terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Future Thinking #4

A necessidade de ele sair de casa era enorme. Não se conseguia concentrar em quase nada. Os projectos que ele pensava eram de baixa qualidade, não existiam novidades para ele contar e a família seguia na rotina habitual.
Desta feita, aproveitou o facto de um Decreto-Lei que autorizava as permutas entre Universidades de Portugal, desde que o código do curso fosse igual. Ao conseguir trocar a cidade onde estava por uma do interior, longe da família e dos amigos, longe dos transportes que gostava e da preocupação no geral, tornou-se muito mais adulto.

Trocou as horas do dia. Ele já não acordava à sete e se deitava às dez ou às onze. Preferia acordar às três da madrugada, estudar até à hora de ir para a faculdade, almoçar por lá e assim que chegava a casa ceava qualquer coisa e metia-se na cama até às próximas três da manhã.

Era uma rotina completamente desregulada de toda a vida actual e portuguesa.

Ele vivia numa praceta, perto da faculdade. Um dia, acorda à sua hora normal e põe-se à janela, coisa que já era habitual, visto que ele mantinha a vida programada ao minuto. Ficava ali a vislumbrar a praceta e pouca vida humana existente a tal hora. Quando chovia, ao invés de abrir a janela, respirava para os vidros e ao ficarem embaciados começava aí a pensar no que iria estudar a seguir. Nos outros dias pegava numa caneca alaranjada que ele tinha levado para lá e bebe o seu leite – parte do pequeno almoço.

Após as três horas e pouco de estudo acaba por se vestir, perfumar-se e sair, em direcção à faculdade. Os autocarros tinham-se tornado um transporte que ele mal usava. Não precisava deles minimamente.

Ao chegar a tal local de estudo, ignorava todas as vida académicas existentes até ao dia em que lhe ofereceram um crachá de aluno da faculdade. Aí, passou a dirigir-se mensalmente à Associação de Estudantes mensalmente para pagar a quota e, tendo como benefício um check-up semestral. Algo que ele sempre achou bom, e ainda longe da família, era mais uma quantia que se poupava para os afazeres diários.

Acabava por chegar às aulas e, anotava o que achava importante, mal falava com quem tinha ao lado, que por coincidência era o seu vizinho do lado no prédio onde habitava. Mal terminavam as aulas ia à cantina buscar o seu jantar (que seria o almoço dos restantes alunos) para tomá-lo por volta da hora do habitual e rotineiro lanche da tarde normal.

De seguida partia para casa, quando não tinha mais obrigações e ao chegar a tal sítio tão próprio dele, bebia uma caneca de leite e deitava-se. Quando alguma obrigação o prendia, resolvia-a e de seguida acabava pela mesma rotina. Mas apenas estudava de madrugada com o cérebro fresco.

Uma vez, uma colega dele, que se sentava à sua frente pergunta-lhe o seu endereço de e-mail para trocar apontamentos. Ele dá-lho, mas a colega nunca consegue ter uma resposta imediata. Apenas a horas não tão normais, mas acabava por as ter. Certo dia, em vez de enviar um pedido de apontamentos, manda-lhe uma mensagem electrónica questionando a tão diferença perante a sociedade. Ele não lhe respondeu. Ficou com aquele enorme segredo para ele.

Ao manter dentro do seu castelo, de janelas fechadas e portas cimentadas, nas férias, antes de iniciar o estudo para as frequências, responde à colega:

“Olá. Não aches estranho tal hora, porque me habituei a viver assim. Estava cansado e farto de viver coo as pessoas normais viviam. Assim consigo ter um maior rendimento a nível académico e acabo por me esquecer de toda a vida paralela, seja ela sentimental ou racional, de diversão ou de responsabilidade. O facto de estar acordado de noite faz-me, além de ter vontade de estudar, reprimir os meus sentimentos passados, fugir à família que tenho em casa. Não que a família fosse má, porque não o é. Mas sim, porque se me quero tornar muito mas muito independente cabe-me a mim, nesta fase, ainda que não trabalho, lembrar-me dela, com conta e medida. Esta foi a medida que me ocorreu e por acaso é boa.

E com certeza deves ter ouvido os rumores na Faculdade. Apesar de eu não me pronunciar sobre eles, sim eles são verdadeiros. Tenho o quarto cheio de fotografias de transportes e o escritório no meio com uma fotografia de uma amiga que ficou por onde eu vivia antigamente. E além disso, também sou crente. Tudo isto tem uma razão de ser: os transportes, eu sempre amei transportes e aqui não preciso deles. Assim consigo lembrar-me de bons momentos que tive neles e acabar por adormecer de forma tranquila. O facto de ser crente, sempre o fui. Mais ou menos, dependente das ocasiões, sempre acreditei em algo superior À existência do homem. E por fim a fotografia. Não, não vale a pena acreditares nos rumores (de segunda versão) que correm pelas aulas, porque esses não são verdadeiros. Não, não é a minha miúda, ou nada parecido com isso. Apenas é uma amiga, mas uma excelente amiga. A transposição dos meus sentimentos não ocorreu da melhor forma e eu também não queria de maneira nenhuma estar a fazer e pensar algo que me pudesse ajudar para ver se ela alguma vez iria olhar para mim. Por muito que eu quisesse ou achasse benéfico para a minha vida (que o era, e não estaria aqui se tal tivesse acontecido), fugir foi a melhor solução. E acabei por me contrariar. Mas tanto a fotografia me mostra momentos felizes, como momentos mais chatos e pouco giros. Daí a contrariedade.

Sou apenas uma pessoa diferente cara colega, se precisares de mais algum apontamento, já sabes que to dou, mas… Terás a resposta por volta das três da manhã.

Cumprimentos,

O teu colega.”

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Da minha janela eu vejo #5...

Com o meu velho hábito de acordar cedo e de abrir os cortinados vejo um quarto no prédio em frente ao meu. Lá, numa cama de casal, estava deitado um rapaz. Um vizinho meu que me falava por vezes e, que era impulsionador de muitos projectos não só no concelho, mas no distrito. Ele também tinha o vício de abrir os cortinados quando acordava.

Pouco passava das cinco da manhã e eu já estava a pé, com os dentes lavados e com o que restava dos pacotes de leite na caneca, acompanhado de uma banana, já com marcas de negridão, quando olhei para a janela. Já o meu vizinho se mexia na cama, e tinha ligado o candeeiro da mesinha de cabeceira.

Era raro tal acto, ele nunca tinha ligado tal candeeiro. Então, curioso como sou, pus-me a olhar à janela. Apesar de ter ouvido os primeiros autocarros a passar na rua próxima da minha, vi-o a levantar. Ele abriu o cortinado e desejou-me bom dia, como sempre fazia quando me via na janela a tomar ar pela manhã. Depois ele saí do quarto e foi tomar o pequeno-almoço penso eu, não vi.

Mas uma coisa era certa, às sete e dez apagava a luz do quarto e dois minutos depois, estava a sair de casa com uma pasta na mão esquerda, sempre a correr (não no sentido de dicionário, mas sim num caso de passo rápido e de costas bastante direitas). Ele ia para a escola aprender e trabalhar, ou então apresentar os seus projectos, enquanto que eu ficava em casa todos os dias, 7 dias na semana. Não saía. Só saí de casa um mês, em Novembro do ano passado, de resto, sempre tive aqui fechado, ao contrário dele.

Pouco depois da hora de almoço ele voltava, num passo mais calmo, até parecia mais cansado, mas não me via. eu tinha fechado o cortinado e estava a vê-lo por dentro. Ele era o meu amigo. Era a única pessoa que falava comigo. A não ser uma vizinha do mesmo prédio, e do mesmo andar que por vezes me dava algumas as compras que fazia, porque tinha pena de mim.

Lá mais para a tardinha, ou para a noite, ele chegava à Internet e eu sempre com tal programa de conversação ligado. O meu amigo apenas tinha metido conversa duas, três ou quatro vezes comigo. Desde o secundário dele, ao que parece. E quando o fazia, eu sempre soube que era por mau sinal. Na primeira vez, ele disse-me olá. E eu perguntei se ele estava bem. Ele respondeu-me que sim, mas eu, ao olhar pela janela, pude ver que ele estava triste. Mas ao invés de lhe dizer tal visão, engoli saliva e continuei. Ele saiu da Internet pouco tempo depois de eu ter olhado pela janela. O que eu vi foi ele a chorar. E depois, desligar o computador.

E sempre que ele metia conversa dizia que estava bem, mas acabava por fazer o que fez da primeira vez.
Ontem, ele disse-me de novo olá. E eu num tom mais agreste perguntei com quem é que ele se tinha chateado. Ele apenas me respondeu que daquela vez não estava chateado, mas sim apaixonado. E tal paixão tinha-o deixado triste, desconsolado, sem vontade de continuar. E eu, tentando ser amigo, apesar de apenas ter sorte a falar com autocarros e outros transportes, tentei dizer-lhe que não era o fim do mundo e que nada nem ninguém o poderia deitar abaixo.

No entanto, como é óbvio, ele não iria ligar a uma pessoa que não sai de casa, não é inteligente, e apenas se interessa por transportes públicos. De forma disfarçada disse-lhe isso. Ele respondeu-me dizendo que as mãos da pessoa amada eram sensíveis às mudanças de temperatura e que contrastando com as outras pessoas, o calo dela era giro e condizia com as mãos. E lembro-me de ele me dizer mais cinco ou sei características, como a altura, a forma de estar e maneira de ser da pessoa amada dela. E eu deixei-o falar até ao fim. Enquanto ele escrevia, espreitei pela janela. Desta vez não vi um rapaz com cabeça baixa, ma sim bastante direita, com um sorriso na cara a escrever acerca de quem lhe fazia sentir bem.

Entretanto, nessa conversa, chegou o momento de eu lhe perguntar se tal rapariga gostava dele. E ele, como rapaz forte que sempre me pareceu, disse directamente que não. E eu olhei pela janela: o sorriso tinha dado lugar a uma cara triste, sem vontade de fazer nada. Mas ele não chorava. Apenas ficava triste e com ar de quem chorava. E em vez disso, enchia os pulmões de ar e depois suspirava (pelo menos é o que parecia, ao longe não podia ouvir).

Despedi-me dele com um até amanhã, com um símbolo indicando um sorriso, ao qual ele respondeu que "não, ela e eu não. Não combinávamos minimamente. Eu apenas sei trabalhar. Apesar de querer ter um relacionamento com ela e de se calhar ter de fazer mais para conseguir algo, não sei o que fazer. Acho que seria trabalho perdido. Obrigado".

sábado, 25 de dezembro de 2010

Now...

É como tivesse aquela conversa na cabeça. Lembro-me praticamente de tudo. Foi tão gratificante para mim, nas vésperas de Natal.

Mas tudo tem um mas,  e por muito que eu queira, já estava à espera do que ela me disse. Sempre assumi esta paixão actual como platónica. E sim, ela também tem razão: uma paixão platónica é má, porque já temos consciência de que é algo inatingível, ou à distância, ou desprovido de sensualidade. Neste meu caso, é a primeira hipótese.

Claro que ela nunca iria olhar parar mim - com franqueza que é a primeira hipótese, dado que não estamos longe um do outro, e sensualismo é sensualismo.

Naquele momento, senti-me aliviado. Tinha-lhe estado a mentir durante dois ou três dias. Já estava pelos cabelos com aquele fantochada (sim, porque não deveria ter tido vergonha de assumir perante a pessoa que mais gosto da vida (tirando a família) que a amava - fui estúpido. No entanto, uma hora depois, já eu a ver TV na sala cá de casa, a contentia e o alívio deram lugar à tristeza. Nunca me tinha sentido tão triste como naquela noite.

Porquê? Acho que desta vez tenho uma razão plausível para tal facto: Esta paixão, apesar de impossível é verdadeira, como da outra vez. Mas agora, não foi por qualquer acto que ela teve comigo que me deliciei pela rapariga, mas sim pelo que ela é como ser humano tanto na parte exterior, como no mais escondido, lá bem dentro, no interior. E esta última parte é a que eu ligo mais (e de facto é muito bonita a dela). Por isto, senti-me tão triste, não tinha conseguido que alguém tão bonita me amasse também.

E de facto, ela acaba por ter razão: eu não chego aos calcanhares dela, ela é muito mas mesmo muito melhor do que eu, e eu não chego minimamente para ela, apesar de não ser o tipo de rapazes que ela gosta. Por muito que quisesse só pela parte exterior, já não dava.

Com tudo isto, todos os se's que fazemos na nossa cabeça, com um sorriso meio simples (no meu caso), ou os suspiros que indicam pensamentos no meio do dia, em qualquer sítio, ou distracções, vão e ficam sem sentido. O andar de mão dada, o poder dar abraços, poder-nos ajoelhar no parque ou em qualquer outro sítio público e pedir a rapariga vezes sem conta para isto ou para aquilo, ou ainda.... Estar feliz. Todos esses planos vão, uns de forma mais fácil, outros de forma mais difícil - mas assumo, ainda estão cá todos.

Por mais uma vez, e se calhar para o todo o sempre (não sei, não consigo adivinhar o futuro), recebi um não, e só por acaso, de uma rapariga que estimo imenso! Para muitos que tivessem no meu lugar, não perceberiam o que ela disse, mas sim, ela rejeitou, estava escrito nas entre linhas - quem a conhece, sabe disso.

O que me resta? Respeitá-la e tê-la como amiga, ou melhor, excelente amiga, ao longo dos tempos e não deixar fluir este bicho maluco da paixão de novo (algo que é difícil, mas tentarei fazer), também me resta ignorar o que os outros dizem, porque nenhum dos meus colegas de escola sabe o que eu sinto na realidade por ela. Podem imaginar e estar certos, mas não sabem a verdade, por mim.

E no fim vem sempre o mais difícil: ela vai construir a sua vida e por muito que me seja difícil (espero que na altura não seja - e já tenha passado a crise adolescentícia), tenho de a aceitar com qualquer outro rapaz, desde que ela se sinta feliz e realidade (sim seu sou filantrópico, mas mesmo bastante). E olha... é assim.

PS: A realidade não nos deixa folgas para pensar muito. Ou estamos tristes com tudo isto, ou andamos confusos. Sinceramente não sei o que dizer acerca de como me sinto agora. O meu maior desejo (e sim, é recente isto que sinto) não é possível realizar-se. Por muito que queira, é assim a vida. Ao menos ela que se lembre de mim com um sorriso nos lábios, já é alguma coisa. Não vale a pena fazer pedidos impossíveis, penso eu. A nossa vontade não é realizável. (Tenho pena..... mas o bem-estar de ela é mais importante do que qualquer outra coisa). Ah, e também, não devo ser bom namorado para ninguém.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mini-frase #2

Eu tenho medo da solidão..... E tenho medo de te dizer a verdade. Sinto-me devastado...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Julgamento

Era uma manhã, onde a chuva variava com o aparecimento do Sol. E eu estava sentado numa sala de audiências. A fazer não sei muito bem o quê, dado que à luz da lei, estar apaixonado é algo que não é crime, pelo menos à primeira vista.

Calado, sem plateia, apenas com os colectivo de juízes e o advogado de acusação, visto que não quis advogado para me defender, exactamente às 8h32 começou a sessão, após as tradicionais pancadas dadas pelo juiz presidente.

Fizeram-me imensas perguntas. Lembro-me de todas:

Juiz (J): Ao que parece o senhor está aqui a ser julgado porque se apaixonou, é verdade?

Eu (E): É verdade, sr. dr. juiz.

J: E o que o levou a ficar perdidamente enamorado por tal rapariga?

E: A sua cara, de firmeza mundana. O cabelo bonito com a água de um rio despoluído. O pensamento de uma pessoa adulta, com reacções justas na maior parte das vezes. Um corpo esbelto sem um único defeito que eu possa ditar. E o interior, cada vez mais bonito. Quanto mais para dentro eu avanço no que eu conheço da dita rapariga, mais feliz e contente fico.

J: Acha bem tudo isso que acabou de dizer?

E: Sem dúvida. Eu até posso já ter ouvido e ter tido respostas imensamente negativas, mas o amor quebra todas as rotinas diárias. Não nos deixa ficar tristes. Apenas com medo, quando não dizemos à pessoa amada que estamos apaixonados por ela.

J: Não arranje desculpas onde elas não existem, sr. réu. Explique-me, porquê? Porque é que se apaixonou por uma rapariga que, simplesmente, é uma rapariga na sua vida?

E: Se calhar é porque essa rapariga não é simplesmente uma rapariga na minha vida, sr. dr. juiz.

J: Não aceito essa resposta. Seja mais claro!

E: Sim senhor. Assim serei. O amor não escolhe idades nem pessoas. Quando olhamos e vimos que estamos apaixonados por aquela pessoa, podem fazer tudo, mas só nos interessa ela e mais ninguém. Por muito que queira pensar no passado, coisa que faço por vezes, que me faria estar quieto e não estar aqui sentado possivelmente, não. Não posso fazer uma coisa dessas. O presente e o sentimento do agora é que é importante. Não o que já passou. Não o que já me disseram não. E muito menos, o que já aprovaram.

J: Mais uma vez não foi claro. Esta é a última oportunidade que lhe vou dar.

E: Mande-me para a cadeia. Prenda-me lá. O amor não é explicável. Eu não o consigo explicar. E não quero. Eu simplesmente quero amar quem amo. Estar apaixonado por quem estou apaixonado. E depois é que vem a tristeza, quando ouvir um não da boca daquela rapariga. E se o sr. dr. tivesse lido no meu processo que apresentei a este tribunal veria que eu sempre indiquei esta paixão enorme como platónica. E eu também não consigo explicar o platonismo. É algo abstracto. Meta-me dentro da cadeia. A pena que quiser. Eu só não quero que ela me veja em tais condições. E dessa forma, que não vou poder assumir perante a pessoa que é ela a minha paixão, faço figas para que tal rapariga componha a sua vida no futuro, sorria, e seja feliz. E eu, ficarei, num espaço que não conheço, de tal forma triste porque além de não ter tido coragem suficiente para lhe ter dito a verdade, fui um ignorante ao ponto de amá-la agora, e além do mais, não me soube defender convenientemente perante este tribunal.

J: Basta, eu não quero ouvir mais atrocidades. Claro que a rapariga lhe ia dizer que não. Já se viu ao espelho? Já rebobinou as cassetes para ver o seu comportamento?

E: Sim, e não seria namorado bom para ninguém.

J: Está preso por 25 anos, com a agravante de executar trabalho comunitário por mais 15 após a prisão preventiva.

E: Por fim, interponho recurso. Mas deixem-me viver só mais uma vez, dizendo ao mundo fora daquele tribunal à porta, que fui parvo em estar calado, mas o erro foi meu. E não é por um julgamento que me vão poder decidir se amo ou não, quem eu realmente amo. E se não aceitar recurso, muito bem, mande-me prender de imediato. A força que tenho não me faz arrepender de nada do que disse ou fiz! Apenas de ter mentido.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Estava eu frio e molhado por Portugal...

Passeava eu por Lisboa num dia frio e chuvoso. Estava de cachecol, um chapéu de chuva minúsculo e ainda com umas botas que se ensoparam a meio do dia. Conclusão: Precisava de um carro com uma certa urgência.

Estava eu parvo, dado que um veículo não parava de apitar na rua onde eu seguia. Com a chuva que estava e ainda, dado que a rua estava cheia de gente não liguei. Até ao ponto do carro passar por mim e parar uns metros à frente. Quando eu vi quem conduzia, fiquei com a boca completamente com a forma de peixe, com os dentes dos dois maxilares à mostra.

Acabei por não aceitar a boleia daquela pessoa amiga. Mas baixei a cabeça e sorri, pensando que o Natal tinha-lhe trazido "antecipadamente" a prenda que algumas pessoas desejavam....

Mas dado que tal pessoa me detestava quando eu me portava mal e não me via há vários e longos minutos (e sim, muitos mesmo - é só para parecer que é pouco tempo), acabei por ir entrar na estação do metro mais perto. E lá vim de barco mais uma vez, com o rio cheio de nevoeiro.

O texto número 108

Pelo que parece este é o texto número 108. Para 108 temos imensos significados: uma carreira em Lisboa que vai do Campo Grande às Galinheiras, e também devemos ter em número em imensas carreiras pelo mundo fora.

Mas por ser o 108.º texto é algo especial? Não, mas é porque se dividirmos o número em um 10 e um 8, a soma dá algo muito interessante 18, e daí tiramos uma carreira no Barreiro, que vai da Esc. Alfredo da Silva ao Cabeço Verde.

No entanto, nem é pelo texto ser o 108.º que eu estou por aqui a escrever. Simplesmente estou triste. Acordei hoje assim, sem mínima razão aparente. Não me apetecia mesmo nada andar de barco, fazer a travessia para Lisboa, transporte e cidade que tanto adoro. Quando abri os olhos nessa manhã, recusava-me a sair da cama. E ainda por cima era segunda-feira, mas teve de ser.

Como sempre, quando vou acompanhado pela família, perdi o autocarro e o barco e ainda reclamei das pessoas não saberem deslocarem-se para o barco (tudo ao relantim...).

O meu pensamento cá dentro, que se manteve para mim todo o dia foi tentar encontrar alguma doença explicável pela Medicina no dias de hoje que me indicasse o que eu tenho ou sofro. Comecei pela obessessividade, passei pelo autismo e até cheguei a questionar-me de novo acerca da minha vida humana: será que eu sou um humano?, apesar de ter pais humanos (penso eu), ou ainda pensei que foi o minuto e a hora errada do dia errado do errado ano em que nasci que fez com que eu fosse assim, ou ainda o ambiente que tive (que foi bom e mau ao mesmo tempo)?

Sinceramente não sei. Era bom que me diagnosticassem-me algo, ao menos podia ser tratado, dado que para curar apenas podem ser curadas infecções ou algo que requeira tratamento cirúrgico.

Mas não, parece que nada existe pelo menos que um leigo na matéria entenda.

Mesmo que suspire, continuo a pensar nisto de forma tão evidente que me chateio e me entristeço ainda mais.

Parece que ando com olhinhos de carneiro mal morto por aí....

Alguém pode ajudar a fazer com que a Medicina evoluía?????

domingo, 19 de dezembro de 2010

LIIMH

Era manhã, como todas as manhãs e estava frio como estava em todas as manhãs de Inverno. O céu estava carregado, mal se via o Sol, ou melhor, o Sol ainda não tinha nascido. Quando espreitei pela janela do meu quarto vi um manto de neve a cobrir toda a rua (carros, passeios, estrada, telhados, varandas e até o jardim). Neve já tinha visto muita, mas na minha rua nunca. Era a primeira vez, mas eu tinha de ir apanhar o autocarro àquela hora certa e não a outra e não podia nem tinha tempo para brincar com a neve acabadinha de cair do céu.

Por muito que quisesse, quando cheguei à escola neve não havia, dado a proximidade do rio, a temperatura não tinha descido o suficiente para nevar ali. E então, nada melhor do que seguir a minha rotina habitual e pôr-me no quentinho do meu gabinete.

Naquela manhã, na estúpida fase em que estamos acordados, mas não nos apetece sair da cama, mas nem sono já temos (onde apenas queremos sonhar mais um bocadinho com o sonho da madrugada ou então sorrir por algo feliz), veio-me à cabeça a palavra paixão.

E sim, de facto estou apaixonado. Mas... Mais uma vez tenho um anjinho no meu ombro esquerdo a pensar coisas e a mandar argumentos e um diabinho no meu ombro direito a influenciar tudo o que o anjinho diz. Se formos a ver, seguiria os conselhos do anjinho, até que os ossos da minha coluna vertebral estão mais para a esquerda do que para a direita e até sou canhoto.

No entanto, não. Apesar de ficar ali a pensar no que fazer, se a paixão é mesmo verdadeira, ou então sou eu a relembrar factos do passado recente e antigo, a conclusão a que chego é que tenho de me despachar e acordar. Com tudo isso, só no meu gabinete quentinho é que volto a pensar no assunto.

De facto, não faz sentido enganarmo-nos. E se está cá um bichinho do amor activo, nada melhor do que o pôr de fora. Como me dizem, o não está sempre garantido. Neste caso, e aplicando conhecimentos de Psicologia, posso associar ainda, uma variável parasita (e atenção que o amor não é nenhuma experiência), o meu grande medo. Desde o meu Ensino Básico que eu fiquei com medo de poder amar livremente. E por isso, o anjinho e o demónio, digo eu.

Então, tenho de pensar. Se não me quero enganar e não me quero medo, o melhor a fazer é ser o mais directo possível, mas ups... Parece que o demónio faz das suas e me faz lembrar das tampas que me deram. E com tudo isso, eu mantenho-me quietinho no meu cantinho, com desculpas estonteantes, crises adolescentícias parvas e caras estúpidas quando penso no amor. Até pode fazer parte da idade, mas é de mais já.

Por muito que possa chorar ou dizer "que estupidez", ninguém vai olhar para mim, eu olho para uma rapariga. Ela é perfeita no meu ponto de vista e é a miúda dos meus sonhos. Mas parece que ela me torce o nariz nisso.

Tentando estar sem anjinho e sem demónio, coisa que é difícil e de coração bem aberto, o mais que posso fazer é ser sincero, verdadeiro e justo, perguntando se ela quer ter algo comigo.

Mas adivinho a resposta, (mau já tenho aqui outra vez os meus maus conselheiros), mas não interessa,

"Do you want it?"

PS: Naquele dia, a neve não derreteu, o dia estava tão frio que quando voltei da escola, peguei num pedaço de neve e esfreguei-o na cara. Estava tão fresco e molhado, mas quando cheguei a casa, já nem disso me lembrava. Tinha os meus maus conselheiros darem-me cabo da cabeça com a história do amor.´

Realmente, que dia este

sábado, 18 de dezembro de 2010

Não, não fui ao concerto. Mas ainda bem!

E eu que estive a um passo de dizer à minha mãe para ir comprar os bilhetes para o concerto da Lady Gaga do passado dia 10 de Dezembro.

Se eu sempre depois de saber que não ia estar sentado no "Balcão" me intriguei a ir, e sempre disse que não, agora é que fiquei contente por não ter ido.

Em primeiro lugar porque não seria boa companhia, depois porque me sentiria deslocado - dado que o meu estimado amigo que me convidou tinha as suas pessoas convidadas que eu não conhecia.

E é por isto que eu fiquei contente. Por eu não ter ido, pôde o meu tal amigo ficar feliz com a vida dele!

Agradeço-lhe o convite, e se o destino marcou o facto de eu não ir, por algum motivo era. E ao menos.... o motivo de eu não ir foi recompensante.

E eu que não ligava a nada e que pensava que o facto de eu não ir seria bué secante para mim, o que não foi, fez-me ver que, mais uma vez, existe uma relação entre os sim's e os não's que dizemos ou fazemos e que tudo está destinado na nossa vida.

Mais uma vez Parabéns para ele!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma solução

Sim, a maneira mais correcta de estar ocupado é ter uma namorada a sério. Quando penso nisto, tenho de ver todos os prós e todos os contras... Mas no fundo, todos eles se entrelaçam e um pró pode passar a ser um contra e um contra pode ser um pró.

Vejamos... Uma pessoa com o meu feitio, que gosta de acordar cedo e de se deitar relativamente cedo, uma pessoa que é fanática por transportes, gosta da escola, não é actual ao nível de muitas ideias, tem o cabelo à século XX e tem uma altura média. Então, temos uma pessoa que é mais nova do que os seus amigos, que tem gostos e hobbies estranhos e que não é actual quanto ao seu visual exterior. Ou seja, pontos para ter uma namorada a séria nada.

O interior. Para mim conta muito, mas de facto, o que interessa para a maioria das pessoas é o exterior. Por dentro, até me aproveito. Tento ser responsável e ajudo quem merece e muitas vezes quem não merece também. E os outros são a minha palavra de ordem, apesar de todos os pontapés que possa vir a levar ou que já levei. Então, algo de bom.

Depois temos o passado e a disponibilidade para amar livremente. E neste ponto, complicamos as situações. Estava eu no 9.º ano. Numa sexta-feira à tarde. Estava eu a tentar saber o resultado do que tinha dito a uma rapariga da minha turma, quanto ao "pedido" de andar com ela, quando a vejo a aparecer com outro rapaz, assim do nada, de trás de um bloco de aulas. E o que ela me faz, levanta-me o dedo do meio da sua mão esquerda, dado que a direita estava entrelaçada na mão esquerda do rapaz, dando conta que se estava puramente borrifando para mim.

O secundário. Até foi bom a nível amoroso. Apesar de não ter tido nenhum relacionamento daqueles explosivos, apaixonei-me realmente. Mas por ser um amor tão verdadeiro e sincero, andei por aí a vaguear num espaço escola durante algum tempo. Eu considero saudável tal vagueio, porque me fez abrir os olhos.

Veio uma miúda sim, que me apanhou o coração durante um mês. Não me arrependo do que se passou entre nós, mas sempre estivesse na ideia que ela não era a ideal para mim. E a pior questão é: quem é que é o tipo ou género de raparigas ideais para mim, uma pessoa tão esquisita?

A resposta acaba por ser simples. Bonita por dentro, sincera, verdadeira, justa, leal, simpática, disponível para aprender coisas novas e que goste realmente de algo em mim, até que seja uma ínfima coisa, mesmo que seja pouco visível. Não me faz diferença que seja baixa ou alta, de cara x ou cara y, de pés grandes ou pequenos. Desde que me perceba, algo que também é importante, serve. O problema é ter alguém assim. As hipóteses são mínimas e além disso, só a parte de me compreender demora imenso tempo.

Quando passo junto da escola onde fiz o Ensino Básico o que me vem à cabeça é aquele dia, aquela sexta-feira. E no secundário, quando vagueio naqueles corredores sozinho, o que penso é como seria eu se tivesse namorada.

Sinceramente.. E depois de tudo, é difícil, muito difícil, porque como digo bastantes vezes, o primeiro contacto comigo é um choque: ou se gosta ou se detesta. E a partir daí as pessoas vão começando a detestar mais, à medida que me vão conhecendo [ou seja, nada de amor verdadeiro com detesto-te].

Por isso, mesmo que acorde com vontade de ter uma excelente rapariga, tenho de continuar como quase sempre estive, solteiro, descomprometido. O que sei é que o que passei no passado fica cá marcado e isso pesa, tanto para amar, como para esquecer, quer queiramos quer não, de maneira x ou de maneira y, com ou sem sorrisos.

O que mais posso dizer... Obrigado amigas e amigos que me aturam dia após dia, semana após semana, porque esses sim são os meus companheiros!

PS: Desta forma, tenho de me ocupar de forma alternativa, dado que mesmo que sinta algo por alguém cá ou lá, que seja amor ou apenas atracção, temos sempre além de receio de perguntar, uma questão a fazer... Será que é amor verdadeiro?

sábado, 11 de dezembro de 2010

Mini-frase #1...

O silêncio pode importar muito, mas por trás da tristeza que pode trazer, mostra-nos uma face sorridente. E essa sim, é boa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A melhor prenda de anos...

Estava eu sentado num cadeirão num quarto de hospital a visitar um amigo que está em fase terminal. Não por ter tido cancro, mas porque a sua vida, de forma natural, estava a chegar ao fim e, o dinheiro levou-o para uma cama de um privado e bem organizado hospital para lá perecer.

Parecia que escutava as suas memórias, e como sempre gostei de mistérios e já lá vão uns bons e largos anos, tomei particularmente atenção àquela recordação.

"Era o que eu queria, mas é impossível. Não faz minimamente sentido e tenho estado confuso dia após dia. Ela e eu, eu e ela... Ela e eu, eu e ela. Não, não dá. Quero é que ela fique e siga a sua vida de forma feliz, e eu devo proporcionar-lhe isso, em vez de estar a dizer-lhe que não pode ser ou então ficar cheio de mágoas quando alguém se aproxima dela. Eu não sou dono dela. Os humanos não têm dono. Têm amigos, namorados, alguns são casais. Tenho é eu de mudar a minha atitude. E não mantê-la como está agora. Por muito que me custe tem de ser feito. Não quero nem que eu sofra, nem que ela tenha sempre a mesma visão que tem. Chega. Por muito que eu diga que sim ou que não, ou que talvez, eu tenho de perceber que estou bem assim e que é impossível mudar a relação. E ponto final. Independentemente do que eu desejasse.

Era um excelente prenda de anos, eu adorava receber tal coisa como prenda de anos. Mas não, tenho é de tirar o cavalinho da chuva. Como é algo impossível... Tenho é de me desimaginar de tudo isto que fazia com que a minha vida mudasse um pouco. Não... E já lá vão tantos nãos.

Nem 8 nem 80 por favor.... Tenho pena. Mas não posso ter pena.... Que estupidez a minha... Eu percebo perfeitamente tudo. Imagino é de mais. Não posso, nem devo sentimentalizar o que é isto. Desimaginar e desentimentalizar... O pior é que... Acho que preciso de algum tempo para proceder a tal coisa. Espero conseguir, ou melhor... tentar é o primeiro passo. É algo impossível...."

Bem, que confusão que eu vi naquela imagem. Não sei o que poderia ser. Penso que... depois de eu ter saído do quarto para ir à casa-de-banho, chegou a hora dele. Avisei a enfermeira e o médico e tapei-lhe a cara. Derramei uma lágrima sobre o lençol que o cobria e abracei-o. Depois, sai do quarto a chorar. Não tinha percebido nada e nada estava certo para ele, nem naquele momento em que ele deveria estar calmo.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Why????? Porquê????

Por mais que eu queira manter-me como estou, já deram ordem para eu mudar. ara deixar tudo o que me assabarca além das aulas na escola.

Apenas faltam dias até ao início do novo ano de 2011 e também já me disseram que era nesse dia de ano novo que tudo vai ter de mudar.

É mais fácil, eu chegar ao pé das pessoas e dizer ou fazer tudo por antecipação: Dizer que não quero continuar a ser mandatário da Lista S, dizer que não quero continuar a ser delegado de turma, fechar os olhos para os autocarros, e deixar de me interessar quanto à hora que chego à escola.

Deverei saber que o único autocarro que passa à porta da escola é o 14 e se ele não parar na paragem antes das 8h30, vou ficar lá até voltar a parar um autocarro que me leve directo à escola. Não querendo saber das horas, se chegar atrasado, cheguei.

Além disso, fechar-me mais uma vez sobre mim próprio, desfazer o que tentei fazer neste dois anos de Secundário. Já basta ter digo chega a algumas pessoas, e agora acho que tenho de afastar todos os outro de ao pé de mim, ao menos assim não terei de estar ao pé do telemóvel algum tempo e posso estar esse tempo a estudar.

No fundo, acho que o que interessa é que eu estude apenas. Parece que os cálculos matemáticos que eu faço das minhas notas, não chegam para mostrar que não é por este ou aquele resultado que as coisas mudam. Parece que as pessoas não compreendem que se eu não falo do que me atormenta realmente é porque acho que elas não iriam perceber e iriam relativizar.

Como é que vou chegar ao pé de um colega meu e dizer.... Pede a outro, porque apenas tenho de ser teu colega.... Ou então, como vou ocupar o tempo que vou passar mais em casa? Parece que vai ter de ser a estudar, mas.... Não dá, porque a minha cabeça não aguenta cinco ou mais horas de estudo diárias.

Em vez de me tentarem melhorar a vida, ainda me estão a piorá-la. Se faço o que faço é porque tenho razão para fazer de tal forma. Tenho pena que muitos poucos percebam isto....

Quero-me ir embora de vez... Sozinho.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Desabafo #4

Todos sabemos que mandar pessoas à merda não é fácil e admito que para mim, é mesmo bastante difícil. Muito mais difícil do que chegar ao pé de uma rapariga e dizer que a amo perdidamente ou então, chegar a casa e mostrar um teste com nota negativa à família.

Esse sítio tão horrendo que é um disfemismo de tanta coisa no mundo actual é uma expressão que me deixa revoltado, porque apenas em casos muito extremos é que a digo ou a escrevo. Se disse a uma pessoa para ir para tal sítio, é porque realmente estava mais no céu do que na Terra.

A tristeza não se afasta das pessoas. As pessoas é que se têm de afastar das tristezas e eu não consigo neste momento fazer isso. Além de que ter alguns sonhos corrompidos, trabalho a duplicar (apesar de ser opcional e de livre vontade), de ter cá em casa uma mãe que trabalha mais do que de Sol a Sol e os avós, um com o PSA elevado que não descansa à mais de um mês suficientemente e outro que meteu na cabeça que tinha alzheimer, ainda me falta o meu tremor das mãos, o frio do Inverno, o Natal que há uns anos que não me diz nada e o facto de este ser o último ano do Secundário.

Cada dia que passa é como que o escuro e a tristeza se apoderasse mais de mim. Como que não visse mais nada à frente do que senão a rotina dos autocarros e da escola, a sensibilização das pessoas para o bem-estar social, visse receitas para ir levantar à farmácia ou então consultas e exames para marcar.

Claro que todos podem dizer que não tenho falta de carinho, e na verdade o que se passa é isso. Não tenho falta de algo que é importante. Sinto é que me sufocam demasiado com as vicissitudes de algo que eu não tenho culpa em cima, nem em nenhum outro lado.

A escuridão não me faz diferença de facto. Se passei anos com ela, mais um ou dois ou os quantos que forem, serão bem-vindos. Mas o que não quero é reviver o passado. Em nada. Tive coisas boas é certo. Passei por coisas más, correcto. No entanto, nada disso é repassável, ou seja, consigo passar pelas coisas boas de novo. Por mais que queira, as coisas só acontecem de forma igual uma vez.

A luminosidade do tempo é um factor contraditório. O que sei é que apesar de tentar ser forte na escola, as horas de sono são poucas, as chatices são muitas e o tempo para não fazer nada depois de fazer tudo (fruto de ter aprendido a ignorar algumas coisas) é algum ainda - de facto o que acabo por passar são brasas nas aulas com documentários.

Ainda ontem me perguntavam: "Mas como é que sabes os manuais quase todos do secundário de cor?". Eu respondi que não sabia, no fundo o tempo livre quando estou junto ao computador tem de ser passado de alguma maneira. E de facto, quando não se tem muito para fazer, até os simples nomes dos manuais podem ser decorados. E não, os estudos não podem ser aumentados, porque depois da carga de trabalho em casa, que digo que quero fazer porque senão, nada é feito de forma capaz a minha cabeça pouco mais assimila. E olha.... Agora tenho um sonho. E esse que seja realizado... Quando? Espero que seja brevemente, mas nem isso tenho certeza.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A maldita apresentação...

Era um dia extremamente chuvoso e extremamente frio. Uma segunda-feira. Tinha eu uma apresentação na faculdade logo de manhã e, ainda precisava de ir levantar os cabos à Associação de Estudantes.

Apanhei o primeiro barco, 5h15. Cheguei a Lisboa, nem Metro havia. Precisava de ir de autocarro e muito sinceramente não tinha conhecimento acerca dos autocarros que passavam na Cidade Universitária àquela hora. E comecei a pensar... 735, 732, Metro, 746+a pé? As hipóteses eram escassas.
Passou por ali um 732 e eu meti-me nele. Era o primeiro do dia. Vinha vazio como praticamente vinha o barco. Desejei bom-dia ao motorista e sentei-me junto à porta traseira.

Era de noite, ou pelo menos aparentava isso. E no fim lá cheguei ao meu destino. Tiro do bolso a chave da AE e vou buscar as fotocópias. Por meu espanto tudo estava arrumado como eu tinha deixado na sexta-feira anterior. Bem, não liguei e levei o conjunto de papel para o grande auditório.

Montar e não montar o computador, ligar e não ligar os cabos, e para além de ter ido em jejum para a Faculdade, já estávamos quase pelas 8h00. E eu senti-me a desfalecer. E assim foi. Fiquei ali caído ao que parece. Pelo que me contaram estava a sangrar demasiado dos pés e eu não tinha dado conta, dado que tinha tais partes do corpo tão frias.

Dei por mim na enfermaria do hospital mais próximo. E já eram 10h05. Já tinha faltado à minha própria apresentação e além disso, tinha posto em causa a apresentação dos meus colegas. Por muito que eu quisesse ajudar, só me iriam dar alta no dia seguinte, depois de vinte e quatro horas de observação. E ali fiquei naquela cama a tarde inteira, com o livro de farmacologia à frente a estudar. Não tinha vontade de sorrir e as dores ainda eram algumas.

Chorar? Não valia a pena porque ninguém me ouviria ali.