O louvor da boa disposição que os integrava, era mesmo elevado. Foi elevado de forma a conseguir arrastar sofás, mesas, conseguiram um ápside, mudar toda a sala, a primeira alteração de lugar que tinham feito, após a morte dos pais de Adriana. O sorriso dela, poderia não ter a mesma firmeza, podia não ter o mesmo realce do que tinha há 3 anos, quando se conhecram ou mesmo quando puseram de parte todos os rancores, e não se falaram. No entanto, Daniel conseguia decifrar que aquele sorriso, era a chave de uma satisfação interior elevada, como a que ela tinha há muito tempo.
Após a (des)arrumação da sala de jantar, cada um foi-se deitar no seu quarto, conseguiram assim estabilizar toda a vida que tiveram e que ainda tinham. A irmandade que tanto havia passado por maus, como por bons momentos foi consagrada válida e verdadeira, mesmo que essa pudesse demonstrar altos e baixos.
Porém, Daniel continuava no seu espelho relfector, quando estava deitado, com dúvidas, que não tinha coragem de colocar a Adriana. Não as disse, guardou-as para dentro, deixando a cabeça a pensar mais e mais naquele assunto.
A noite passa-se, como sempre, ou melhor, na maioria das vezes, temos Daniel a tomar o pequeno-almoço, e a preparar o de Adriana. Ele não se esqueceu nunca do que haveria de preparar: um bom leite com cehocolate tépido, e uma torrada barrada com doce de marmelo ou com manteiga, daquela que ela gostava imenso. Nesse dia, ele, Daniel, decidiu preparar algo diferente, pôs-lhe, à frente, um copo de leite natural, sem chocolate, e uma torrada cortada ao meio com queijo no seu interior. Achou que Adriana iria detestar, no entanto, quando a vê a "devorar" a comida preparada, recorda-se e compara-a, com uma andorinha, quando chega a Primavera, época em que estas constroem os seus ninhos.
Daniel, com a sua rapidez habitual, vai para o barco, deixando Adriana sozinha em casa; Daniel pensa alto que a faculdade de Adriana está em greve.
Passa-se o dia, e Daniel no regresso apanha o autocarro 7, para recordar as vezes que ele fazia este trajecto, foi até ao Lavradio. Lembrou-se de tudo, completamente. Era de esperar, foi lá, que passou a maior parte da sua vida. Com tristeza, apanha o 14, e sai na paragem em frente a casa. Durante essa viagem, decidiu algo. Esse algo poderá ser triste, no entanto é firme. O facto de ele apanhar a mesma carreira que apanhava/apanhou 15 anos seguidos, fê-lo lembrar, daquele tecto branco, com letras pretas a dizer STOP, com luzes amarelas a piscar. Lembrou-se dos displays, uns tortos, outros ao contrário. O certo é que aquele autocarro já tinha quase 15 anos. Quando chega a casa e expõe a ideia a Adriana, ela simplesmente fica sem voz, sem mexer, e disse está bem...