhecem a Constituição da República Portuguesa? São domínios tão básicos que eu aprendi tão novo.... E não estou em Direito.... Eu estudo SAÚDE!

E mais uma vez tenho uma poça de sangue no chão, como que a minha alma estivesse a levitar sobre mim, como que tivesse voltado a ter o Tico e o Teco, um de cada lado, mais uma vez como antigamente. Eu esforço-me tanto, tenho isto e aquilo e acoloutro no meu CV para quê? Para as pessoas não perceberem como são as coisas? Para não valorizarem a minha maneira de ser e de fazer as coisas! De forma simples.... Eu quando falo, tento sempre que posso basear-me nas regras..... E quem não segue as regras nestes casos, como consegue perceber que algo não é assim, porque não estamos assados, mas sim cozidos!?

São olhos claros! Olhos claros. É só ler. Ler e interpretar. Folhear livros ou passar a mão no rato e ler. Como é possível? 

Sinto-me cada vez mais só, sem vontade de projetos. Porque cada vez que eu tenho energia e novas ideias, parece que sangro muito mais. Parece que deixo de saber o que fazer. Parece que me vejo de volta ao meu Secundário, ao meu castelo, a ter necessidade de construir tijolo para não deixar ninguém entrar. Como uma música diz, traduzindo-a... "Eu sou de titânio".... Mas quem me dera poder ser apenas de carne e osso, sem proteções, sem necessidade de ser como sou para enfrentar a nua e a crua realidade. Por favor, abram os olhos e vejam o que está certo. Por favor, lembrem-se do que eu digo.... Pode ser que algum dia me deem razão. Um abraço!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O dedicado instrutor de condução

Parecendo que não, a maioria da população portuguesa tem como objetivo aos 18 ano tirar a carta de condução. Algo que é dito sempre de forma incompleta, porque, ou por não saberem, ou por se quererem despachar, não fonetizam que pretendem obter um título de condução válido para veículos ligeiros, podendo estes ter reboque até ser atingida determinadas condições e além do mais poderem vir a utilizar motociclos específicos.... Ora mais uma vez isto se resume a se dizer que se pretende ter um título de condução para a categoria B.

Muitos antes de terem completado os 18 vão, ou por obrigação, ou por vontade própria inscrever-se numa Escola de Condução para ter então o tal título de condução desejado. Enquanto uns tentam fazê-lo aos 18, outros tentam mais tarde, ou por terem adversidades na vida, ou então, por simplesmente não terem interesse por tal.

Lembro-me particularmente da minha inscrição na minha escola de condução (é um facto.... acaba-se sempre por dizer a minha escola de condução, o meu instrutor.... e veja-se bem.... o meu carro: para muitos, o primeiro!)... Era inverno, mas desta vez, naquele dia estava Sol; já se avistava o Natal e com ele os atrasos inerentes à época natalícia, as pessoas ficam mais preguiçosas porque os dias são pequeníssimos e além disso, dois feriados em dezembro tiram dois dias úteis de trabalho!

O facto é que o presságio da época natalícia confirmou-se, porque tive mais do tempo normal à espera da minha licença de condução. Quando ma entregaram, um papel azul dobrado em três, com sulcos e picotados, com um símbolo que refletia à luz eu estava mais do que maravilhado. E o meu objetivo era não a dobrar, vincar ou simplesmente estragá-la. (Algo difícil pelo que vejo atualmente, mas enfim....).

Quando a recebi, fui rapidamente assinar as aulas que podia e percebi ao longo das lições de código que este não era tal e qual como eu pensava: ou a linha contínua proibia (mas não proíbe) a ultrapassagem ou existiam faixas (mas afinal são vias) ou ainda mais parva... os veículos de dois lugares, os vulgos comerciais, não são veículos ligeiros de passageiros! Mas sim veículos ligeiros de mercadorias... Enfim, foram aulas divertidas que me fizeram lembrar o tempo da minha Educação Primária, o meu 2.º Ciclo, ou então melhor... Os meus professores com mais idade que apenas perguntavam o que estava nas imagens do livro.

Da teoria para a prática, passei por seis aulas de simulador e cheguei à nua e à crua realidade! As aulas práticas para poder ir a exame de código... Como sempre faço antes das aulas práticas, fico na paragem do autocarro, vendo-os passar, percebendo a mecânica da complexa rede de transportes de Lisboa. Eis senão quando chega ao minuto certo da hora da minha aula e dirijo-me aos instrutores, cumprimento-os e sigo com o Caro João para o "nosso" veículo ligeiro. 

Das aulas antes do exame de código pouco me recordo, apenas de, na segunda aula, perceber que estava muito à direita e não estar minimamente em condições de circular na estrada, no preciso momento em que são colocados os quatro piscas e me é dito: "Vamos lá ver, porque assim não podemos estar na estrada!".

Feito o meu exame de código, sigo de forma rápida para as restantes de condução..... Com umas trocas pelo meio, os sessenta minutos dedicados ao carro e a mim passaram-se dentro da normalidade, com a exceção de buracos, ter passado um sinal vermelho e ter percebido a partir de determinada altura que não teria muitas instruções, uma vez que já estava preparado para fazer algo sem indicações prévias. Aqui tenho de confessar que nunca gostei de estacionar o veículo... Sempre me deu aquele friozinho no estômago e a ideia de "Eu não sou capaz!".

Após as 32 aulas legalmente obrigatórias marco o meu exame de condução..... aquele bicho papão para muitos candidatos a condutores. Dada a longa distância entre a data da minha última aula e o exame que estava marcado acabei por ter mais cinco aulas para tentar aperfeiçoar os meus conhecimentos. O que é certo é que nestas últimas aulas (entre junho e julho), estava a decorrer a época de exames da faculdade e eu estava completamente desanimado, sem forças para estudar... Aqui é que mais uma vez o papel do meu instrutor de condução foi importante: muitos pensam que não, mas os instrutores, quando têm uma boa relação com os instruendos, acabam por fazer de forma imponente parte da vida destes últimos... Foram as conversas que me fizeram reavivar o espírito académico e ter vontade de estudo! E com a ajuda do meu instrutor consegui ter bons resultados!

Já indo longe os exames chegou a data da verdade: O dia do exame de condução.... altura em que respondi torto a este e quando me apercebi fiquei estapafúrdio! Do tal momento da verdade as recordações ainda cá estão e lembro bem delas nas noites que não consigo dormir com insónias. Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ouviu-se no carro e na minha cabeça pensou-se....... "Oh não.... isto não!".

O que é certo é que há de passar em frente e pensar no futuro. Em jeito de conclusão, devo de forma imponente um valente Agradecimento ao meu Instrutor, o Excelentíssimo João! Mas também devo-lhe um pedido de desculpas, por não ter correspondido às expetativas de forma clara..... Ora bem, e o futuro? Como será? Esperemos que seja bom! UM OBRIGADO!