sábado, 24 de dezembro de 2011

Da minha janela eu vejo... #7

Hoje  conto-vos que acabei de ter uma grande aventura e digo-vos já que foi mesmo inesperada. Não sabendo porquê, decidi acompanhar aquele meu amigo que via da janela de casa, que, se bem se lembram, não saia e ficava triste, em frente ao computador, naquela casa tão modesta e conservadora, com alguns pingos de liberdade.

Vamos lá então...

- Psst.... - dizia o Tico;
- Cala a boca.... - dizia o Teco;
- Chiu o quê pá?...., respondia o Tico apressado e já um pouco irritado.
- Não vês que ele está amedrontado, Tico? Nunca o vi assim, respondeu o Teco.
- Não me interessa, mas ele é um homem ou um rato, bah!?, terminou o Tico.

Bem, de facto é que eu que acompanho O tal rapaz hoje na sua aventura, decidi meter conversa com o Tico e com o Teco: depois de um ar de admiração porque há muito que não me viam, sentaram-se os dois no meio daquele jovem córtex cerebral e escutaram o que tinha para dizer. Lá lhes tive a explicar que o pequeno rapaz ia ter com a madrinha dele a Lisboa, uma amiga que ele sentia necessidade de compensar!

Os pequenos neurónios acabaram por perceber e pararam. Em vez de o massacrarem com pensamentos confusos, passaram a dar-lhe dores de estômago. Mas aí já eu não podia intervir. Ele é nervoso todos os dias e anda sempre a correr; com certeza que não é um mísera dor de estômago que o vai parar.

O barco tinha atracado e ele, preparado para o violento frio da noite lisboeta, apanha o metro. Decide seguir o mesmo caminho que faz diariamente para a faculdade para se tentar acalmar. O engraçado é que ele nunca correu uma vez (coisa esquisita, dado que é o ele passa a vida a fazer).

Agora, e depois estação atrás de estação, o rapaz chega ao Campo Grande, uma estação que ele tão bem conhecia já de há muitos anos. Chegou-se ao pé da amiga e cumprimentou-a devidamente. Por mais incrível de pareça nunca tinha visto aquele ser humano a deliciar-se por uma amiga assim do nada; discretamente mandava os seus bitaites, enquanto o pequeno 767 não chegava. E ele começou a ter medo: perna à mostra, está frio... o que é que eu devo fazer? Tirar o casaco e pôr-lhe sobre as pernas? Ou não fazer nada?

Ele acabou por nada fazer e mesmo depois de mudarem de autocarro para o 22 (um número que muito lhe diz), chegaram ao restaurante que ele tinha previamente reservado para aquela ocasião. Aqui o Tico e o Teco ficaram confusos.... Queixavam-se que ele só jantava com pessoas normais e agora estava a jantar com a madrinha, com a amiga, e com.... eh, pois aqui está a parte complicada da coisa. Mas o que é certo é que eles voltaram a ficar quietos durante todo o jantar e o rapaz metia-se e divertia-se o mais que podia, mantendo sempre as regras que lhe tinham ensinado quando era pequeno. Batata frita após batata frita, pedaço de bife, após pedaço de bife, o prato ia ficando vazio e ele cada vez mais cheio. 

Vi vária peripécias durante aquele delicioso e divinal jantar, mas acho que ele não quer que eu as escreva aqui. São dele e dela e mais nada; de doutora para caloiro, de madrinha para afilhado, de amigo para amigo, apenas.

Após conversas e conversas e conversas, e mais conversas, ele percebeu que ela não era quem ele pensava; ele tinha a ideia de que ela era reservada, tímida, mal falava com os outros, não gostava de sair, etc. Mas não.... Para ele, ela era a gota de água para o copo ao qual ele chama miúda gira por dentro e por fora ficar completo e dar um tom diferente à solução que ele ali tem.

Já passando das 21h30, com o frio a apertar, saíram do restaurante e eu segui-os. Foram para o metro; Entre gesto daqui e dali, acabaram por ir às compras, sem comprar nada. Mas, mais uma vez, o que interessou foi a viagem de metro. Como de costume, não é? Se ele adora metros é normal que adore tais viagens. 

No cais, junto a entrada para o metro, pensar que só circulam 3 carruagens como antigamente ainda lhe soa estranho, mas é assim, ou poupamos ou fechamos.

Deixando o pequeno a parte, ele, junto à estação de Cabo Ruivo desvendou que ela era uma rapariga que ele gostava. Não conseguiu dizer-lhe: mais uma vez seguiu joguinhos de gato e rato e além do mais não sabia como é que as coisas iam correr. Pior não ficavam, pensava ele.

Acabando o trajeto de metro seguiram e giraram nas compras e ele, já um pouco cansado, dá de si e quando regressa para o metro dá sinais de sonolência. Eu nunca vi uma conversa tão rápida sobre gostar e amar ou simplesmente dizer com a cabeça sim ou não! Mas o que é certo é que deve ter tocado a ambos o que um disse ao outro. Mas na vida tudo é assim, o que é verdadeiro claro!

Deixando tudo para trás e depois de um abracinho contente e feliz, no meio daqueles túneis cinquentenários do metro, começou a pensar o tal rapaz. Por incrível que pareça, ele aí sabia que eu estava dentro do córtex cerebral dele e começou a falar diretamente comigo:

"Ela não é nada do que eu esperava. Apresenta os seus toques de queridez e como é óbvio não gosta de falar de muitas coisas. Devo-lhe um respeito enorme. Raparigas como ela já não se "fazem" hoje em dia. Quem não as aproveitar (não no sentido de possuir, mas como companhia e estabilidade emocional) não poderá ter uma vida feliz, pelo menos penso eu. O que é certo é que estava um pouco confuso em relação a ela, mas depois de tudo, em vez de ficar mais inóspito, não.... deixei de ter dúvidas! Depois de sofrer imenso tempo, acho que encontrei de novo a minha estabilidade emocional. 

Dado que jeitinho para as raparigas não tenho e segundo ela, jeitinho para os rapazes ela também não tem, concluo que a vida tem uma nuance que na qual não entra a Matemática: enquanto que menos com menos dá mais, sem jeito com sem jeito dá nada. Ou seja, chapéu! Pergunto-me porque é que Deus me continua a deixar a pensar nela desta maneira bela (tendo memórias do que ela é por fora e por dentro) depois de tudo? Dever-me ia deixar ficar a um canto, com calma e tranquilidade, começando a dar-me "luzes" para pôr este sentimento em arquivo ou então apoptá-lo! Não sei se quero. Mas respeitando-a, tenho de ficar no meu sítio. Ou não? Grrrr.... Apesar de não ter dúvidas agora quanto ao que sinto, tenho dúvidas quanto as ações! Bah!"

O rapaz disse aquilo tudo e eu depois não lhe respondi propositadamente, para ele pensar sozinho. Só há 2 pessoas que podem intervir neste assunto: ele e ela. Tudo o resto pode opinar e ajudar minimamente, mas a decisão é simples de explicar..... e tem de ser tomada pelo(s) próprio(s).

A viagem de regresso acabou num navio tão familiar para ele: no Miguel Torga, o apaixonado pela Terra.
Em honra a ele, e antes de eu ter mergulhado no poluído rio Tejo e começando a nadar até casa, para pensar no que devia, fica aqui um pequeno poema:
Vem.
Adormece encostada a este braço
Mais débil do que o teu.
Entrega-te despida
Nas mãos de um homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo, tem
A alma mais guardada e protegida

in Miguel Torga - Poesia Completa - Publicações Dom Quixote

Por fim, ele continua com dúvidas.... Não a que tinha, mas a que criou... E ele.... Afasta-se ou fica no mesmo sítio? Lembra-se do passado e segue o que aprendeu ou fica a pensar no que "não deve"?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Deus escreve direito por linhas tortas... (I)

Vagueava pelos velhos corredores do Hospital de Santa Maria. Olhava para cada.lado e via obras, paredes cheias de humidade e pessoas para lá e para cá. Estava onde normalmente as pessoas comuns não vão, junto ao local dos armazéns e dos elevadores que levam a comida e a roupa lavada para os utentes internados. Enfim, estava a olhar para as catacumbas de uma instituição completamente antiga e que precisa urgentemente de uma reformulação...

Acabo de lavar as mãos, depois de sair da casa de banho, fechando a porta com o cotovelo. (Com o vento que por ali passava nem era preciso tal gesto, mas sempre era mais educado.) Estava realmente perto de fazer o meu primeiro teste no Ensino Superior. Nas minhas costas escorria suor dos nervos, mas por fora, mantia a minha postura normal, de lábios cerrados, cara séria e de poucos amigos. Com pouca vontade atravessei o corredor da morte, cheio de cacifos amarelos e cinzentos de um lado e outro, e termino a minha oração, pedido a Deus que me ajudasse na resolução do teste que iria fazer seguintemente.

E de facto, após todas as burocracias do costume, mantendo-me separado dos colegas, como há 7 anos acontecia, o teste correu bem. Achei-o fácil e acessível. 20 não consigo, mas espero chegar perto do 15.
Saio da aula com um sorriso na cara, de satisfação, de entusiasmo, de alegria. Janto e ponho-me no metro para começar a longa viagem até casa. Uma hora e quarenta e cinco minutos esperar-me-ia até colocar a chave na fechadura da porta de casa.

As linhas tortas começam agora...
O metro aproxima-se da estação. De panamá para a chuva na cabeça e com o chapéu com a mesma finalidade no antebraço esquerdo, sigo em direção ao terminal dos barcos.

Zás! Pás! Toca a fugir de uma linha para a outra, porque o tempo entre metros é curto... E segui. Pareceu-me ver um vulto ao longe que eu conhecia. Acabei por não ligar e chegar à carruagem de metro da linha azul. Quando o metro quase estava para fechar, o vulto que tinha visto era uma colega minha. Que por mero acaso, conheci há três anos e era simpática; tento ao máximo segurar a porta do metro para ela e a amiga possam entrar no veículo. Fiquei contente por elas terem apanhado o metro. Mas...

O que me diziam sempre para não ser, é como elas estavam. A enaltecer-se pela realidade do curso onde estão: em Medicina.

Por vezes, parece que o passado não conta para nada!
Não obstante.... Para a frente é que é caminho.

Fiquei com toda esta situação na cabeça. Se formos a ver bem, Deus deu-me forças para o teste, mas fez-me perceber que nem sempre tudo pode correr bem e que existem necessários momentos de reflexão...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Pirâmide da Amizade

Estava ele junto ao mar, com boné escuro e com umas roupas esfarrapadas. O dia estava horrível: vento fortíssimo, chuva “certinha” e uma bela e valente trovoada audível a quilómetros de distância. Já toda a gente tinha saído da praia.

As pessoas começaram a desabelhar cedo, não só pelo tempo, mas também por causa do desporto que dava na televisão e, aliás, como se estava perto do fim do mês era necessário arrumar tudo para se voltar à mesma rotina do resto do ano (levanta, trabalho, come, trabalho, come, dorme)!

Não obstante, aquele rapaz continuava ali, já com uma toalha que estava embrulhada no seu corpo, que tinha sido dada por um turista que teve pena dele. E eu, da minha janela a vê-lo; no quentinho da minha casa, já de banho tomado e vestido a roupa “normal” de cidade a olhar para aquela pessoa, a única naquela vasta areia esbranquiçada.

Tinha de fazer algo! Não consegui manter-me a ver uma pessoa ao longe, que parecia ser da minha idade, ali, naquele pedaço de areia que piso todos os dias de férias, e fiz à estrada (como quem diz… Fui à praia). Ia com o pensamento de que pouco ou nada conseguiria fazer para levar aquele rapaz dali, mas quando cheguei perto dele, tudo mudou:

Ele não era um ele, mas sim uma rapariga;

Ele não era um desconhecido, mas sim uma amiga;

Ele não era um “tomba lobos”, era bem ricalhaça.

Sentei-me ao lado esquerdo dela e perguntei, como fazia sempre… Maria, que se passa? E ela responde:

- Tive uma ideia e precisava de olhar para o mar para pensar nela. Não consigo sair daqui. As lágrimas do silêncio são pesadas de mais para eu poder ter vontade de sair deste sítio bonito, mas que agora está carregado de cinza, com um mar revoltado e com uma areia que nem parece a habitual, por causa da chuva.

Eu abracei-a e fiquei quieto. Engoli o que ela disse em seco e dois ou três minutos depois perguntei-lhe qual era a brilhante ideia dela. “Sem fus nem fás” a rapariga contou-me o que tinha pensado: A pirâmide da amizade.

Entusiasmado como de costume, perguntei eu:

- O que é isso; Explica-me! Sabes bem como sou eu com novas ideias!

Ela mostrou-me ao lado um desenho igual àquele que está ao lado direito da página. E eu pus-me a imaginar todas as minhas relações de “amizade” e de amizade verdadeira que tinha.

O lugar mais baixo era o de “Amigos do Facebook”. Quando eu falei num tom mais alto ao ler “Amigos do Facebook”, Maria voltou-se e começou-me a explicar o porquê daquela pirâmide, e o que colocava em cada um dos espaços. E eu, interiormente, comecei a catalogar as pessoas:

- Nos amigos do Facebook estão todos aqueles que tu tens adicionado à tua conta no “Face”;

- Certo, digo eu.

- Já quanto aos “Amiguinhos” são aqueles que dão conta da tua existência de vez em quando, muito de vez em quando, mas já mostraram provas anteriormente que podiam vir a ser outro tipo de amigos (em síntese, são aqueles para os quais já fizeste e desdenhaste tudo e agora, nicles batatoides), exprimia ela;

- Não me digas isso, Maria. Essa etapa não, traz-me más recordações.

- Vá, vá [como já estivesse boa e as lágrimas tivessem parado], eu sei o que dizes, mas vamos continuar. Depois vêm os “Amigos Normais”: são aqueles que estão presentes de vez em quando, mais do que os “Amiguinhos”, mas tu nunca fizeste nada por eles ou pouquinho. É uma relação normal.

- Porque é que colocas os “Amigos Normais” à frente dos “Amiguinhos”? – perguntei eu.

- Porque quem olha para o outro lado da Lua e não para nós, não merece uma pontinha de um dedo. Mas digo-te já que tanto eu como tu vamos cair na esparrela e, em vez de uma pontinha, damos um dedo, ou aliás, a mão inteira! – respondeu ela.

- Continuando a nossa subida, depois temos os “Amigos Próximos”: são aqueles que estão sempre lá, mas que podiam estar mais; são aqueles que tu sentes que podiam dar mais de si!

- Hum, estou a ver! – exprimo eu.

- Em penúltimo lugar vêm os “Bons Amigos”. Tal como os amigos próximos eles… Podiam dar mais de si (tens de sentir isso!), mas… Vejamos! Uma pessoa faz tudo por ti e depois mantém-se a fazer, mas decai um pouco na relação como algo se tivesse acontecido.

- Interessante Maria, interessante. Nunca tinha pensado em nada disto!, respondi eu já com um pouco de frio. Eu coloco aqui os professores, eh eh!

- Por fim, e já no topo chegam os “Melhores Amigos” ou os “Ídolos”. Porque normalmente os “Melhores Amigos” são também aqueles que nós queremos imitar por vezes. Este são os nossos companheiros, mas que, como tudo e todos, podem passar a “Amiguinhos” do nada. Mas olha, eu própria me pergunto se existem “Melhores Amigos” se estes rapidamente podem descer de categoria.

- Desculpa lá, mas podemos ir embora? É que está frio. Vem para minha casa que tomamos um café e explicas-me o resto da pirâmide.

E assim foi, seguimos a correr em direção à escadaria e chegámos a minha casa. Com uma mesa corrida na sala de jantar, com um cafezinho para cada um em cima da mesa, ela explicou-me o que faltava da pirâmide: o triângulo que incluía todos os níveis que era o de nome “Família Presente”.

Depois de ela me explicar que a família presente é muito mais do que nossa amiga e que nós não conseguimos entender isso por vezes, e que, os “Amigos do Facebook” podem estar incluídos noutras categorias, abracei-a de novo e perguntei-lhe:

- Porque é que fizeste isto? Porque é que foste para a praia e ficaste lá com este tempo?

Ela respondeu: a vida, foi a vida que me obrigou a isto…

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Por obrigação ou por amor à camisola?

O dia tinha nascido sem quaisquer nuvens no céu, mas com o passar da manhã começaram-se a notar nuvens na nossa querida atmosfera terrestre que avizinhavam chuva. E nada mais certo aconteceu.

Pouco depois de almoçou começou a chover intensamente. Quem diria que de manhã o céu se apresentava azul e naquele momento estava nubladíssimo, carregadíssimo de moléculas de água para molhar imensos humanos que tinham saído de casa sem guarda chuva. Estavámos em pleno início de outono, ou seja, finais de setembro.

Nessa manhã tinha acordado radiantemente radiante, uma vez que iria estar com uma grande amiga que não via desde o fim das férias, a Margarida. Eu conheço a Margarida há 3 ou 4 anos, mas apenas nos víamos nas férias de verão, no Algarve.

Como de costume eu fico triste quando chove, apesar de continuar a fazer a minha vida normalmente. Apanhei o autocarro até à estação dos barcos onde ia buscar a menina "guidinha". Quando lá cheguei, àquele pedaço de metal já um pouco ferrugento e velho, com mais de 15 anos e com paragens de autocarro pintadas frequentemente para não mostrar ferrugem, para não falar no cheiro a lodo, uma vez que a maré estava vazia, corri para junto dela. Dei-lhe um abraço tão grande que quase a sufoquei. Mas aquele abraço era especial, continha saudade, muita saudade! Depois de falarmos um pouco sentados nos bancos que estavam molhados junto às bilheteiras dos barcos decidimos ir para Lisboa: jantávamos lá e acabava por ir ter com a minha mãe que mais tarde me traria para casa. Sem qualquer problema!

O meu passe estava a caducar. Tinha de o carregar. Pus-me na fila das máquinas de venda automática e quando chega à minha vez.... Ups! Como fui fazer o passe a outro operador, este dá-me para fazer o carregamento apenas como passe normal (sem desconto) nas máquinas!

Parei, respirei fundo, pedi à Margarida para esperar mais um pouco e olhei para o céu. Estava cada vez mais carregado, com relâmpagos ao fundo; ouvia-se trovões constantemente, uns ao longe, outros ao perto. 
A noite não se avizinhava nada boa para uma passeata na capital. Depois do passe carregado e de já termos validado a viagem, ficámos parados na sala de espera a ver os quadros maravilhosos que lá mostravam sobre a história dos barcos desde o seu nascimento até aos dias de hoje.

Cerca de 10 minutos depois, chegou o navio que nos levaria a Lisboa: carregado de pessoas para ir para casa, após um dia de trabalho cansativo e de várias viagens de transporte prolongadas e monótonas. Eis senão quanto vislumbro que uma das cordas que estavam a prender o navio estava-se a desfazer e o responsável pela atracagem do navio não se encontrava no cais. O mar estava também tempestuoso. Naquela "baía" que quase nenhumas ondas existiam, via-se onda atrás de onda como se fosse uma praia do sul do país.

De um momento para o outro, o rio agitou-se e o barco ainda a atracar partiu as batentes que eliminariam o encosto violento contra o cais de embarque. Do nada, naquele segundo quando consegui ver que as pessoas lá dentro estavam aflitas, dou um pontapé na porta esquerda que permitia o acesso ao cais e corro sem capucho para o batelão junto ao barco. A corda que segurava o navio ao cais estava por um fio! Sem luvas agarrei no resto da corda e tentei amarrar quando ouço um grito de dento do barco: Era Luísa, uma ex colega minha do Secundário. Enquanto ela gritava eu tentava a todo o custo segurar a dita corda. Estava a dar o meu máximo: a pouco e pouco o barco ia, de novo, se encostando ao cais para permitir as pessoas sairem com a máxima calma.

Pisco os olhos duas vezes, um código que significa olá em mim e a Luísa, que estava junto à porta do navio agora. Ao olhar para a direita vejo uma onda gigante a abater-se sobre o barco: dei um gito e larguei a corda, acenei com a mão para dizer adeus e imitei uma onda com as mãos em sinal de perigo, mas era tarde de mais.

Margarida na sala de espera do terminal deu também um grito e tentou seguir-me, mas as pessoas que ali estavam impediram-na. Num único momento, o perigo da onda, o perigo do barco bater contra o batelão e ferir Luísa e o medo de eu ficar sem vida não entravam cá dentro, na cabeça. Num segundo larguei a corda, o barco parte o batelão, eu dispo a camisola vermelha que vestia e salto para dentro do rio... A onda tinha-me comido e atirado para o teto do terminal; quanto ao barco, tinha ficado destruído e mais de metade das pessoas estavam mortas. Tinha-se salvado apenas Filipe dentro do barco e Margarida no terminal. Eu, seminu, tentei fazer sinal às autoridades para me salvarem dali e ao final de seis horas de completo desespero safei-me com uma fratura exposta na perna direita.

Depois da cirurgia que tive de fazer e que tinha deixado com uma cicatriz do joelho até ao calcanhar perguntei por Luísa e por Margarida. A primeira tinha morrido e a segunda tinha começado a namorar com Filipe. Mais tarde recebi a visita de ambos no quarto e chorei como nunca tinha chorado, com pena da morte e alegria da nova relação! Mas não tinha conseguido salvar Luísa...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ora mais um para o molhe....

Estava vageando por entre papéis virtuais quando descobri o seguinte texto. Assentou-me que nem uma luva. Vejamos então. O texto foi publicado com a devida autorização.

"Eram suricatas; Apareceram plantas

Faltava poucos dias para o final. A partir daquela data ficávamos livres como lindos e bonitos pássaros que habitam o planeta Terra. As promessas de oferta de uma população especial de suricatas (onde era possível comunicar com elas e saber que se passava com as mesmas) eram imensas.

Dia após dia, ficava quieto de manhã na cama a pensar quando viriam as minhas suricatas. Um dia tinham de me ser entregues, caso contrário significaria uma desilusão imensa por não existirem novas relações. Acabava todos os dias por viajar no meu imaginário: a adorar as suricatas, a pensar que, se fosse uma delas, possivelmente não teria de estar a ver semana após semana cortes e mais cortes orçamentais no país.

Chegou o momento em que eu pensava que as suricatas me iam ser entregues; já tinha tudo preparado: local para as pôr, tempo para as ouvir, sorriso para as acarinhar.

No entanto, naquele preciso momento, zás! Em vez de uma linda população de suricatas, ofereceram-me uma planta cheia de clorofila. Apesar de todos os constituintes da planta, eu não conseguia comunicar com ela. Apenas via o que se passava dentro daquele ser vivo. Aquelas trocas de fluidos existentes, que são lindas, é certo, mas que não deixam que exista comunicação. Nenhuma, enquanto não faltar alguém. Acho que nesse caso eu também me integrava na planata como se fosse uma hormona que só não é inibida quando existe falta de outro componente (o tal outro que iria fazer com que eu recebesse as minhas queridas suricatas).

O que sei é que acabei por ficar um pouco desiludido. Não tenho suricatas e não consigo falar com a querida plantinha que me deram. Ai... Ao menos posso ter um quarto mais oxigenado durante o dia, mas até parece que o efeito nem é esse.

Só eu, só eu..."

Acho que tenho de acrescentar quem é o autor do texto. No entanto e por vergonha da mesma pessoa, apenas posso dizer: S.B.

Fiquei a pensar nisto. Como a realidade de um texto que nada parece ter a ver com a adolescência acabou por dizer muito acerca dos comportamentos de amizade entre adolescentes... É só pensar e descobrir palavras com duplo sentido. Adorei!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tiro ao alvo ou sonho acertado?

Terminaram a fase de exames nacionais. Agora para todos aqueles que se querem candidatar ao Ensino Superior resta esperar por dia 9 para conferir os resultados dos exames da 2.ª fase e por fim, concorrer à 1.ª fase de acesso.


As vagas que existem, apesar do alarido dos média, são poucas, muito poucas, para o número de alunos que proveem do Ensino Secundário.


Deixo aqui a minha mensagem de apoio a todos aqueles que pretendam entrar este ano letivo que começa em setembro no Ensino Superior:

Por vezes acordamos a pensar que queremos seguir isto ou aquilo. Outros dias pensamos no caso e dizemos: não! Já não quero este curso. Quero aquilo.


Andamos assim praticamente até ao último dia em que nos é permitido alterar a nossa candidatura. Será que fizemos a decisão certa?


Para muitos, o curso que colocaram na candidatura é nada mais do que seguir um sonho que têm. Para outros, é tentar seguir um sonho, mas aliado a isso, ainda acrescentam a vontade de conhecer, de descobrir, de aprender coisas novas. E ainda há outros que põem ao calhas cursos no final do 12.º ano de escolaridade.


Nenhum curso é independente. Todos eles estão interligados com outros na mesma área. Existe um grande leque de opções que permite, mais tarde, ao aluno mudar de curso e obter equivalências.


Não vale a pena ficarem tristes por não terem nota suficiente para o curso a, se podem entrar no curso b e depois verem o que podem fazer lá dentro, já no Ensino Superior.


Como o velho ditado diz: “As tristezas não pagam dívidas”. E de facto é verdade. Pesquisem, explorem, vejam. Diversifiquem o vosso conhecimento acerca das possibilidades de curso e SONHEM!


quarta-feira, 27 de julho de 2011

A vida e as amizades

Todos nós, independentemente da nossa idade, pensamos que quando alguém deixa de nos falar como falava, ou muda a atitude para connosco, algo está mal. Assumo, porque eu também penso assim na maioria das vezes. Mas adotei há pouco tempo uma maneira de pensar que se calhar é útil para todos aqueles que pensam que se passa algo.


Nós, homo sapiens, vamos criando relações de companheirismo e amizade ao longo da vida. Quem não se recorda, nem que seja um pequeno pedaço, do colega x ou do colega y do 1.º Ciclo ou então dos “amigos” pré-escolar ou melhor ainda, da pessoa com quem teve a primeira relação de namoro?


Como a racionalidade é incrível acabamos por dar conta que a resposta à questão anterior nunca pode ser verdadeira para todos os humanos que existem no nosso planeta, mas podemos generalizar tal pergunta e resposta retórica para a sua maioria.


Pensando então agora no seguinte: eu conheci a pessoa A e estive com ela 3 ou 4 anos. Tivemos altos e baixos, mas a força da nossa amizade superou tudo. E do nada, puff… Acabou, deixou de haver interesse em falar com a pessoa ou então, passou a ser alguém indiferente para nós, mas entretanto conheci a pessoa B.


A vida lança-nos um grande desafio: o da aprendizagem. Como já digo há muito, desde que nascemos até à nossa morte aprendemos com todas as pessoas que passam pela nossa vida.


Eu acredito que como seres sociais temos um objetivo que, em muito dos casos, é desconhecido e raramente damos como cumprido, quando nos relacionamos com uma pessoa.


É do género de uma reação enzimática, obrigatória ou não: estreitamos os laços de amizade com a pessoa, cumprimos o nosso objetivo e depois, ou a pessoa, ou nós, diz-nos Obrigado e que está sempre disponível para nós; ou seja, nós ajudamos a pessoa em questão a decidir em determinado caso sobre determinado assunto sobre uma qualquer situação.


Com tudo isto é preciso também ter em conta que temos de saber dizer “chega” e “basta” quando está no momento oportuno. O mais complicado é descobrir esse momento. Muitas das vezes não sabemos quando é o tal momento oportuno.


A experiência própria acaba por transmitir às relações futuras, uma chave para se definir o objetivo da relação e para percebermos o momento “basta” na mesma.


Falando por mim, já tive uma relação para ajudar uma pessoa a crescer e perceber o curso que tal pessoa queria para a Universidade, já tive outra que culminou com a junção de duas pessoas e outra que serviu para ajudar colegas para o Exame Nacional.


Em conclusão, não podemos deixar de seguir o rumo que nos é destinado. Apenas temos de usufruir o que nos é dito e darmos à manivela, ou melhor, à chave, para que a nossa vida corra sobre rodas.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

O atraso dos nossos aeroportos! E o povo até ajuda!

Vejamos então agora este espetacular caso!

Um passageiro português chega a um dos aeroportos batidos do continente e passa o tempo a ouvir: "Senhores passageiros para o voo nhaca nhaca com destino a Algures no Mundo devem dirigir-se à porta de embarque qualquer coisa". E além de ouvirmos esta "grande" informação em português, ainda temos de "sofrer", ouvindo a mesma cantilena na língua de origem da companhia aérea ou então em Inglês (apesar de nem ser tão horrível neste caso).

Transportando agora a mesma situação para Espanha ou Itália temos o invés. Em Espanha ouve-se que não se anunciam as partidas pela "megafónia" deste terminal e em Itália nem isso se ouve - chamando a atenção das pessoas para os painéis informativos que, só por acaso, tal como nos nossos aeroportos, são tão comuns que até irritam!

Analisando agora esta segunda situação:

Em Portugal temos inúmeros balcões abertos para o check-in para o mesmo voo. Claro que em alguns aeroportos do estrangeiro (acredito eu que em mais de 95%), o número de balcões disponíveis seja muito mais reduzido. Mas o povo é tão unido (só quando não lhe dá jeito ser diferente dos outros) que quando, apenas e só, existem 3 balcões para entrega de bagagem, que se concentra todo no balcão do meio! No do meio!!!! E mais uma vez, ao contrário do que acontece com o nosso querido país, os assistentes não avisam as pessoas para se dirigirem para aqui ou para ali.

Mas ainda o mais cómico é que quando alguém repara nessa situação e fala um pouco, um pouquinho de nada mais alto, ainda leva por cima.

Não é bonito???? Acho que apenas estamos a mostrar lá fora preocupação pelos outros e não pelos nossos.

O Errado "Culto da Sexta-feira"

Todos nós pensamos que sexta-feira é o último dia de trabalho da semana, mas estamos todos redondamente enganados. Nos fins de semanas, não só os estudantes, mas todas as pessoas em geral, trabalham muito mais do que míseras 8 horas diárias (míseras ao tom da senhora alemã que falou recentemente para os Portugueses).

Se formos a ver, apesar de 98% da população se levantar mais tarde, não temos casa para limpar, matérias para estudar, ou então trabalho no PC para executar, ou ainda, elaborar um complexo trabalho que, por falta de tempo, durante a semana não se conseguiu fazer?

Então podemos concluir algo... A alegria da sexta-feira resume-se à tristeza do domingo à noite, no entanto, a palavra sábado remete-nos para um sentido muito reto no nosso cérebro! Sábado = descanso que, como pudemos ver, não é bem assim.

O ser humano é algo fantástico no que respeita a deduções e induções mentais, mas vejamos... A semana tem sete dias e não 5! O homo sapiens, nós próprios, trabalhamos nos 7 dias da semana. Por isso, o "culto da sexta-feira" apenas quer dizer que estamos fartos dos nossos superiores dos nossos colegas e ainda do nosso local de trabalho!

Não vale a pena minimamente estarmos a esconder o nosso grande desejo: ter dinheiro, saúde e sermos livres. Poucas pessoas têm prazer a trabalhar (infelizmente).

Porque não pensamos assim: segunda-feira é bom: já limpei a casa, tenho tudo feitinho e vou tentar mudar a minha atitude para com os meus colegas/superiores? Se calhar poderei obter melhores resultados...

Back no. 1

Caros Leitores,

Há muito que não passava por cá, é verdade. Dupé tem estado imensamente ocupado com a escola e com outros seus afazeres! Vejamos então no que este regresso dá!

sábado, 7 de maio de 2011

Trabalho n.º Lx, Encontro n.º R

Mais cedo não podia ser. Eu apenas entrava ao trabalho quando a noite se começava a pôr, quando o Sol já estava a passar os seus lindos e brilhantes raios para o outro hemisfério terrestre.

Sempre às sextas-feiras, quando descia do barco das 19h00, corria que nem um desalmado para poder apanhar um autocarro até ao meu trabalho. É certo que a distância era pouca, mas com o mundo que aí se vê a minha opção era manter a minha segurança. Por mais um dia iria estar a olhar o rio depois de trabalhar, era o que fazia todas as noites de sexta-feira, após a meia-noite: subia até ao último piso do edifício e olhava para aquele belo elemento natural. Cada semana o movimento do rio era diferente e isso deixava-me muito mais entusiasmado: a mudança do natural.

Sentei-me na secretária, abri o portátil que levava comigo, liguei o cabo de rede e pronto, pus-me a engendrar planos para combater a crise e poupar recursos das empresas institucionais de transportes do estado. Era chato como tudo. Tinha de estar a pensar em todas as circulações diárias de todos os modos de transporte, mas só aquele pensamento dava-me um gozo bestial.

Centra-me naquele dia na empresa dos autocarros em Lisboa. Era o meu primeiro desafio rodoviário: não tinha muitas bases. Estava ali por ter uma carta de recomendação e pedir um salário não muito elevado. Tentava sempre seguir o instinto, analisar os dados e prever que em determinada hora de determinado dia poderia perder passageiros se tirasse este ou aquele autocarro e podia ganhar se prolongasse a carreira x ao lugar y, substituindo a z, economizando m litros de gasóleo ou gás natural.

Às 23h já me doia a cabeça de tanto pensar em tantas carreiras que existiam e ali não podia mexer em todas as carreiras (já existiam quase 110 anos de transporte público em Lisboa). Não conseguia mais. Tive de parar. Entretanto entra de rompante pela sala a dentro uma rapariga, dizendo que tinha sido minha colega de escola no Secundário. (Eu cá pensei: Credo, nem aqui?!) Ela falou e acabei por convidá-la por subir ao terraço comigo. Trouxemos umas bebidas quentes e um pãozinho para nos satisfazer a fome e passámos mais do que hora e meia à conversa,  matando as saudades que existiam.

A minha memória continuava a atraiçoar-me. Eu não conseguia de maneira nenhuma lembrar-me de quem era aquela mulher! Pensava, pensava, pensava e acabei por não concluir nada. Pedi para ela me acompanhar à saída, porque tinha acabado o meu turno (e já eram para lá da uma e meia da madrugada). Quando chegámos à saída é que me lembrei: "não eras tu que tinhas alguém que por sua vez tinha no blog o tema do metro?" Ela baixou a cabeça e respondeu que sim. E eu, continuando educado como sempre, tentei reconfortá-la.

- "Corre, corre! Vamos perder o barco!!"
- "Eu não vou", respondeu ela.
- "Vem aqui ter amanhã à mesma hora, acho que precisas de me contar o que se passou", disse eu.

As conversas nunca se finalizam num único encontro. Muitas vezes, elas são intemporais. As pessoas é que têm de ver como abordar as outras de forma correta, a fim de continuar o que ficou inacabado, especialmente quando além de uma relação profissional, se tem uma relação pessoal.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Para o Luís e para a João

Corriam lá fora os meses frios de inverno e eu, como de costume, sentado ao computador, lembrei-me de ir meter conversa com o Luís. Bem, quem diria que de uma simples conversa se teria desenvolvido o que se desenvolveu. Nós já tínhamos sido colegas há uns tempos e ele sempre me tinha marcado por ser uma pessoa dedicada aos outros, amiga das outras pessoas e inteligente. Mas o curso de Inglês tinha acabado e pronto, ponto final parágrafo (pensei eu).

No entanto, nada foi assim. E neste último inverno, voltando ao passado recente, reparei que ele não me parecia bem, coisa que tentava ver através da escrita dele. No entanto, não me enganei. Ele andava aos altos e baixos e o que eu podia fazer ela fazer percebê-lo que havia solução para tudo e para todos os males. E assim foi, ele arrebitou até perceber que estava perdidamente apaixonado por uma rapariga. O Luís caracterizava-a como sendo atenciosa, dedicada, carinhosa e simpática, mas acabava sempre por ter ou receio da resposta dela, ou então, faltava-lhe a coragem. Acho que lhe chateei tanto a cabeça que o pobre do rapaz decidiu ir ter com ela e dizer-lhe as coisas todas. E aí começou o que eu chamei de "algo que eu já conhecia de antemão".

E sim, todos aqueles vais e vens, altos e baixos habituais depois da resposta da João tinham sido completamente normais - como tinha dito ao Luís, no entanto, nunca lhe confessei uma coisa muito importante: se ele perder esta etapa e ficar muito tempo em baixo nada feito - sem força de vontade, nada se consegue.

O tempo foi passando até ao ponto de achar que podia fazer algo por eles. (Finalmente alguma intervenção que não desastrosa!). E conheci a João. O Luís tinha razão em relação ao que dizia e acabei por aplicar neles o que tinha aprendido na escola e na escola da vida. A Psicologia dá muito jeito especialmente para estes casos!

A João estava confusa e eu pouco ou nada podia fazer: mal a conhecia e não podia fazer nada sem ter a mínima consciência de que o objetivo final era eles ficarem juntos. Consegui apanhar algo que me interessou bastante: Frases controversas!

E por aí peguei, armando-me em Psicólogo, tentei levar a bom porto a João, fazendo sempre o esforço de manter o Luís naquela de "não desistas, vá lá, só mais um bocadinho...". Após alguns dias consegui! Não fazia mais sentido aqueles dois estarem tão empolgados um com o outro e não desenvolverem nada entre eles: já pareciam dois parvinhos que não olhavam um para o outro, mas que se amavam perdidamente!

Fazia-me sentido na cabeça e ao que parece na daqueles dois também a utilização das férias da Páscoa para solucionarem a questão que perdurava. E assim foi, aqueles dois ficaram felizes. Ele, já sem medo das novidades. Agora o que ele deseja é partir à descoberta do mundo novo que lhe apareceu à frente. E ela a viver na felicidade, sem medos à mostra, apenas com um único receio - não querer minimamente fazê-lo triste.

Como já disse terminei a minha intervenção convosco e não me interponho mais, a não ser que me peçam vocês! Foram tempos importantes aqueles que passei com o Luís e com a João, mas, para não cair em saco roto, temos todos de ter a perfeita consciência do fim. E ele, aqui está!

Sejam felizes, porque o merecem...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

No meio dos campos do Além tejo

Marco saía todos os dias de manhã, com todas as cores na paleta que ele mais gostava: quadrada, enorme, onde conseguia juntar cores até dizer basta. Aquele rapaz pegava na trouxa e caminhava sem rumo até a um ponto qualquer, marcando sempre o chão barrento, de 500 em 500 metros, com um pouco de tinta preta, que ele comprava para esse efeito.
Aqueles campos alentejanos mostravam o esplendor. E Marco, rapaz pintor, cobria todas as suas telas vazias com paisagens verdejantes na primavera, mais amareladas no verão, acastanhadas no outono e imaginava a neve no inverno. Coisa que ele nunca tinha visto.
Em casa dele, um pequeno casebre sem luz elétrica e sem água canalizada, expunha numa parede todos os quadros e parecendo ou não coincidência, todos eles mostravam ser a continuação dos anteriores.
Ele à tarde, deixava uma segunda marca no local onde estava a pintar e regressava de novo ao casebre, para ir guardar o gado, seguia em direção ao norte todas as 3.ªs e 5.ªs feiras e em direção a este, a Espanha, durante os outros dias. Caminhava em conjunto com o gado por estradas alcatroadas, mas com pouco tráfego automóvel. Os sinos das ovelhas tilintavam constantemente e Marco adorava ouvir aquele som. As ovelhas eram o ganha pão dele: quando as conseguia vender, conseguia dinheiro para comprar novas tintas para pintar e por sua vez, duas vezes por ano acabava por tentar vender aquilo que ele pintava.
Certo dia, a maioria das suas ovelhas foram atropeladas na estradas alcatroada em direção a Espanha, enquanto o rapaz pintor estava a urinar atrás de uma árvore. Ele tinha deixado de as ver durante um minuto e durante tal tempo zás! Apenas tinham restado 2 ovelhas.
Marco saiu daquele local rapidamente, fugindo. Ele não conseguia olhar para tanto sangue que ali existia e quando chegou a casa, com as duas ovelhas já com ar de mais mortas do que com vontade de viver, pediu aos céus para iluminarem o seu caminho daí em diante.
Sem ovelhas o pintor não poderia expor no inverno os seus quadros e as paisagens que ele pintou a partir desse momento eram frias, com as tintas mais baratas: na loja onde ele comprava as tintas, o preto e o branco tinham o mesmo preto, eram as cores mais baratas; depois seguiam-se as cores mais frias e por fim, as mais caras eram as cores quentes.
Com o pé de meia que Marco tinha apenas conseguia comprar cores frias e muito de vez em quando. Pouco tempo depois da morte das ovelhas, as paisagens dos quadros dele tornaram-se frias, com o céu cinzento, prados azuis, searas brancas. Não existia a realidade naquela cabeça. Ele tinha distorcido por completo a impressão do que via, imaginando o seu mundo, onde ele era o culpado pela morte das ovelhas.
Não existiram com prazer, exposições de quadros junto ao Natal, não houve muito mais dinheiro para as cores quentes e Marco entrou num mundo completamente dele, tomando conta das duas ovelhas junto dele, seguindo agora sempre o mesmo caminho para pintar todos os dias.
Com vontade de mudar, mas sem posses, o pequeno pintor sucumbiu ao que tinha para poder viver, mais ou menos feliz, o resto da sua vida.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

TPC de Matemática

Sempre gostei de Matemática desde pequeno. Brincava com os número e aprendi a contar cedo. Contas, números ordinais, números cardinais, numa 1.ª fase. Depois os números romanos e as tabuadas, os fracionários, os negativos. Por fim já aparecem números com vírgulas e raízes e ainda incógnitas e agora números imaginários.

A Matemática apresenta inúmeros trabalhos de casa desde cedo até ao final do 12.º ano, pelo menos… Mas o facto de um trabalho de casa poder mudar o rumo de uma vida é algo que é muito raro acontecer, mas deu-se.

Naquele domingo de início de ano letivo, eu não me lembrava do trabalho de casa de matemática acerca dos volumes: parte que sempre gostei e adorei.

Eu peguei no pequeno conhecimento que tinha dos meus novos colegas e perguntei o que era o TPC. Se eu não o tivesse feito tinha tido uma vida diferente. Será que era mais feliz? Ou mais triste? Será que me tinha conseguido tornar um pouco mais independente do que sou? Será que tinha crescido como cresci?

Há alturas do dia em que não me arrependo tremendamente de tal pergunta que fiz há quase três anos. No entanto, há outras alturas em que pensar na origem de “tudo” mostra-me o que eu não deveria ter feito.

Se calhar fiz uma má escolha, ou então fiz bem porque acabei por aprender…

sábado, 26 de março de 2011

As noites não são sempre calmas, (in)felizmente

Pairava já há uns dia sobre o meu novo espaço de trabalho. Tinha acabado de aceitar uma nova oferta de trabalho. Além de ser Presidente da Câmara Municipal da minha cidade, ainda era responsável pela gestão de um Centro Hospitalar.

Tempo para mim não havia. As refeições ou eram tomadas no hospital ou na Câmara Municipal. E fazia sempre o trajeto de autocarro, tanto de casa para um dos trabalhos, como entre eles. Não tinha a mínima vontade de andar a poluir o meio ambiente que tanto tinha ouvido na escola para preservar. Sempre que me lembro disso vem-me à memória todos os professores de Ciências, a falar da preservação dos ecossistemas ou do aquecimento global - de facto é algo que o homem não considerou quando começou a revolucionar a indústria e que é drasticamente importante, mas... é abusiva a forma de tratamento nos diversos anos de ensino.

Lembro-me da rotina daquela quarta-feira. Todinha... Como de costume, levantei-me às 7h13 para higienizar-me e antes das 7h30 estar a tomar o pequeno-almoço, para até às 7h47 estar na paragem a fim de apanhar o autocarro que me levava ao hospital onde eu fazia questão de entrar até às 8h15 todos os dias. Após o trabalho naquele enorme complexo de saúde e dado que na véspera tinha tido uma alteração de rotineira devido a uma reunião na Câmara de manhã, dizem-me para ir à Igreja do centro da cidade. Espantado com o que me tinham dito, anui ao pedido e aventurei-me pelos transportes até ao centro. E quando lá cheguei as lágrimas começaram-me a cair. A pessoa com quem eu barafustava quando era adolescente, bem como fartava-me de dar conselhos estava ali, dentro do caixão castanho que contrastava com a branquidão das paredes. Eu ao entrar, com uma calmaria não habitual, fiz ranger a porta de madeira que ali se opunha à minha entrada.

Era tão nova a última vez que a tinha visto. Tinha-se acabado de graduar. E agora está ali à minha frente inanimada, com o coração parado, com as ideias em standby definitivo. Peguei em mim e nas minhas forças e saí daquele espaço. Não a conseguia ver morta. Nunca! Ela não merecia aquilo, ainda por cima tão nova ainda. Atrevi-me a perguntar ao rapaz que estava a fumar à porta o que se tinha passado, até que percebo que ele também tinha sido meu colega de escola. Tínhamos andado os três no secundários juntos e ele era o marido dela. As únicas palavras que o meu ex-colega me disse foi acidente de carro. Cá, fora, longe da presença dela derramo as minhas lágrimas a torto e a direito. Depois disso, mas ainda com a tristeza presente na face reentro na igreja e aperto pela última vez a mão esquerda dela. Já estava fria. E ela sempre era quente, alegre e bem disposta.

Não aguentei de novo. Saí de lá e cheguei à Câmara. Encharquei-me em comprimidos para me dar sono e deixei-me dormir na minha secretária. Aquele dia já me tinha dado demasiadas emoções. Vê-la ali, e ao marido a fumar à porta foi demais para mim.

Não conseguia olhar, retrai-me depois quando acordei e deixei-m escorregar pela porta do gabinete a baixo. O que eu perdi!, exclamei. Fechando também os olhos de seguida, para tentar esquecer o que se tinha passado naquele dia, a minha cara conseguiu voltar ao que era, mas a dor, cá dentro permaneceu a mesma desde aquele minúsculo dia que demorou imenso a passar. Já era noite...

quarta-feira, 23 de março de 2011

O destino não será tramado? Lá no fundo ainda nos ajuda....!

Acabo por ser muito supersticioso. E tudo o que gira à minha volta acaba por me indicar o caminho mais correto para a minha vida. Vejamos este exemplo. É pena, mas bateu tudo completamente certo. Infelizmente a vida torna-nos atentos a estes sinais:

- Achar uma pessoa completamente bonita e no dia seguinte feia como tudo. Já viram, como podemos mudar de opinião? Já parece os pressagos que por vezes existem nas obras literárias que nos fartamos de analisar em Português/Língua Portuguesa.

- Males feitos e males entendidos, bem como personalidades bem contrárias. Mais um santo exemplo da minha burrice. Porque é que eu andei feito tontinho a tentar remediar as coisas por três vezes? Uma devia ter bastado...

- Rapazes.... e Raparigas. Se os horizontes se abriram para outros lados, porque é que a minha santa mente ficou empatada ali naquele momento?

- Telemóveis. Sonhos tidos.... Sonhos concretizados. O verão corria no seu auge e eu andava a deambular no meio dos transportes da minha cidade. Porque é que não dei por terminado (ou melhor quase terminado) a situação, e não, acabei por tentar adaptar-me à situação e olha.... colhes aquilo que semeias.

- Crescimento e Escrita. São parceiros lado a lado. Quando um acontece, a outra muda e torna-se mais firme e muito mais evoluída e com mais sentido Eu percebi a mudança, mas mantiver-me no meu cantinho e ignorei-a.

Hum... acho que eu ao mesmo tempo quero contrariar o destino e não o contrariar. O que eu faço? Tento ter um misto entre ambos os feelings e viver. Acho que é o mais correto. Mas como tudo por vezes custa e faz-nos cair na tristeza. Por outro lado, faz-nos sorrir e ficar contentes.

terça-feira, 22 de março de 2011

Da minha janela eu vejo... #6

Aquele dia está soalheiro. Andava eu atarefado de um lado para o outro como de costume, até que cheguei ao meu amarelo gabinete, com uma faixa verde ao meio da parede e enchi os pulmões de ar - parecia que tinham lavado tal sala luminosa. E de facto tinha acontecido.

Deixo as minhas coisas em cima da mesa e sigo para a porta em frente, falando assim com a chefe dos funcionários, perguntando quem é que tinha limpado o meu gabinete (dado que normalmente sou eu que o limpo!). A funcionária responde que tinha sido um aluno de 12.º ano. Ele estava tão, mas tão triste que acabou por lhe pedir para fazer alguma coisa. Eu, com o meu estado espírito de esponja absorvente, fiquei a pensar e tive de encontrar o aluno!

Assim o fiz. Nesse mesmo dia acabei por conseguir falar com ele e, ao mostrar um ar tão carregado, convidei-o para tomar um café no meu gabinete - o dia já estava no fim, as luzes da rua já estavam acesas e o frio aí vinha.

Ele começou por derramar umas pequenas lágrimas sobre a mesa preta. Dizia, ensoluçado que tinha perdido confiança nele próprio, porque não conseguiu cumprir o que a amiga lhe tinha pedido e ele tinha prometido. Ouvi-o por mais de 10 minutos e acabei por intervir:

- Sabes, não fiques assim. De certeza que ela não fica amargurada por tu não teres resolvido um mistério médico. A amizade é mais do que isso. E até é muito mais do que ir daqui à Lua e voltar.

Ele não se convenceu, porque dava extrema importância à tal rapariga (e, cá para mim.... ele é obcecado por ela) e disse que devia ter posto os medo de lado e enfrentado quem conseguia para saber o que tinha de saber! Eu sorri, mas fiquei triste interiormente. Eu próprio naquela situação não saberia reagir.

O rapaz acabou por beber o café e sair da sala, pedindo um lenço para limpar as salgadas e transparentes lágrimas que derramava constantemente daqueles dois lindos olhos castanhos. Ao sair agradeceu-me o bem que lhe tinha feito falar e pediu-me para eu pedir desculpa à tal rapariga por ele não conseguir ter atingido o objetivo que se tinha proposto.

Para mim, o pobre rapaz não queria desiludir em nada a amiga, mas não conseguiu, porque na nossa sociedade acabamos por encontrar regras e muros dentro de labirintos infinitos.

Já não o via, mas saí a correr da minha sala e dirigi-me a correr para a porta chamando-o. Ele estava ao longe, no fim da outra rua. Quando ele olhou para trás desapareceu. Tinha dado um tropeção na calçada e tinha caído. Por azar do mesmo estava um carro a passar na mesma altura. Ficou ali o pobre rapaz. E eu, a única coisa que podia fazer era chamar o 112! Acabei por chorar o que ele tinha chorado por tudo o que se tinha passado naquele dia. Os meus olhos, as minhas janelas naquele dia, estavam tristes também.

sábado, 19 de março de 2011

Parede com sentido...

Pinto a parede com lápis de carvão. O que antes era a minha parede branca, de lado, onde a cama estava estava encostada, agora está rasurada com ideias e bonecos mal feitos a carvão. A cor não vem e as tonalidades da grafite acumulam-se naquela parede que era tão perfeita.

Como é que algo deixou de ser perfeito para se tornar imperfeito? É como que um retrocesso, quando a parede esteve a ser construída pela primeira vez com cimento e tijolo.

Hoje chateei-me com os desenhos que tinha feito a lápis na parede e peguei num balde verde, redondo cheio de água e esfreguei a parede. Não queria retrocessos. Não queria sentir a força de algo que quer estar limpo, brilhante e na calma contra mim, (sim, porque eu estava a estragar uma bonita parede branca). A única coisa que lhe posso fazer é dar-lhe cor, mas, como disse, elas não chegam.


Silêncio.... Toque do WLM. Parece que mais alguém precisa de uma informação importante.

O que eu fiz? Escrevi num post-it que a minha parede que era branca não pode deixar de o ser e inferiorizar-se e tenho de conseguir as cores de forma rápida e segura.

PS: As próprias paredes têm vida, sentem o que nós sentimos.

Recordações #4

A minha cabeça pensa em Portalegre. Chovia muito, e eu aclamava que queria viajar para a América. Nas estradas com curvas, andava eu de estômago às voltas, mas o meu companheiro pequeno e portátil acompanhou-me no banco da frente do meu carro, preto, grande e alto.

Questionei-me o que deveria fazer? Estava a mais de trezentos quilómetros e nada.... Apenas pensava que deveria sorrir e transmitir boa disposição, afinal nunca tinha passado nem por aquilo nem naquela estrada, e muito menos naquela cidade.

Lembro-me como se fosse hoje, as curvas daquela estrada nacional ecoavam com o frenezim e com a tristeza que existia. Eu só pensava que havia choro associado e não podia fazer nada. O meu coração bombeou mais sangue e as curvas cada vez eram mais fechadas. Eu bafejava os vidros do carro e mal arranjava uma solução. Tinha de tomar uma medida. Ou ignorava ou fazia algo que era profundamente chato ou ainda, entrava no jogo e ajudava.

Silêncio..... 1 mensagem nova recebida.....

O que eu fiz? Ajudei - ganhei o meu tempo em perceber a realidade de outros que influenciaram a minha vida recente

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma agenda????

O blogger aqui do lado (autor de Another Soul) deixou-me há uns meses esta imagem que ele tirou da Internet no meu mail:

E precisamente eu me pergunto se agora eu sinto isto.... A resposta é não. A filantropia e o altruísmo não cansa. Os altruístas é que não desenvolveram resistência suficiente para aguentarem tal nível de filantropia.

Em palavras miúdas, quem gosta de ajudar tem de ter uma grande força de vontade e paciência! E nunca pensar que é uma agenda.

Já agora, quem ainda não pensou que o altruísmo podia ser cansativo? Quase ninguém. E de facto, tenho de realçar que os altruístas são cada vez mais raros!

Aproveitem os que ainda existem à face da Terra!


segunda-feira, 7 de março de 2011

Desejos e notas...

A noite de sexta-feira ao chegar prometia uma grande mudança. E de facto ocorreu, após alguma confusão entre as partes interessadas em alterar uma pequena coisa que fazia a grande diferença para muitos. Consegui ganhar tal alteração - até parecia no tribunal, metendo "advogados" e tudo. Foi engraçado.

Mas muito mais giro, foi o que aconteceu depois disso. Depois de grande mudança, desci ao encontro das borboletas brilhantes, onde me deparei com as memórias escolares - as reuniões, as notas, tudo o que era meu, mas antigo, quando tinha começado o secundário. Deliciei-me a folhear tais páginas um pouco empoadas já.

Tanto quis reclamar com alguns professores que tive, como ao mesmo tempo, sorria quando via que os meus colegas tinham uma avaliação justa. E de facto, isso fez-me ter lágrimas ao canto dos meus castanhos olhos. Ali, no meio de tudo que já estava esquecido, todos os meus registos que sempre quis ver e toda a (in)justiça que sempre se questionava.

Saí de lá com a cabeça levantada, pensando que, as pessoas, ou melhor, os meus amigos, tiveram a justiça! Tiveram a grandeza, tiveram o prazer das boas notas. Tiveram o alívio de estar bem na carreira académica!

Um abraço para todos eles!

E depois disso, a chuva parecia atormentar o caminho até casa. Ao rever as fotografias antigas, acabei sempre por desejar as memórias e todos os sentimentos de tal época.

No fim de conta, precisamos de sorrir para viver! E esta é a minha maneira de contornar a minha modesta maneira de ser!

sábado, 5 de março de 2011

A viagem de barco

Passava a mão na testa de cansaço. Era uma sexta-feira à noite. Como qualquer sexta-feira habitual, depois de chegar ao trabalho, visto a famosa bata branca com riscas verdes, e começo a trabalhar com o microscópio ótico. Era o dia da semana em que me calhava fazer a manipulação medicamentosa de substâncias. De todos os meus trabalhos, era o que mais me custava, dado que estava num cubículo fechado durante a manhã toda a estudar ou melhor a preparar material para a segunda-feira seguinte.

Já era rotina. Às 12h33 saía do laboratório e ia almoçar. Depois, saía do meu local de investigação com a bata no braço, meio dobrada com a pasta pequena na mão esquerda e dirigia-me para a faculdade onde dava aulas. Tinham-me colocado ali, e apesar de eu ter aceitado tais grupos turmais - não turma pela sua dimensão - acabava sempre por sorrir para os alunos. Nas sextas-feiras à tarde eles tinham comigo, Fisiologia Terapêutica, a minha especialização.

Chegava sempre ao final da lição derreado, porque tentava lidar com eles bem, mantendo um certo distanciamento, mas sempre com alguma liberdade de movimento e escolha - dado que apenas tínhamos 3 a 4 anos de diferença em média.

Depois disso, acabava por ir para o meu gabinete da faculdade levantar o correio e preparar as aulas para segunda-feira de manhã. A hora do jantar acabava por chegar e lá ia eu, com o chapéu de chuva aberto, até à cantina mais próxima. Ao jantar as pessoas que serviam a comida eram as mesmas, por isso, já que quase me conheciam tu cá, tu lá.

Nessa noite de chuva acabei por voltar ao gabinete, à espera que a chuva diminuísse de intensidade a fim de eu poder apanhar o barco depois do metro, para finalmente chegar a casa. Aquela noite era especial - era a última noite que eu fazia tal viagem. A partir da semana seguinte eu apenas teria de apanhar um autocarro para me deslocar para o laboratório ou então para a faculdade.

A chuva acabou por me atraiçoar os planos e como não "acalmava" decidi meter-me num autocarro que me levava à estação dos barcos. Acabei por apanhar o penúltimo barco do dia e emocionei-me na viagem. Os anos que eu tinha passado dentro deles. Os minutos que eu contava até chegar ao destino. O desejo que muitas vezes eu apresentava para chegar a casa rapidamente. Tudo isso iria ser substituído por uma simples viagem de autocarro. Ao menos, andaria nos amarelinhos todos os dias, serviço de autocarros que sempre gostei.

Apesar de tudo cumprimentei os tripulantes da travessia e agradeci pelo que tinham feito nas várias viagens que me transportaram.

No final de contas, era uma travessia importante para mim, que apesar de tudo o que a ela estava associada, terminou. E em casa acabei por pôr na parede um post it a relembrar as memórias das viagens de 20 minutos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

One friend...

O Luís. É um amigo. Sim, ele é um amigo verdadeiro. Apesar de nos termos conhecido há 4 anos e só há pouco tempo (um mês, se for) é que nos apercebemos que nos podemos ajudar mutuamente nas nossas quebras de contentia.

Ele tem o mesmo sonho de profissão que eu, mas sem dúvida que o vai conseguir concretizar! Espero que tudo lhe corra bem.

E acrescento, concluindo, que, a insubstituibilidade é algo que nos atormenta momento após momento - e que quem é insubstituível torna-se por vezes, na crua realidade da vida!


Estou aqui para alguma coisa, caro Brázio!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Recordações #4

É difícil após isto tudo, não só textos, mas também a co-existência com a realidade, a questão chave de toda a nossa vida mútua. Neste momento, é pouca, mas foi bastante, não confundido amizades. Os tempos passados foram felizes. Será que o futuro será feliz também? Voltar ao passado, com inspiração do presente?


Será?

Mini-frase #6

Custa, mas é a verdade. Por mais que nós não queiramos, a realidade persegue-nos nas 24 horas da nossa vida.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mini-frase #5

As amizades regridem. O tempo passa, e caso não façamos nada, os sentimentos rebaixam-se ao ponto de desaparecerem.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A felicidade dentro da rotina

Depois do café do costume no snack-bar do costume na mesma cidade de frente, acabo por pegar na pasta, e sendo ainda de noite, ponho o carro a trabalhar. Ligo os médios e sigo até ao fim da rua em primeira. Faço pisca. Estava o meu primeiro dia de trabalho a começar. Tinha tido demasiados anos de estudo e após concluir tudo com uma nota muito boa, o carro tinha-se tornado indispensável para o hospital onde tinha conseguido colocação. Levava a minha bata branca no porta bagagens.

Não me fazia diferença levar o meu colega que sempre esteve um ano à frente de mim na faculdade para o trabalho dele: ele ia comigo até à estação do metro e aí apanhava a linha vermelha até ao dito cujo sítioonde trabalhava - assim ele também poupava um pouco no passe e acabávamos por pagar o combustível a meias, o que era muito mais rentável.

Todos os dias, à mesma hora, estacionava o carro, cumprimentava o segurança que fazia o turno da noite no estacionamento e punha o carro no lugar que me era destinado: 123.

Subia as escadas rolantes que eram de rapidez tal que acabava sempre por ficar um pouco atarantado quando chegava ao rés-do-chão. Era aí que trabalhva. Naquele dia, ao analisar a escala de serviço, tinha-me calhado o atendimento ao público. Eu detestava esse trabalho. Apesar de gostar das pessoas, acabo sempre por me emocionar com as doenças dela, porque ao ter tido cadeiras e cadeiras de farmacologia, já me saltavam à vista a maioria das substâncias ativas existentes naquelas prateleiras. Acabava sempre por apertar a mão do paciente ou da paciente e desejar-lhe as melhoras, acompanhado de um sorriso ligeiro, mostrando os dentes esbranquiçados pela lavagem que fazia diariamente quando chegava ao serviço.

O que tornava diferente a viagem de volta era a companhia. Desta vez, normalmente trazia uma colega minha, sempre igual ao que foi desde pequena, apenas tinha tirado sinal que tinha no queixo. Não havia mais nada que ali tivesse mudado. Eu, acabava sempre por ligar o rádio e colocar audível a estação de rádio predefinida com o número 3 em 93.2 MHz. MAs ela acabava sempre por fazer zapping por todo o rádio.

Quando chegava a casa, contava os quilómetos feitos no dia, na tabela própria para sabwer a percentahgem do seguro que tinha de pagar do carro anualmente. Nesse dia, apesar de estar um lindo dia de Sol, este não podia ficar a brilhar no céu 24 horas seguidas. A noite tinha chegado e eu tinha de me conformar com isso. Sim, porque não existe um novo dia sem uma noite, seja ela chuvosa, coberta de luar, ou apenas nublada, sem brilho. Eu, no meio da prede do meu novo quarto, tinha um grande desenho: três pessoas juntas. No fundo era uma fotografia, mas um colega de artes tinha-me desenhado e pintado tais pessoas em tamanho grande na parede.

Nessa noite não me deu vontade para mais nada, senão começar a escrever ao lado do que estava desenhado na parede: adjetivos, metáforas, palavras sem qualquer nexo. O que interessava era relembrar todas as ações e as coisas boas que aqueles dois grandes amigos passaram comigo, ou seja, o rapaz da boleia da manhã e a rapariga da boleia da tarde, ambos com as suas vidas construídas de forma feliz.

Assim o fiz. Uma parede ficou repleta de palavras escritas com tinta de cor preta. Quando acabei, sorri. Ela era forte como a pedra e ele era medroso como um ser humano num sítio onde não se sentia bem pela primeira vez. Esses foram os últimos adjetivos que eu escrevi na parede.

Depois de tudo isso, acabei por derramar algumas lágrimas e fui-me deitar, para que, no dia seguinte, pudesse sem qualquer custo, rotinar a vida normal.

Quando eles saíam do carro, todos os dias, eu dizia: Obrigado! E eles diziam, de seguida, Obrigado! Eram obrigados diferentes, mas iguais ao mesmo tempo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mini-frase #4

Sentir que já fizemos a nossa parte é o mais precioso e mais acertado. O que podemos desejar apenas e agora é que, no futuro, as pessoas encontrem alguém melhor do que eu.

Desta forma poderão sentir muito em relação ao que uma pessoa realmente é.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Desabafo #6

Estava no meio da minha aula de Área de Projeto quando, me vêm à ideia os comportamentos adolescentícios pouco bonitos que por vezes calho em ter. Um colega meu tinha entrado na aula à pouco tempo e estava a falar com outro meu colega. Eu olhei para o lado e deixei as tabelas de Word que estava a preencher.

Ali estava ele com a mala do costume. Os meus olhos, como habitualmente, abriram-se por completo e minha boca fez com que fizesse cara de mau, sério e com pouca paciência - a minha cara habitual - (mas que até dá jeito para evitarmos falarmos com pessoas nos centros comerciais quando temos pressa acerca de contas bancárias ou outros equivalentes), no entanto, e, pela primeira vez, os lábios caíram. A minha expressão facial entristeceu, tornou-se mais carregada, menos clara e mais abafada pela força bruta que cada vez mais eu fazia ao carregar nas teclas do computador.

Lancei naquela altura inúmera questões, sobre inúmeras atitudes, onde, e aproveitando uma expressão de uma amiga minha, os meus olhos deitavam faíscas a torto e a direito:

- Se naquele dia frio de janeiro, quando o sol já se estava a pôr, eu não tivesse mandado mensagem a um colega a tentar controlar uma "relação", e tivesse deixado as coisas fluírem normalmente entre eles?

- Se naquele dia cinzento, numa sexta-feira, eu não tivesse tido Inglês à tarde e me tivesse deixado ficar por casa, seria a minha melhor amiga mais feliz agora?

- Se eu me tivesse apercebido da minha fraca capacidade emocional - por vezes, sim é verdade - para alguns assuntos, teria mudado de escola e teria sofrido menos?

- Se eu não fosse tão sentimentalistas nalguns casos, teria ainda motivos específicos para me poder levantar dia após dia a sorrir com uma enorme vontade?


Sim, e depois de tudo isso, acabei por me abraçar a uma amiga minha do meu grupo de AP durante cinco minutos. Faltavam 15 minutos para o fim da aula, mas eu não me queria martirizar muito mais. Pedi para sair e deambulei até à Associação de Estudantes, a fim de deixar o meu material no armário. Estava com cara triste. E, sendo realista-negativista, o que é bom, e me é valorizado, acaba por ficar armazenado cá dentro e poucas vezes dito a todos, memorizado - a caminho do inconsciente humano.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

6.ª feira, sendo como 6.ª feira 13

Hoje foi um dia menos bom. Quem me dera que ele tivesse sido melhor! À noite, intervim de forma fraca na Biblioteca do Barreiro.

E na aula de AP tive um grande flashback. Outro. Daqueles que nos deixam tristes, porque não agimos de forma correta perante algumas atitudes recentes.


Campo... Campo.... Quero ir ao campo respirar fundo e não pensar nos testes da próxima semana, pelo menos, hoje.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Hoje....

Hoje tive imensos flashbacks. Olhei para aquela sala com o teto um pouco encardido com tantas memórias e saudades das pessoas e das ações :'(.  Quem me dera que pudesse ter um pouco mais daquilo, ou então, se tivesse gravado um pouco daquela altura.


Parece que foi ontem que tinha Matemática naquela sala. Estou cheio de saudades!!!!!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma tábua de madeira

É como desenhar um boneco qualquer a carvão, com pouca cor e brilho - apagado de tudo o que é colorido e brilhante. Àquela folha de papel, golfadas de ar, fazendo soprar os restos da borracha que ali estruvavam a contínua leve mão a desenhar na folha branca.

Numa base tão sólida como tão líquida ao mesmo tempo, a folha do desenho de carvão estava em cima de um aquário paralelípepedo com um tampo de madeira já velha e com poucas forças para resistir muito mais.

Num dos lados a madeira parecia dar de si, já se rachava e eu, acabava sempre por tentar fazer mais força no outro lado, para fazer com que aquele pedaço de história se pudesse manter ali vivo e na forma mais ou menos original como quando me foi oferecido, há uns anos, no verão, em pleno agosto.

Quando não tenho vontade de continuar o desenho, guardo-o na primeira gaveta do meu camiseiro, mas conitnuo a ver tal tábua semi-partida e ela faz-me chorar, pensando que ou eu consigo arranjá-la, ou então, todos os meus sonhos vão por água abaixo.

Sim, aquela tábua de madeira era a razão pela qual eu podia dizer que sonhava todas as noites por um futuro tão estável e harmonioso.

Mas tenho dúvidas das minhas capacidades. Não sei se estou em pé de igualdades com os bons! Tenho medo, mas agora já não mundinho - a tábua já está rachada. E não tenho magia para a concertar.

Só posso fazer isso daqui a uns anos - tenho medo...

PS: Não sei se tem muito sentido os segmentos frásicos anteriores, mas é um ficfacto text!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Rain

Hoje nem chovia, mas o que é certo, é que adoro a música de fundo. Além de eu querer que tivesse sido a música para a avaliação de aeróbica em Ed. Física - claro que não podia ser na versão acústica -, esta música faz-me pensar um pouco no futuro. Num futuro inspirador, bem dizente, com vontade de seguir em frente e percorrer o caminho dos sonhos.

Rain, pode significar chuva, mas eu digo que para mim, neste caso, significa lágrima! Tanto de alegria, como de tristeza!

Rain and rain and rain! Penso sempre que a vida nos indica algo. E de facto, ela indica-nos o caminho. Mas eu sou muito medroso para fazer algo.

Espero que eu também depois, consiga passar a barreira, e siga em frente, não fazendo nenhuma grande curva na linha reta que pensamos que é a vida.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

This is true!!!!

De facto, qual é o adolescente que não tem desavenças com a família e pode vir aqui desabafar para o blog.

Quero chamar à atenção aos leitores do Ficacto, que tal como o nome do blog indica nem tudo o que aqui é grafado é real. Para as pessoas que não me conhecem minimamente pensam que tudo é verdadeiro ou que é tudo falso, o que não é verdade!

Carece de muita atenção a minha escrita para ser decifrada, sabendo assim se é uma parte verdadeira ou um parte falsa.


Gosto muito da minha família, mãe, avós maternos e ainda não posso deixar de fora alguns amigos muito importantes!!!!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Daily routine...

Tudo se está a tornar insuportável dentro de mim. Levanto-me e todos os dias me dizem "as pessoas devem achar que és maluco por ires tão cedo para a escola". E eu respondo, "vem comigo para a paragem de autocarro e vês porque é que vou tão cedo.". Acabam por engolir em seco o que digo e acabam de me preparar o pequeno almoço.

Depois disso é o autocarro. Tanto faz ser velho como novo, de piso rebaixado ou não, é a única altura do dia em que não me preocupo com isso, no entanto, se começar o dia num autocarro novo é diferente, porquê não sei, mas sinto a diferença - é psicológico. E também há outra relacionada com isto: quando perco o autocarro do costume, o dia corre sempre mal. (E será que as pessoas não leem as regras: " As crianças com menos de 4 anos podem viajar gratuitamente, desde que não ocupem lugar" - mas vimos sempre lugares sentados ocupados só com crianças com menos de 4 anos e as mães em pé - menos uns lugares sentados, acabo sempre por pensar).

Enfim, chego à escola. Todos os dias o primeiro aluno a entrar por aqueles portões verdes. Vou para a sala da AE. Ligo a TV e converso com as funcionárias da limpeza. Há com cada história entre elas...

O resto do dia é normal, com mais ou menos bocas, mas isso, quem é que não sofre - só quem não é diferente do normal e evidencia ao máximo essa diferença.

Com mais ou menos serão feito, venho para casa e aí se apanho um autocarro velho parece que a tristeza se apodera de mim. E acabo por chegar a casa e ouvir: "não estudas, metes-te em tudo, coisas que não são para ti". Eu engulo em seco e continuo a minha presença no computador. E todos os dias é isto. Ouço a família a dizer sempre isto.

O facto é que quando vou dormir e apesar de ter ido para cama cedo, como ia no básico - por volta das 22h, a minha cabeça não para de pensar. Acaba sempre por ter ideias novas para o projeto X ou Y, ou então, lembro-me da resolução de alguns exercícios de Matemática que me deram cabo da cabeça na véspera. Acabo por ter sonhos bons por vezes, outras noites são pesadelos horríveis. E acordo a meio da noite... Perguntando... Onde é que está? O que se passou??? Chorando um pouco por vezes.... Hello, I'm here.

O que sei é que não quero ser infeliz, mas também não me quero envolver em mais atividades para tapar saudades e faltas sentimentais.... I'm crying.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Afinal, abrem-se os horizontes

A vida continua a correr, os dias não param, a rotação da Terra, o nosso planeta verde, segue o seu ritmo natural, trancando aos humanos a vivência do passado.

E eu, supersticioso ao máximo, acho que se conheci as pessoas que conheci, alguma razão existiu e durante o espaço de tempo que as pessoas se relacionam a um nível firme e elevado mudam-se umas às outras e acabam por ter um papel importante na vida da pessoa em causa. Ou por bons ou por maus motivos, existe sempre alguma razão para que a importância fique gravada cá dentro e que seja difícil esquecer.

E de facto, quanto mais é ligação à outra pessoa, maiores são as recordações que ficam. Mas tudo tem um termo. Com tudo isto digo que, quem se relacionou comigo, leva de mim duas impressões: uma boa, de amigo altruísta e filantrópico, uma má, de mandão e controlador. Como são extremos e associando isso à minha difícil personalidade digo com quase toda a certeza que as pessoas aprendem bastante ao relacionarem-se comigo. E ficam de caminhos abertos para o futuro se se aperceberem para uma maior vivência no futuro, quando eu já não puder intervir com a pessoa em si.

Desta feita, o primeiro contacto comigo é difícil, ou me detestam ou até engraçam comigo. Depois, caso me detestem à primeira vista, dificilmente se alterará essa ideia, caso contrário, e no primeiro contacto as pessoas até percebam que não sou igual às outras pessoas, acabam por ter outro obstáculo à frente a minha dura personalidade se se quiserem aproximar, daí, quem gosta de mim, passar-me a detestar quando me vai conhecendo mais a fundo.

Até agora nada de novo, mas acrescento uma parte à frase que comecei no parágrafo anterior: "Além do mais, as memórias deixam caminhos abertos para a vida", porque ao ser diferente dos outros, há sempre ideias novas que fazem as pessoas perceber como devem lidar comigo.

Assim, Quando as pessoas me conhecem ou engraçam comigo ou me detestam. Depois, quanto mais me vão conhecendo, mais me vão detestando e afastando. No entanto, quem se ligou a mim fica com os caminhos abertos para a vida porque as memórias ficam retidas dentro de si.

E eu, após tudo isto, acabo por ficar com saudades do passado, mas não posso revive-lo. Acabam por ser saudades inacessíveis.

PS: Quando sinto falta das pessoas não consigo dizer-lhes. É como que tivesse vergonha.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Desabafo #5

Estou numa varanda a sentir o vento frio que corre na rua e que me afeta o corpo que me faz tremer a torto e a direito. Quero estar quentinho, com uma boa disposição e não quero acordar mal disposto.


Sinto a falta de algumas pessoas. Estou triste por causa disso.

Questões... Simples questões

Hoje à tarde, quando cheguei a casa, corriam-me pela face lágrimas. Fiquei a pensar nelas e coloco então algumas questões:

- Serei de confiança para os meus amigos?
- Será que estou sempre "lá" quando é preciso?
- Porque é que algumas das relações de amizade são afetadas com o que os outro pensam acerca do que nós somos, se essas pessoas não nos conhecem minimamente?
- Sou assim tão mau amigo que só olho para o meu umbigo?


Acho que são estas. Atrás destas vem o resto que implica toda a estrutura de relações interpressoais humanas.

As mensagens de parabéns...

Hoje faço anos. Nada de especial para mim, como muitos leitores já sabem, porque não ligo muito ao dia do meu nascimento.

Como é óbvio vejo as mensagens de parabéns no telemóvel, no Facebook, ou então se as tiver, no mail. E confesso que este ano fiquei com as primeiras surpreso, porque algumas eram de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo! Fiquei contente por isso, até certo ponto, mas como todos sabem, a contentia não é muito fácil de ser extrema, e em mim, ui... isso nem se conta.

As primeiras pessoas a darem-me os parabéns tanto pelo telemóvel, tanto pelo Facebook têm direito a um reverso da moeda extra, a bem dizer... a um parágrafo neste post do meu blog, dado que o dia de anos é entendido para mim como o dia das memórias in(ocultas).

Cá vamos!

Faceboook:

Catarina Patinha: Assumido desde o primeiro dia que cusquei as notas dela no Álvaro Velho, nunca liguei as notas à pessoa certa até ao final do meu 8.º ano, quando por pura coincidência estava com a prima de um amigo meu e chega a verdadeira Patinha - sim, porque naquela altura os amigos chamavam-lhe Patinha. Acabaste por passar para o secundário e fizeste-o com segurança! Estás agora num sítio chamado faculdade, como é óbvio tu nunca irias ficar a meio! Enquanto estiveste no secundário as poucas vezes que falámos deu para ver que eras muito mais simpática do que aquilo que eu pensava, mas olha... Bom estudos e obrigado pela mensagem de Parabéns!

Luísa Carvalho: És uma rapariga cheia de mistérios. Entraste na minha vida como colega de turma no final do 1.º período do meu 11.º e acabaste por sair tempo depois. Chegámos a partilhar um aquecedor do laboratório de Física pequenino e um pacote de Pringles qualquer que eu já nem me lembro do sabor, mas recordo-me perfeitamente das contas qeu fizémos mentalmente para ver se o pacote pequeno era mais vantajoso de comprar ou não! Vi-te ao longe no outro dia, ao pé da casa da minha "tia" no C. Verde. Ias a sair da casa dela! Espero que tudo te corra bem e que continues a sorrir toda a vida.

Marco Valente: Tche.... Um homem dos transportes... ou melhor o grande homem dos SMTCB! Ele fez girar o mundo e criou um site alusivo aos nosso (in)estimáveis autocarros. Tenho bastante pena de não poderes ter mais apoios no site. Mas já sabes, comigo podes contar para o que for preciso dentro do site!

Betty Afonso, não não, ela é Elisabete!: Eu sempre pensei que na aula de Psicologia B as turmas de ciências e de Economia nunca se iriam dar bem, no entanto, o que sei é que eu e a Elisabete passamos ali a aula no treco-lareco quando é preciso ou temos tema de conversa. E as conversas até são interessantes diga-se de passagem! Espero que alcances os teus objetivos de vida! Obrigado.

Ricardo Marques: Caro amigo. A tua mensagem de Facebook fez-me lembrar muito. Até ao ponto de teres-me posto em qualquer coisa de escolha múltipla lá na escola (assumo que não me lembro muito bem). Bem, o que é certo é que desde que estamos no mesmo grupo de AP tenho-te percebido melhor e és 5*! Obrigado!

E agora as SMS:

Satu: A primeira mensagem vai logo calhar numa pessoa difícil de lembrar - porque há tanta coisa passada em comum. Nós éramos pequenos, nós fugíamos das nossas turmas e acabavámos sempre a falar junto à parede do bloco 5, em frente às salas de informática. Eu saía da sala disparado e no momento seguinte já estava ali para te chatear. Assumo que me atualmente posso me sentir um posso triste, mas a vida é feita de equilíbrios e por isso, espero que venha algo bom por aí.

Ana: Desculpa, mas não consigo dizer muito mais do que já disse em tantas grafias minhas anteriores. A última perspetiva que tenho é de aprendizagem: dado que o final do secundário se aproxima e tu fizeste-me aprender a viver depois disso, mas de forma antecipada. Bem, acho que isso é bom. Obrigado pela mensagem.

Inês, Zé e Farinha: Caríssimos, nem eu nunca pensava que iam mandar SMS. A Inês já esteve comigo na catequese. Já me conhecia há anos, pelo menos de vista e das vezes que falávamos. Lembro-me de uma passagem dela a dizer que como tinha aulas na Baixa da Banheira não comemorava o feriado a 28 de junho e por isso, tinha mais um dia de aulas. Todos se riram e eu fiquei de cabeça baixa triste. O Zé. Bem, ele é aquele moço que me está sempre a surpreender. Ou pelo bem, ou pelo menos bem. Não temos quaisquer problemas em chegar ao pé um do outro e ralhar com essa pessoa. O que é certo é que ele é um bom rapaz! Por fim a Farinha. Conheci-a no meu curso de inglês, tinha 11 anos. Ela e eu andávamos sempre em computadores separados, mas acho que eu acabava sempre por ir para perto dela e ficávamos ali um pouco na conversa. Ela é uma miúda que se preza. Mas temos de a conhecer bem. Tenho pena disso, porque ela deve ser uma boa rapariga. Obrigado aos três.

Rui: Mandaste uma sms e depois quando liguei o PC vi a imagem que me mandaste ontem às 10 e tal da noite. Obrigado por ela. Bem, acho que és um irmão para mim. Agora temos um problema. Eu sou mais novo que tu, mas dizes que eu pareço mais velho que tu. Eu sei que tenho sentido de responsabilidade demasiado apurado e dores de costas. Mas nah..... Continuo a ser um mano mais novinho. E não te escapas da ida à faculdade comigo de carro um dia, isto é, se eu cá ficar colocado. Grande abraço e obrigado. PS: vê lá se pensas primeiro em ti e depois nos outros.

Ana B.: Só faltava tu não me mandares sms. Mas ainda bem que mandaste, com ela consegui reviver todos os momentos de Odeceixe: os filmes da Dança D e da Família e quando nós invadimos a tua casa, que acaba por ser a casa de todos nós. Tenho pena de sermos tão diferentes um do outro, mas a nossa relação é assim! És uma grande miúda, mas apenas me vais fazer massagens depois de tirares o curso, muahhh.

Sofia Silvestre: Os últimos são sempre os primeiros! Mandaste mensagem pouco antes de eu acordar. Obrigado. O teus sorriso das fotos e daquele dia em que estavas com o Rui e com a Filipa ficará sempre gravado cá dentro. Obrigado pela paciência e pelo resto. Boa sorte para a Natação!


E assim é. Foram estas as primeiras pessoas que me mandaram SMS num dia de sábado, como em tudo normal aos outros, com um frio de roer e com nada para fazer. O meu dia vai ser normal, passado pelo meio das ruas. Quando a festa com os meus amigos, não sei como fazê-la. Para isso, basta perceber o que escrevi no outro texto - Recordações #3.  Obrigado a todos mais uma vez!