segunda-feira, 30 de março de 2015

Hoje



Hoje… era apenas mais e mais só um dia.
O primeiro dia útil do novo horário legal de verão, o dia em que muita gente começa a interrupção da páscoa, o dia… era só mais um dia…
O despertador tocou… tocou… tocou e eu desliguei-o. E, ele voltou a tocar… tocou… tocou… tocou e eu desliguei-o. Uma hora e meia depois saí da cama. Fiz a habitual verificação de mensagens e e-mails e despachei-me como se fosse só mais um dia…
Perdi o barco por dois minutos, atrasei-me para os meus compromissos, mas ergui a cabeça. Ergui-a porque sabia que o dia ia ser longo. Cheguei, pedi a chave do meu novo gabinete, corri para o elevador e fugi… fugi para onde estava uma professora minha e onde eu não ficaria sozinho.
Trocarmos as habituais palavras e conversas e regressei… regressei a casa, numa correria para poder almoçar com a minha família, ou parte dela. Encontrei uma colega de longa data nos “aviões marítimos” e o tempo assim mais facilmente se passou.
A minha cabeça estava… deveras ocupada.
Até que depois de almoço apanhei o autocarro que tanta vez já apanhei e sucumbi a mais uma atividade que me preenche o cérebro: a formação ao pessoal não docente. Foi um desafio aceitar esta formação… É a primeira, no meio dos dias do descanso que não é descanso, da aventura que o é e não é.
Mas hoje, não poderia ser só mais um dia… Porque tinha 5 minutos para elaborar um teste para os meus formandos fazerem. E foi precisamente durante a realização do teste por eles que eu parei, que eu caí em mim que eu percebi que não era realmente feliz. Que estava apenas e só feliz profissionalmente. E o resto? E os sentimentos? No fundo, a justificação que encontro é… o trabalho dá-te felicidade. Não te preocupes com o resto. E assim… E assim, deixei de ter aquelas ideias e voltei… Voltei a ser o formador sério e sorridente daqueles funcionário que tanta gente socorrem, nem que seja com um bom dia a cada dia que passa…
Quando sai e deixei de ter obrigações até amanhã às 8h59, capum! Voltei a cair… voltei a ficar cá em baixo, como me senti tanta vez naquele malvado Ensino Secundário. No fundo, porquê não sei, mas somente sei dizer que poderá ser devido ao meu intelecto. Ao intelecto que está feito para pensar no trabalho e secundarizar o resto… mas isso… mas isso levantaria muitas outras questões. Não só, mas somente porque ninguém conseguiu provar que o desenvolvimento do cérebro, ou melhor, que os sobredotados têm um cérebro que mostra uma menor ligação afetiva pelas pessoas e um menor controlo das suas emoções, dado que se focam, principalmente, no seu trabalho.
E capum! Quando não nos focam… beu beu beu… ficamos no nosso canto, no nosso ninho, na casa que é nossa a pensar… E agora? Quem nós somos? Quem somos nós?