sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Deus escreve direito por linhas tortas... (I)

Vagueava pelos velhos corredores do Hospital de Santa Maria. Olhava para cada.lado e via obras, paredes cheias de humidade e pessoas para lá e para cá. Estava onde normalmente as pessoas comuns não vão, junto ao local dos armazéns e dos elevadores que levam a comida e a roupa lavada para os utentes internados. Enfim, estava a olhar para as catacumbas de uma instituição completamente antiga e que precisa urgentemente de uma reformulação...

Acabo de lavar as mãos, depois de sair da casa de banho, fechando a porta com o cotovelo. (Com o vento que por ali passava nem era preciso tal gesto, mas sempre era mais educado.) Estava realmente perto de fazer o meu primeiro teste no Ensino Superior. Nas minhas costas escorria suor dos nervos, mas por fora, mantia a minha postura normal, de lábios cerrados, cara séria e de poucos amigos. Com pouca vontade atravessei o corredor da morte, cheio de cacifos amarelos e cinzentos de um lado e outro, e termino a minha oração, pedido a Deus que me ajudasse na resolução do teste que iria fazer seguintemente.

E de facto, após todas as burocracias do costume, mantendo-me separado dos colegas, como há 7 anos acontecia, o teste correu bem. Achei-o fácil e acessível. 20 não consigo, mas espero chegar perto do 15.
Saio da aula com um sorriso na cara, de satisfação, de entusiasmo, de alegria. Janto e ponho-me no metro para começar a longa viagem até casa. Uma hora e quarenta e cinco minutos esperar-me-ia até colocar a chave na fechadura da porta de casa.

As linhas tortas começam agora...
O metro aproxima-se da estação. De panamá para a chuva na cabeça e com o chapéu com a mesma finalidade no antebraço esquerdo, sigo em direção ao terminal dos barcos.

Zás! Pás! Toca a fugir de uma linha para a outra, porque o tempo entre metros é curto... E segui. Pareceu-me ver um vulto ao longe que eu conhecia. Acabei por não ligar e chegar à carruagem de metro da linha azul. Quando o metro quase estava para fechar, o vulto que tinha visto era uma colega minha. Que por mero acaso, conheci há três anos e era simpática; tento ao máximo segurar a porta do metro para ela e a amiga possam entrar no veículo. Fiquei contente por elas terem apanhado o metro. Mas...

O que me diziam sempre para não ser, é como elas estavam. A enaltecer-se pela realidade do curso onde estão: em Medicina.

Por vezes, parece que o passado não conta para nada!
Não obstante.... Para a frente é que é caminho.

Fiquei com toda esta situação na cabeça. Se formos a ver bem, Deus deu-me forças para o teste, mas fez-me perceber que nem sempre tudo pode correr bem e que existem necessários momentos de reflexão...