Hoje… era apenas mais e mais só
um dia.
O primeiro dia útil do novo
horário legal de verão, o dia em que muita gente começa a interrupção da
páscoa, o dia… era só mais um dia…
O despertador tocou… tocou… tocou
e eu desliguei-o. E, ele voltou a tocar… tocou… tocou… tocou e eu desliguei-o.
Uma hora e meia depois saí da cama. Fiz a habitual verificação de mensagens e e-mails e despachei-me como se fosse só
mais um dia…
Perdi o barco por dois minutos,
atrasei-me para os meus compromissos, mas ergui a cabeça. Ergui-a porque sabia
que o dia ia ser longo. Cheguei, pedi a chave do meu novo gabinete, corri para
o elevador e fugi… fugi para onde estava uma professora minha e onde eu não ficaria
sozinho.
Trocarmos as habituais palavras e
conversas e regressei… regressei a casa, numa correria para poder almoçar com a
minha família, ou parte dela. Encontrei uma colega de longa data nos “aviões
marítimos” e o tempo assim mais facilmente se passou.
A minha cabeça estava… deveras
ocupada.
Até que depois de almoço apanhei
o autocarro que tanta vez já apanhei e sucumbi a mais uma atividade que me
preenche o cérebro: a formação ao pessoal não docente. Foi um desafio aceitar
esta formação… É a primeira, no meio dos dias do descanso que não é descanso,
da aventura que o é e não é.
Mas hoje, não poderia ser só mais
um dia… Porque tinha 5 minutos para elaborar um teste para os meus formandos
fazerem. E foi precisamente durante a realização do teste por eles que eu
parei, que eu caí em mim que eu percebi que não era realmente feliz. Que estava
apenas e só feliz profissionalmente. E o resto? E os sentimentos? No fundo, a
justificação que encontro é… o trabalho dá-te felicidade. Não te preocupes com
o resto. E assim… E assim, deixei de ter aquelas ideias e voltei… Voltei a ser
o formador sério e sorridente daqueles funcionário que tanta gente socorrem,
nem que seja com um bom dia a cada dia que passa…
Quando sai e deixei de ter
obrigações até amanhã às 8h59, capum! Voltei a cair… voltei a ficar cá em
baixo, como me senti tanta vez naquele malvado Ensino Secundário. No fundo,
porquê não sei, mas somente sei dizer que poderá ser devido ao meu intelecto.
Ao intelecto que está feito para pensar no trabalho e secundarizar o resto… mas
isso… mas isso levantaria muitas outras questões. Não só, mas somente porque
ninguém conseguiu provar que o desenvolvimento do cérebro, ou melhor, que os
sobredotados têm um cérebro que mostra uma menor ligação afetiva pelas pessoas e
um menor controlo das suas emoções, dado que se focam, principalmente, no seu
trabalho.
E capum! Quando não nos focam…
beu beu beu… ficamos no nosso canto, no nosso ninho, na casa que é nossa a
pensar… E agora? Quem nós somos? Quem somos nós?