sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um.... ate já

Amanhã me vou!


Passo os próximos dias a vaguear por aqui e por ali numa cidade desconhecida, e espero eu, poder passar muito do meu tempo de passeio debaixo da terra, a ir de uma estação para outra, de um local para outro.

O que sei é que espero voltar segunda. Se não vier.... hum... É porque fiquei nalgum sítio que era o meu destino.


Bem, até ao próximo texto!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Desabafo #3

Tenho saudades e ainda estou no secundário.... E ainda estou no secundário! É estúpido para muitos, mas para mim faz sentido.

Gosto de sentir isto que sinto por vezes. Mas não quero chorar mais. E já me correm lágrimas pela face.

Faltam 2 sinceridades, mas não consigo dizê-las agora!

Estou a ir contra os meus princípios: sinceridade, amizade e verdade...

As teclas do computador formam na minha palavras sozinhas com o caminho que devo seguir, mas não acho que as devo seguir!

Desabafo #2

De facto muitos têm uma vida pior do que a minha. Não ponho isso em causa. Mas hoje, se faz favor, é quase que obrigatório! Tenho de dizer isto....

Estou super triste e sinto-me super injustiçado. Não achei nada giro o que fizeram hoje no teste. Mas tenho de ficar calado. É assim que os bons colegas funcionam. Vou cumprir o que aqui escrevo! Depois do teste, puff, desapareci e perdi a vontade de andar rápido. Fiquei na simplicidade de um passo normal e com uma cara como a tenho normalmente em casa, triste e pálida. Tinha-me de distrair com algo. Não consegui. Para a próxima vou para ao pé do rio! Acho que vou ter mais sorte lá.

Cheguei a casa pela tarde, e como de costume vi sangue a correr pelo corpo. Já é rotina. Mais um dia, mais uns mililitros de sangue que saem do corpo por uma hemorragia que não consigo controlar. Bem, nada de grave, mas o sangue faz parte do meu dia-a-dia. Hoje tentei tratar de tal sangue e espero que nos próximos dias, que tal ferida sangre menos. No entanto, acho que no rio, se estivesse lá tinha sempre mais sorte. Até me esquecia disto.

Tenho saudades, quero viver experiências que me façam matar saudades. Mas continuo a achar que é imperativo viver com um pouco de cara séria. No entanto, é tudo uma máscara. De sério e colega a sincero e amigo vão poucos centímetros.

Além de tudo isso,... a vida são dois dias e o primeiro já está quase a meio. E eu continuo com todas as confusões na cabeça, mas tenho de ser bom amigo, bom companheiro e bom colega.

Altruísmo!

domingo, 24 de outubro de 2010

Da minha janela eu vejo #2...

Estou em frente a um prédio. Perto de duas galerias comerciais e algumas paragens de autocarro. Ainda no Verão vejo um rapaz, no prédio em frente, mesmo em frente a mim, no primeiro andar.

Por trás do cortinado, estava uma pessoa feliz. Ele sorria, estava no computador com ânimo, tocava no telemóvel novo dele como que fosse a sua riqueza. Algo se passava ali de grande importância. O Inverno foi chegando e o frio foi arrasando, mas sempre eu que olhava para aquela janela estava o rapaz feliz, a sorrir, ou estudava, ou estava no computador sempre a teclar, ou ainda via televisão com o telemóvel ao pé de si.

Quase chegava a Primavera, quando algo se sucedeu. Deixei de ver entusiasmo naquele rapaz. Tal pessoa trocou o encanto dos livros pelo choro em cima da cama, sem televisão, com o telemóvel ao seu lado mas nunca o pegava. Muito raramente. Estive quase para ir falar com ele nesse dia, mas contive-me.

O tempo foi passando, o Verão tinha chegado. E ele estava a ir de férias. Naquele ano eu ia com ele! As férias foram as melhores. Lembro-me que num dia cheguei a falar com quem ele falava ao telemóvel. Parecia ser uma pessoa interessante. Perguntei-lhe se tal pessoa sabia que ele tinha estado dramaticamente em baixo durante tanto tempo e do outro lado ouviu-se um sim, mas com uma relativização, porque não havia sido necessária tanta coisa e tanta amostragem. Respondi àquela mensagem com calmaria. Um texto enorme de mil e tal palavras caracterizando a pessoa que eu via da janela.

A escola voltou a começar. E ele continuou triste. Tinha trocado o choro pela contenção de lágrimas. E a partir daí eu via-o, em momentos felizes e em momentos infelizes. Todos os dias era assim. Tanto o via feliz, como o via infeliz. Tanto o via agarrado aos livros, como o via ali, sozinho na secretária a olhar para o computador sem nada para fazer e falar. Ele mostrava medo de dizer as coisas. Tanto papel que ele gastou em elaborar textos que achava interessantes, mas que acabavam por não passar de desabafos. Uns ele guardou, outros jogou-os fora, e nesta altura já devem ser papéis novos, como por exemplo em jornais.

Naquela altura, o tempo passou a correr. Só o via de vez em quando, a delinear estratégias e um dia cheguei a falar com ele. Ele mostrou-se preocupado. Eu disse-lhe que era de mais, que não valia a pena estar assim tão enérgico e tão amedrontado, porque a preocupação acabaria por passar.

Mas ele nada fez. E chegou o Verão de novo. E a escola voltou a começar. Mas naquelas férias, ele deixou de poder ouvir algumas músicas. Começaram-lhe a fazer impressão.

Deste tal começo escolar, as idas de autocarro têm sido acompanhadas. Eu e ele encontramo-nos sempre na paragem. E eu por vezes meto-me com ele, conversamos um pouco até que chega o autocarro. Quando ele sai para ir para a escola, passou a ver uma pessoa tristonha. Ele não consegue sorrir. Ele acha-se um estorvo em frente ao mundo.

Ele ocupa-se para controlar o medo. Para não incomodar de mais as pessoas. Ele julga-se ser o culpado de tudo e muda a vida para não sentir a rotina diária. Ele acha que toda a gente lhe mente.

Não sei que fazer mais com ele. Quando o vejo da janela do meu quarto ou ele está triste ou ele chora ou ainda, está ao computador com cara normal e séria. Tudo isto deixa-me muito triste. Quem me dera poder ajudá-lo, mas não posso.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Da minha janela eu vejo... #1

Estava eu debruçado na janela de minha casa. Em frente à escola, em específico em frente de uma sala completamente diferente das outras.

Aquela sala estava arranjada, de fora via-se as bandas que cobrem o Sol todas completas, ou fechadas ou abertas, mas todas iguais, nenhuma descoordenada. Reparo em algo nos alunos daquela sala.

Estava uma menina ao pé da porta, a olhar fixamente para a parede. Ali, mais de cinco minutos passavam e ela continuavam a olhar para a parede. A professora que estava a dar aula falava e ela continuava a olhar para a parede; olhar em frente, nem para a esquerda, nem para a direita, ela olhava em frente, para o vazio de uma parede creme com algumas manchas de fungos presentes.

Passou um autocarro entretanto e eu distrai-me. Quando volto a olhar para lá vejo um rapaz levantado de mala às costas, e a mesma menina em vez de olhar fixamente para a parede, estava a brincar com a borracha. Ficou ali tempo e tempo a brincar com a borracha. E eu olhava para ela da minha janela grande, em frente à sala.

O rapaz da mala às costas sentou-se. Deveria ser perto da hora da saída. De repente, puffff, a professora mexe-lhe no cabelo e ela sorri, um pouco intimidadamente, mas sorri. Hum, cá do longe da minha janela, isso quer dizer respeito.

Cá do longe da minha janela, vejo muitos que se voltam para trás e que falam, mas aquela menina está ali, ou brinca com a borracha, ou escreve, ou olha para o vazio da parede creme em frente.

Faz-me lembrar o meu tempo de escola!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Future Thinking #3

Estava prestes a terminar o 12.º Ano. Era o último dia de exames. Depois disso ia de férias e, como no ano passado não a ia voltar a ver. Nem a ela nem a mais ninguém, a não ser quem passa férias comigo na fronteira do Alentejo com o Algarve.

Pois bem, tinha tomado a decisão há uns meses de pôr na ficha de candidatura "Aveiro", "Covilhã", mas claro, antes duas em Lisboa. Naquele ano abria Aveiro e eu até estava completamente radioso de poder ser um dos primeiros alunos a ir para lá. Apesar de ser a terceira minha escolha, se lá ficasse colocado, ia sem dizer não. Apesar de inicialmente eu querer ir para Sevilha, mas cá em casa não me deixaram.

Estava na hora de lhe dizer. Derrotista como estava nesse dia, onde tinha feito exame de manhã, e ainda com as malas para fazer, vou ter à porta dela e convido-a a ir lanchar comigo, assumindo que era urgente e que era importantíssimo. Eu ia-me embora e não sei se era justo e válido o que eu ia fazer.

Mas disse, acabámos por fazer o caminho do costume e quando chegámos ao local onde eu lhe disse, não lhe dei nenhum papel. Voltei-me e disse-lhe que tinha posto Aveiro e Covilhã para o fim da lista de hipóteses. Aí comecei a derramar lágrimas. Líquido atrás de líquido e ela manteve a sua postura: firme, de costas direitas e com um sorriso; dando-me de seguida um lenço para eu limpar as lágrimas. Assim findou o lanche com metade do meu pão na mesa e um leite com chocolate cheio.

Eu queria fugir dali! Queria ter um conforto. Ela deu-me um lenço. E sim, confortou-me. Mas continuava com medo da reacção dela. Tinha medo nessa altura. Quase na paragem do autocarro e com ele já ao fundo, não quero saber de quem ali passa e abraço-a! Fechei os olhos e deixei dentro da blusa um mini-bilhetinho, porque já sabia que não iria conseguir dizer-lhe tudo. E voltei a chorar. Acho que aquele abraço dizia tudo.

Entrei no autocarro e vim para casa. Desliguei o telemóvel e meti-me na cama em pleno Verão com as malas para fazer. Pego numa fotografia nossa, e deixo-a no sítio, apenas a tinha limpado com um pano.

No meio das férias ela ligou-me. Disse que tinha entrado em Lisboa. Eu menti. Disse que ainda não tinha visto. Mas sim, tanto eu como ela sabíamos que eu tinha entrado em Aveiro. Ia-me descaindo ao telefone na consegui conter-me. Desligo-lhe o telefone com tal impacto na tecla vermelha que ela se estraga. E vou em direcção à casa de outra amiga e bato-lhe à porta chorando de forma imensa, porque tinha entrado em Aveiro e o sentido se iria perder.

Desabafo #1

Ups....

Uma nova categoria, mas com uma razão...

Mais uma vez dissimulei uma questão, omiti a razão verdadeira pela qual a fiz. Mas acho que a outra pessoa percebeu. Já não bastava a família ser positiva e eu negativa e a quem poderia ser a minha salvação, também não o pode ser.

Algo que não nos é possível trocar assim como se troca de camisa nem de roupa interior... Algo que nos suporta toda a vida desde o momento em que temos algo nidado até à morte.

Não estou triste, acho que estou normal, ou melhor, tenho de estar contente! Até tenho um bom resultado das análises que fiz e recebi hoje.

O sangue é uma das coisas mais preciosas... Espero nunca precisar de levar transfusões, porque com cinco pessoas já não posso contar! Faltam outras, mas... Nem lhes vou perguntar! Não pensemos nestas coisas...!

Recordações #2

Parece que foi hoje, e já se passou algum tempo. Mas aquele sábado ou domingo, que já eu nem me lembro bem foi diferente. Pela primeira vez na vida, arranjei coragem e meti conversa com uma pessoa que não conhecia de lado nenhum num Hi5. Bem, de perto era essa pessoa de facto, mas tal humano estava a dar volta aos fígados!

Então mal e porcamente, de forma disfarçada, como quem não quer a coisa meti conversa e acabamos por trocar mails no mesmo dia. Julgo que foi nesse dia que começou uma segunda amizade relâmpago! Nunca pensei ter uma, quanto mais duas.... Mas a segunda foi muito boa! Foi e é! Espero eu!

O tempo é que não me esqueço... Chovia torrencialmente e eu tinha saído do banho naquele momento. Depois do clique parece que tinha ganhado mais um pilar para me suportar! E de facto é mais um pilar para me suportar de algumas quedas estúpidas.

O silêncio foi uma arma importante. Do zero, onde não nos conhecíamos passei a ser um amigo! Fiquei contente por isso. Ultimamente, essa pessoa tem voado pelo mundo, passado imensas fronteiras, abrindo novos horizontes. E eu, sorrio. Sim, porque é um bom sinal. E mais cedo ou mais tarde vamos ter de nos adaptar a essas mudanças também.

Desde aquele dia chuvoso de Janeiro que tanta coisa mudou, e tanta coisa passou. E tanta conversa foi escrita e falada. E tantos textos foram escritos.

Sem dúvida que, agora, uma ave a voar e outra, que espero eu, esteja a levantar voo, poder-se-ão cruzar um dia e relembrar momentos felizes que passaram juntos no Secundário. Tenho pena de não ser mais inteligente um bocadinho... Mas sou como sou! E acho que ainda tenho uma mini-pinguinha de orgulho no que sou.

Que ele tenha uma boa vida. E que não se engane muito. E que conte com os amigos de cá de trás, da outra escola, para que possa continuar a ser o que foi... AMIGO!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Future Thinking #2

Era uma sexta-feira, quer dizer, já sábado, uma da madrugada.

Uma das primeiras boas noites, sem vento, já com um pouquinho de calor à mistura. E estava eu ali, a conduzir um carro branco na direcção da Ponte 25 de Abril, quando me lembro de mudar de rota e seguir pela Vasco da Gama para chegar a casa. Seria mais longe, mas não apanharia nenhum controlo policial e, até podia ser mais rápido. Era caótica aquela hora na Ponte 25 de Abril para Sul.

Quando passo em frente à Estação Fluvial do Terreiro do Paço, ia atropelando alguém uma mulher na casa dos seus vinte anos de calças de ganga a correr para apanhar o último barco. Fiz-lhe sinais de luzes. Consegui parar a milímetros daquela nova senhora. Eram uma hora de cinquenta e sete minutos. Faltavam três para  partida do barco...

Parece que o tempo tinha parado para aqueles três minutos. Eu estava de barba grande, não ia dormir a casa há três dias. E ela, estava tão alta, tão diferente. Não sai do carro. Mantive-me lá dentro. Ela expressou um sorriso e continuou a sua corrida para apanhar o bem dito transporte. Encostei à frente junto às paragens dos autocarros para ver se tal rapariga apanhava o barco. Desligo o carro, tiro o cinto e fico ali. Para ver se naquele minuto a tal humana conseguia chegar ao seu destino.

Vejo-a a regressar. O apito do barco tinha sido dado momentos antes de ela ter passado na máquina o seu passe. Não o conseguiu apanhar. Quando noto tal pessoa a dirigir-se com um telemóvel na mão para trás, vou ter com ela e pergunto-lhe se o destino dela é o Barreiro. Ela responde que sim e acabo por convidá-la para entrar no carro, porque ambos tínhamos a mesma cidade como ponto final de trajecto.

Continuo a viagem e passo por alguns motoristas que conhecia, chegando à Ponte Vasco da Gama. No sentido contrário estavam a decorrer as famosas e ilegais corridas de carros. Mas por sorte consegui passar a ponte em menos tempo do que o normal. Quase que não havia trânsito.

No carro o clima era de silêncio. Quando viro para o Barreiro pergunto-lhe qual a zona onde ela morava e a resposta foi no centro. Deixei-a junto ao fórum. Era um sítio mais directo para eu depois chegar a casa, desfazer a barba e ir-me deitar. Assim foi.

Chego ao sítio onde a devo deixar e peço desculpa quanto ao quase atropelo em Lisboa. Ela volta a sorrir e pergunta se já nos conhecíamos anteriormente. Eu respondo que não sabia, mas que me chamava Guilherme. Ela voltou-se e desejou-me bom fim-de-semana, dizendo que se chamava Francisca.

Quando Guilherme chega a casa e se vai deitar lembra-se quem é que poderia ser Francisca, mas com a dor de cabeça que ele tinha, caiu na cama, não se recordando de mais nada. Apenas conseguiu sorrir, quando se levantou na manhã seguinte, com um bonito dia de Sol.

Quem seria Francisca? Ele ficou a perguntar e perguntar até que decidiu ligar a todas as raparigas que conhecia e que tinha número de telemóvel. Concluiu que Francisca era.... a Francisca de outros tempos! Apenas, mais crescida...

domingo, 17 de outubro de 2010

Sou como não deveria ser...

Esquecido e de boca aberta....

Espero que o último termo tenha ficado para trás e tinha essa impressão há já algum tempo. A minha memória aliou-se à minha boca aberta e deitou-me a baixo. Eu não queria que nada acontecesse, no entanto, apesar de ainda não ter acontecido, não posso deixar de pensar no que poderá vir a acontecer.

Mais uma vez o medo voltou à minha pessoa. Parece que entrou em mim quando ouvi aquilo que tinha para ouvir. Faltava apenas fechar os olhos e pensar profundamente naquilo, naquele específico momento! Porque é que eu não me lembro daquilo que lhe disseram? Porquê???? Não quero que haja nenhuma mal interpretação.

"Quem me dera poder acreditar em ti!". Quem me dera poder saber a realidade e poder ver o que disse e o que fiz de mal, porque nada indica que tenha feito algo de mal. Os registos de conversação estão limpos! Oh meu Deus! Porquê?

Cada vez mais me sinto triste e confuso. O tempo passa... O mesmo tempo diminui... e cada vez mais as coisas acontecem de forma pior. eu só queria algo impossível. Nem vale a pena pedir. Tenho cada vez mais medo da palavra "confiança".

Levem-me deste MUNDO!

sábado, 16 de outubro de 2010

Recordações #1

Era pequeno, mas lembro-me como se fosse hoje. Por volta das vinte e uma horas de um sábado. Tinha três anos quando vi ao vivo um incêndio. Ao pé da escola onde eu fiz o segundo e o terceiro ciclo, ao pé da casa de uma amiga minha.

Aquelas labaredas encarnadas, com um tom laranja e amarelo pelo meio. A cor transformava-se em cada segundo. Quando olhei para aquilo fiquei estático. Não conseguia andar, as mãos que estavam dadas ao meu avô e à minha mãe caíram.

As sirenes estavam cada vez mais perto. Os bombeiros estavam a chegar para apagar uma casa que eu sempre achei que era feita de madeira. Agora ainda está ali à venda, em conjunto com o terreno, mas ninguém a compra.

Mas naquela noite tudo mudou. Passei a entender que existiam coisas más que podiam acontecer às casas das outras pessoas. Hoje quando passo por ali, por vezes, ainda me mete impressão. Reviver aquela noite tão intensa. A última coisa que me lembro é ter começado a chorar, já os bombeiros estavam a tentar apagar o fogo.

Quando quero esquecer,... Ainda mais me vem à cabeça. Continuo confuso :S

Now....? The night was long.... Now?

Naquele dia tinha acordado bem. A horas de fazer a barba, vestir-me, tomar o pequeno-almoço e ainda ver um bocadinho de televisão. Eu sabia que aquele dia era preponderante para a minha vida e também para a vida de todos os meus colegas. Era eu o responsável para que aquelas 24 horas se transformassem nas melhores dos últimos anos... Mas tudo tem um mas...

Saí de casa às 7h19, quando olhei para o relógio ainda acelerei o passo, mas o autocarro já tinha passado. Quando perco o autocarro é sinal que o dia não vai correr bem. Consigo depois entrar na carreira alternativa, cinco minutos depois, e tal decisão obriga-me a andar 600 m até à escola, que sem nenhum problema o fiz. Estava fulo! Eu detesto perder autocarros, porque faz-me pensar que não sou o certo o suficiente para que consiga ter uma rotina decente, apanhando sempre aquele autocarro.

Rapidamente dá o primeiro toque e entro na aula de Biologia. Começámos a falar de outros professores, de outros anos. Não gosto de falar disso, porque apesar de ser aluno também sou representante em tantos outros órgãos (dois novos, inclusive) e aí tenho de me parecer igual à maioria dos seus membros - professor.

Depois da ficha resolvida saímos. Como tinha comido no meio da aula de Biologia não tinha qualquer fome, mas tinha a necessidade e saber se eu poderia ser útil nas actividades que se iriam realizar naquele dia. Mandaram-me lá estar no intervalo a seguir para fotografar a acção.

Entrei na aula de AP com a grande conversa entre colegas de grupo já tida e, decidido que com um grupo de oito pessoas seria impossível trabalhar. Saímos da aula para escolher um novo tema: "Culturas, de onde somos? O passado e o presente". Admito que sempre quis trabalhar saúde em AP, mas não tive sucesso entre o grupo. A sorte é que sou um pouco flexível e acabei por me adaptar à ideia de trabalhar as culturas.

Sei lá mais... Vim para casa, já com uma carrada de tosse e espirros, a chocar uma gripalhada, mas tinha de a conter até ao fim do dia, no entanto não podia tomar qualquer remédio químico. Quando cá cheguei almocei de forma rápida e fui acabar o relatório que tinha para fazer, de forma a que o pudesse apresentar na reunião à noite. Mas estava tudo muito silencioso.

Não me importando com isso saio, e passo pela escola, pela delegação de saúde do município, onde fui buscar métodos contraceptivos para o meu trabalho de grupo de Biologia e acabei no Espaço da Juventude, a testar o meu computador para a apresentação que ia fazer. Tudo estava bem!

Venho algumas pessoas na rua que me realçam a vista e comento isso com uma outra electronicamente. Aí percebi que mesmo que seja ínfimo, algo poderia não bater certo.

As horas iam passando e as 21 estavam a chegar. Eu pedi-lhe para ela conter o que me queria dizer até depois da reunião. Isso fez-me chorar. Estava super nervoso. Naquela altura, não era só pela reunião. Era também porque algo se passava e eu deveria saber - apesar de ter tentado travar.

A reunião passou-se. Ouvi elogios atrás de elogios, rebati comentários que até alguns achei despropositados. Um dos pontos altos da reunião que mudou os transportes barreirenses foi a Câmara Municipal convidar-me para criar a Comissão de Utentes dos Transportes Colectivos do Barreiro. Disse que ia pensar, mas só se não puder é que não irei criar tal comissão. Há muito que isso é necessário!

Acabei a reunião e fui para a paragem à espera. Apanhei uma das últimas carreiras que me podia levar a casa. Já tinha feito aquele percurso vezes sem conta após quase 17 anos de andar de autocarros. Mas foi especial! Porque era de noite e era o único passageiro. Conhecia o motorista e fiquei o percurso inteiro a falar com ele e ao mesmo tempo atento ao telemóvel de forma a que eu pudesse saber o que se passava e o que se precisava de falar comigo. Compreendi as respostas que me deram e quando cheguei à paragem tinha a família à espera. Abraçaram-me de tal forma que até me senti melhor. Poucos minutos faltavam para a meia-noite. O que sei é que quando cheguei a casa e acabei por ir para a cama, fiquei a magicar naquele assunto. Será isto? Será aquilo? Oh meu Deus, o que é? O que eu fiz de mal? Isto levou-me muito tempo. Não dormi quase nada e ainda tinha de fazer análises no dia seguinte (no sábado de manhã!) e eu estava triste e não queria de maneira nenhuma chorar outra vez.

Estou triste.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Uma cor...

Não sei que cor hei-de especificar no título. Tudo parece carregado de raiva e de muita emoção aqui por dentro. Eu próprio, até posso desabafar, mas não quero magoar ninguém, nem dar a entender coisas erradas ou factos que são ficção.

Escrever? Foi nesta altura que comecei a colocar uma questão a mim próprio... Será que devo continuar com o blog aberto, continuar a escrever e, abstrair-me um pouco da realidade violenta que me rodeia. Acho que sim, e desde já peço desculpa a todos que possam vir a ficar magoados com o que escrevo, mas é algo que me está cá dentro. Mesmo que eu seja subjectivo, pode haver alguém que decifre a mensagem que estou a passar e ficar tristonho ou tristonha! Isso eu não quero!

Continuando, acho que a mente necessita de ser libertada. Aqui vai...

Sentia um calor enorme! Naquele dia nada me fazia, os braços não me doíam, as pernas aguentavam, força não deixava de existir e vontade rebentava pelas costuras. Mas ali estava eu, quente no cérebro e frio no corpo, como de costume. Fiquei de tal maneira confuso. Tudo isto se resume a uma palavra: diferença.

Se tudo fosse simples, poderia ver tal ser como vejo tantos outros, mas não! Não consigo! Em definitivo! Porquê? Está tudo no sítio, mas aqueles redondos olhos fazem a diferença! Aquele estúpido cérebro dá para mudar as ideias! Estupidez completa!

E agora, se eu disser tudo? Será que faço bem rebobinar e colocar as dúvidas ao de cima? Não sei. A médica colocou-me a questão "Se eu estava apaixonado?" e eu respondi que não, porque não estou. MAs sei lá! Há tanta coisa que encobre outra tanta coisa. Tantos bons como tantos maus. Acho mais uma vez que o problema sou eu.

Não vale a pena pedir mais! Temos de estar habituados a tudo. Pelo menos é o que ultimamente tenho pensado. Está sempre tudo bem, ou pelo menos quase. O que acontece é a simples coisa que é o tempo que passa e que tudo se torna assim, apesar de eu não querer! É como eu ver quem me é diferente crescer, tomar novas atitudes e acções e, por dentro sorrir e não dizer nada! Às vezes custa e não é pouco. Se eu dissesse tudo acho que o mundo me cairia em cima! OMG! Again! Já me estou a repetir.

O que sei é que não queria ter a adolescência que tenho. Sempre pensei que nesta altura poderia ter uma relação de namoro estável, forte, pouco quebradiça e de extrema confiança. Mas lá está! Como ninguém se coaduna com o que eu gosto, ... Ninguém gosta de mim amorosamente.

As amigas e os amigos chegam e sobram, apesar de se contarem pelos dedos das mãos (mais ainda bem!). Mas eles não podem a tempo inteiro ser responsáveis por me ouvir e por me aturar, apesar de muito próximos. Eles também têm a vida deles. Tenho estado calado para com eles ultimamente. Tenho deixado-os estudar, fazer a vida deles. Por vezes ainda sorrio quando me mandam SMS ao fim da tarde. Por outras vezes mando eu a chateá-los! Mas tudo isto me deixa transtornado... Porque acabo por os usar. E isso, também não quero!

O amor não é algo que venha num dia e vá noutro. Nunca consegui isso e não quero isso. Mas... Olha, é assim que tem de ser. Apesar de triste por vezes... Tenho de me contentar com o que tenho. Ninguém me tira da cabeça duas coisas. Por um lado, o estar sozinho à beira do rio poluído a ouvir a música que tanto me marcou na adolescência. Por outro, pensar estar na cama com a minha companheira ao lado, só na diversão, sentir a companhia aqui, ou estarmos a brincar de forma inocente.

O texto tem "Uma cor" como nome. Agora sim, acho que já consigo dizer uma cor: Branco - o desejo da paz e da tranquilidade - estabilidade e fluência!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Depois da chuva, dois elogios não aceites, respondidos com um sorriso

A manhã de segunda-feira amanheceu cinzenta, mas o Sol já penetrava no meio das nuvens que cada vez mais se afastavam. Tendo em conta o tempo que vi da janela do meu quarto ainda de noite, quando acordei, calcei os sapatos de vela de Inverno, com sola mais alta e vesti o corta-vento vermelho. Com a mala a tira colo, saio de casa e, devido à água derramada pelos canos rotos no jardim, tive de ir por fora contorná-lo.

Esses dois minutos que perdi a dar a volta ao jardim fizeram-me perder o autocarro. Cheguei à paragem e estava com frio nas mãos. Tinha de esperar mais dez minutos pelo autocarro seguinte e reparei num colega meu do ensino básico que estava na paragem ao lado. Pegou num cigarro, que dizia ser "remédio para a concentração", e começou a fumá-lo. Falava entre cada fumadela comigo dizendo para eu não me meter naquele mundo, apesar de ele lá estar metido. Foi um momento comovente.

Vejo o tal veículo com mostrador de destino laranja a dar a volta no cimo da avenida e preparo o meu passe. Apanho a dita carreira e, quando chego à escola o tempo parece que passou a correr.

A meio da manhã pedem-me para enviar uma mensagem para uma das nossas professoras a perguntar se ela vinha, dado que não tínhamos a aula aula da manhã. Eu também queria ir para casa, mas tinha-me de me mostrar sério e reticente perante aqueles vinte e poucos humanos amorosos e adolescentícios. A resposta à mensagem não podia ser mais cómica e engraçada. Foi uma risada total tão boa que me deixei levar naquela boa disposição e me deu ainda mais uma danada vontade de comer. Estava ali no meio do corredor a comer em vez de estar na aula. Não me interessou. Eu tinha de comer! Estava com fome!!!

Ontem, o que me mais me marcou foi o facto de ter havido substituição da aula de Psicologia que quase toda a gente sabia que não iria haver. A funcionária chama-me de repente. Tive uma hora à conversa com a professora substituta. Passou-se o tempo! O mais importante foi o ter conseguido, em primeira instância, que ninguém tivesse falta marcada naqueles paralelipídedos laranja. Durante esse tempo, senti-me satisfeito. A professora deu-me um elogio. Mas eu não sei aceitá-los!

Quando voltava para casa o autocarro abarrotava até às costuras. Nós já conhecíamos o motorista e ele não era pêra doce. Deixei-me invadir naquele mar de gente e cumprimentei o dito condutor. Ele retribuiu com uma resposta do tipo: "Para si, a escola está a dar resultados". Respondi com uma frase que nada tinha a ver com o assunto e, no fim, agradeci. Vim a viagem toda no meio dos movimentos de surf com as pernas para não cair nas curvas, a pensar naquilo. Cheguei a casa e pensei se realmente era aquilo que me tinham dito duas vezes no mesmo dia: dedicado e educado. Não sei mesmo.

Acho que por um lado sim, por outro não! Porque no fundo o que sei que puxar as pessoas para mim e fazê-las prisioneiras. Quem me dera evoluir! Cada lágrima que sai destes olhos tem um significado tão específico. Acabo sempre por ficar confuso...

Dia de Sol, dia de chuva

A tarde de sábado estava magnífica. Não existiam sinais de chuva quando sai de casa e, quando, mais tarde, quando regressei, fui ver à janela. Mais tarde fui para a cama a pensar que no dia seguinte, domingo, iria estar um bom dia e que poderia cumprir o plano! Mas, já tinha visto no site do Instituto de Meteorologia que em tal dia ia chover e fazer vento forte.

Deitei-me e descansei. Na manhã seguinte, quando acordei, vou rapidamente à cozinha ver como estava o tempo. Era o 8 e o 80. A tarde de sábado e o domingo de manhã. Estava o céu carregado de nuvens, ainda algum escuro e eu, que tinha acordado mais ou menos bem disposto, fiquei tristonho. Mas a Natureza é que manda na sucessão dos dias e no tempo que faz, apesar de muda culpa das alterações climáticas que provocam a alteração do clima e do tempo presente em determinados dias ser do homem e das suas acções.

Estava com a esperança de aquele domingo ser como o dia 17 de Fevereiro de 2010. A manhã desse dia tinha começado mal, mas a meio da mesma, o Sol tinha começado a raiar. A esperança é a última a morrer e mantive-me sempre na esperança de poder ir para a beira-rio correr e fazer exercício. Mas nada do que eu tinha esperança aconteceu.

A manhã continuava carregada e as nuvens ainda mais negras. Quando saio de casa para ir comprar pão, verifico o telemóvel e sim, confirmou-se que não se ia correr! Abortou-se o plano de ir correr no meio da rua! Bem, acho que para isso é que servem os telemóveis. E ainda bem que foi assim, porque não me apetecia nada ficar constipado nos dias seguintes.

O que não queria fazer era dizer a quem ia correr comigo para não ir porque o tempo estava mau. Preferia que fosse o reverso da moeda e dizerem-me que não se ia correr. Não queria que houvesse uma interpretação como má vontade minha. O que queria era sim correr e fazer exercício com quem tinha realmente combinado. Quem diria que de uma ideia absurda poderia sair algo assim....

Continuei em casa o resto do dia e, comecei a questionar-me se aquele tempo seria o sinal de nunca ter tal plano pra tratarmos inconscientemente do físico e mantermo-nos em forma. Respostas ainda não tenho. Acho que o meu lado racional e o meu lado supersticioso estão em conflito ainda e eu remoo...

O tempo é a chave. Ao menos nesse dia cinzento pude sorrir um pouco com queridezas tardais e nocturnas. E não, ela não tem nada de conservadora! É liberal a todos os níveis, à maneira dela!

sábado, 2 de outubro de 2010

Future thinking #1

Mais uma manhã acinzentada estava quando abri a janela do meu novo quarto. Tinha mudado de casa a pouco e, por sorte era um dia de greve dos autocarros da minha cidade. Precisava deles para ir até à estação fluvial para apanhar o barco para a outra margem do rio. Peguei no carro branco de dois lugares, novo, que ainda não tinha conduzido e estacionei longe da estação fluvial, porque era mais que certo, tendo em conta que não existiam autocarros naquele dia, que os estacionamentos mais próximos estavam completos.

Travo o carro, tiro a chave e tranco o bem dito. Começo a subir a passagem desnivelada em direcção ao terminal. As memórias começam-me a vir à cabeça. Memórias essas mais esquisitas que outras, mas adoráveis. No entanto, todas passadas. Chego ao leitor de bilhetes e valido o meu passe intermodal. O barco estava quase a partir, com todos os atrasos de não haver autocarros tinha chegado mesmo à tira para apanhar o barco do costume. Assim foi. Lugar sentado já não fui. Fiquei um quarto de hora agarrado às partes metálicas do bar do navio, depois de beber um descafeinado, simplesmente porque me apetecia variar um pouco.

Os motores do barco diminuem o seu barulho. A chegada à outra margem estava a poucos minutos de acontecer. Dirijo-me para junto da porta de saída, para que, quando o barco atracasse e abrisse as portas pudesse ser um dos primeiros a sair. Bem dito, bem certo.

Mal o barco atraca e aquela porta abre, começo a correr desalmado pelo pontão acima em direcção ao elevador da estação do metro. Era muito mais rápido ir por lá do que circundar as obras que terminariam no mês seguinte. Cheguei ao piso -2. Validei de novo o passe e dirijo-me ao cais para apanhar o comboio proveniente da tal estação internacional famosa. Entro e fico encostado, como de costume, à estrutura do comboio, do outro lado, onde as portas não abrem. A composição ia a arrancar quando ela, em conjunto com um rapaz, entram. O maquinista vê tal casal e desfaz o pré-aviso de fecho, de forma a eles não ficarem entalados na porta.

Quando a vi entrar no comboio sorrio e mexo-me para me aproximar dela. No entanto, quando vejo o rapaz, mais alto que eu, com os ténis da moda e, com o cabelo como ela gostava, mantenho-me quieto no meu cantinho junto à porta. Observo-os de longe e vejo vários beijos. A minha cara fica triste. Por pouco não chorava.

Eis então que chega a estação em que tínhamos os três de trocar de linha, porque estávamos todos na mesma faculdade. Rapidamente saio daquele comboio, subo as escadas e, aceito o jornal gratuito, que, por estar a chover, distribuíam hoje naquele corredor subterrâneo. Depressa chego ao cais da outra linha. O comboio estava como que à minha espera. Aí, sento-me e vejo as horas. Faltava um minuto e meio para o comboio partir. Mais uma vez à pressa, eles entram no comboio e eu tento disfarçar, lendo o jornal que me tinham dado. Eles sentaram-se à minha frente e, ela não reparou que aquele rapaz era eu. (Bem, também estava mais ocupada com outras coisas.) A estação antes daquela que era a correcta para se ir para a faculdade é anunciada pela voz feminina do metro. Eu coloco os óculos escuros, ponho o boné, e levanto-me do lugar onde estou, fechando o jornal. Dirijo-me para a porta de saída e começo a chorar. Mais e mais e mais, e esse tempo o metro pára na estação e ela olha para mim, já eu estava a tirar o boné e os óculos, fora do metro. Eu vi aquele acena, mas ao mesmo tempo, para ela ver limpei com o lenço que levava os olhos. Subi para a superfície e fui até à faculdade a pé. Lá cheguei e, encontrei-os ao longe. Rapidamente refugio-me numa casa-de-banho masculina e ponho-me junto de uma sanita a chorar, até que reparo que já ia atrasado para a palestra das  nove horas. Mas a dor de pensar que eles namoravam era muito maior do que a vontade de ir para as aulas.