quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A nota da nota notinha

A palavra nota tem, desde pequenos um grande significado na vida de qualquer um.

Pensando que aos seis anos somos como que colocados numa sala com um docente que não conhecemos de nenhum lado e que nos remete todos os meses para provas de avaliação que têm uma nota no final, começamos, todos nós a carregar um peso.

Sim, e isso da nota acompanha-nos até, certamente, ao nosso trabalho ou emprego, quando surgem as notas, recados ou ordens para cumprirmos e no final do mês ganhamos outras notas.

No entanto, o real objetivo de tudo isto é a última nota... A nota onde nós habitualmente falhamos, não ligamos ou pior, ignoramos!

Se pensarmos que a nota é algo que nos avalia, nós próprios podemos avaliar e atribuir uma nota a nós próprios.

nota que muda todos os dias e todas as horas porque já não estamos com o mesmo estado espírito. A nota que vai de um extremo ao outro da linha da contentia, permitindo crescer.

Se calhar com a nota do fim do mês, somada à nota escolar e à nota do emprego não somos felizes enão conseguimos construir a nota pessoal que deveria ser o que trespassamos para o mundo... Mas, tentando... Tentando sem medo, sem pudor, sem reações alérgicas ou prurido...

Achamos sempre que a nossa nota é a melhor do mundo... Mas, sem a nota de quem está connosco não é nada, fica, repentinamente um notinha micro, miresavelmente nano.

E aí, consegue-se viver livremente? Não!

domingo, 7 de dezembro de 2014

À noite...

À noite nos transportes tudo é diferente… Vemos o metro mais vazio, o que nos permite contrastar as cores das carruagens. Vemos as pessoas mais apagadas, o que nos permite pensar que o dia foi estafante. Vemos a lua pela janela dos autocarros e imaginamos…
Imaginamos a vida bela, as utopias, o futuro. Aquelas condições de êxito que não nos não dão êxito porque não o são, mas que nos transportam para outro mundo. O mundo onde toda a gente é feliz, contente e onde existe justiça. À noite, a nossa imaginação vibra com os momentos de silêncio…
À noite o silêncio transforma-se em música, permitindo que grafemos, que desabafemos que nos libertemos. À noite a música, ela própria, leva-nos para outro patamar. Eleva-nos para o telos humano, o telos cristão, o telos da vida.
O patamar… O patamar das óperas onde a espinha nos arrepia por tão bela melodia soar; o patamar dos concertos onde a nossa mão fica no ar perentoriamente… tudo isto à noite faz parte do patamar da vida.
E a vida? À Noite, pode ser vivida sozinha?
À noite a solidão custa, as borboletas na barriga moem e o choro regressa. À noite não há uma grande forma de consolo. À noite, numa primeira fase somos nós e nós e numa segunda somos nós e eles. Quando deixamos de ser crianças o nós e nós passa a nós e eles, porque, eminentemente, perentoriamente perdemos a ignorância, ganhando mais e mais saber.
O nós e eles, à noite, em qualquer lugar, é tão diferente do nós e nós, o que nos permite crescer, inovar, ir à ópera ou a concertos e elevarmo-nos a outro patamar.
Mas… Mas eu não gosto da noite. A noite é escura e à noite não há movimento, stress, sol, luz!
À noite que posso eu fazer? Caminhar para casa, ouvindo o arrasto dos pés de cada vez mais pessoas que estão cansadas e adormecem nos transportes? Fechar os olhos e utopiar, sonorizar o impossível? Grafar? Eu sou um animal da manhã, assim cresci, assim me fiz. Porém, admito que tenho medo… parece que nada vive sem a noite e penso que perderei tudo se nada fizer. Porquê?

É neste pensamento do porquê que me vêm lágrimas aos olhos, porque mais uma vez, por mais condições de êxito que eu tenha, não o alcanço porque não o tenho (o êxito). Quero gritar e pensar no que posso fazer, na companhia do nós somente. Não no nós e nós da infância e do nós e eles do resto da vida. No nós, no nós complexo e retorcido como à noite se veem nos nós dos barcos atracados nos pontões, à espera que, na manhã seguinte o motor volte a ser ligado e que eles naveguem até ao quase infinito!