terça-feira, 16 de março de 2010

Os minutos para a meia-noite...

Tic tac...tic tac... era o barulho que se fazia ouvir no gabinete de uma médica de um hospital da nossa nação. Faltava apenas 5 minutos para o início do dia 9 de Março daquele ano. Competente como é, arruma as suas coisas e apaga a luz do seu gabinete, no sentido de poupar energia. Teria, de seguida, oito horas seguidas de urgências, e depois mais quatro de consultas externas. Não se podia apontar nada àquela pessoa, desde atenciosa a querida, passando pela responsabilidade extrema e pelo carinho efectivo.

Noutra ponta da cidade do hospital vivia um recém-formado em algo relacionado com a Saúde, mas, que, tinha vergonha de admitir o que era. Após três dias de fortes dores de cabeça, dirigiu-se ao hospital, porque já não aguentava tais dores mais, após se ter medicado com ácido acetisalicílico e paracentamol no mês anterior. O sangue tinha deixado de coagular bem, por causa de tais tomas medicamentosas. Por fim, no seu Opel Corsa chega ao hospital e faz o ingresso. Nesta altura, já os procedimentos estavam mudados. Como tinha apresentado o cartão da Ordem em que estava inscrito passou imediatamente para a sala de triagem, onde lhe foi atribuída a sinalização vermelha no braço. Mal saiu da triagem, foi encaminhado para um médico neurologista, e após isto a outro, porque este apenas saia às zero horas e quinze minutos daquele dia. O diagnóstico que o segundo médico continuou, mostrou após a realização de tomografias computorizadas, e por obrigação do médico, de uma ressonância magnética, a existência de massas anómalas no sítio mais inóspito do seu cérebro. O bloco operatório chamava-o. Assim aconteceu. Foi preparado à pressa, assinou todos os papéis que existiam para assinar, inclusive o da não permissão de reanimação mecânica. Ele sentia-se que, se tivesse de morrer, que morresse de forma natural.

Quando olhei para os médicos percebi que, a situação era grave. Não os entendia, porque simplesmente, estava a limpar o chão do corredor onde está o bloco, e ouvia, chama a Drª. tal e o Dr. tal, é uma emergência. Tendo em conta, a pessoa que eu vi entrar, pelo próprio pé para aquele sítio de batas verdes e máscaras na cara, era alguém com cariz, cabeça e que era, possivelmente, bom.

A operação começou e a médica que tinha abandonado o gabinete aos cinco minutos para acabar o seu turno tinha acabado de chegar, neste preciso momento, às urgências. Foi ver a lista, no computador da sala que lhe foi atribuída, e como sempre, atendeu o primeiro paciente de cor verde. Após ter atendido o primeiro doente de tal cor na braçadeira, a médica ouve o burburinho de que estava no bloco alguém que iria ser operado ao cérebro e que tinha dado entrada para a especialidade dela há minutos atrás, e que, lhe tinha sido atribuído a braçadeira vermelha. Àquela hora da noite, alguém com "cor" vermelha, é raro, e ela não ligou. Passou-se cerca de hora e meia entre o momento do burburinho no corredor onde a médica estava a dar consulta e o momento de pausa da médica. Não tinha paciente àquela hora e decidiu ir investigar tal caso, que lhe podia dar à luz daqueles dias, uma ascensão na carreira médica. Dessa forma, ligou o computador, introduziu novamente a sua palavra-passe no sistema informático e investigou. Quando viu o nome do paciente nem acreditou. Pensou primeiramente que seria um erro informático e que tal pessoa não podia estar em tal situação e a sofrer assim. Decidiu então ligar à extensão das Urgências Gerais e questionar se tinha existido algum lapso no sistema informático. Foi-lhe referido que não, porém, a médica contactou o gabinete da triagem, mas a enfermeira que atendeu tal paciente, que, possivelmente tinha o erro informático no sistema, já tinha saído; apenas restava o auxiliar que acompanhou o paciente até ao bloco.

Assim foi, já passada mais uma hora desde a entrada no sistema informático com a sua palavra-passe, a médica fala com auxiliar que confirma que o nome estava correcto e que tal paciente entrou para o bloco pelo seu próprio pé. O coração da médica passou a ter uma pulsação desrrugulada, enquanto que, eu quase adivinhava o sofrimento cardíaco daquele doente. Após ter entrado na área do B.O. a médica verifica que tais roupas não lhe eram estranhas e que, estava quase certa que aquela pessoa era ele. Ao tentar levar-se à pressa para ver a situação da cirurgia, mas não chegou a tempo.

Mal põe a máscara e tem acesso a sala cirúrgica, os colegas abanam-lhe a cabeça como quem diz que foram feitos todos os possíveis, mas que não o conseguiram salvar. Ela tira a máscara e faz a relação completa das coisas. O treme-treme, as dores que ele tivera há alguns anos, os choros, os bateres fortes de coração, as maluquices, o estranhos fetiches, tudo isso foi relacionado naquela altura por ela.

Após isso, e já com a sala sem mais ninguém existe um abraço, aquele, que para ele, já não serviria de nada, porque ele já não pensava, via, nem sequer podia sentir aquela roupa, aquela bata que ele adorava! Porque estava morto. Ela arrependeu-se de tudo do passado. No entanto, para ele tinha sido demasiado tarde. Ela tenta fazer-lhe massagem cardíaca, já bastante desesperada , mantendo a fé em que ele pudesse "reviver". Mas ao ver a assinatura dele, naquele papel que pedia para não ser reanimado, deixou-a fora de si. Foram dados murros no peito dele. De forma a que ele pudesse viver de novo, até que apareceram valores de batimento cardíaco. Mas não suficientes. Apenas quando lhe dava a pancada, ele reagia. Foram precisas horas até cerca das 23 horas do dia 9 de Março para que ela se apercebesse que ele estava definitivamente MORTO. Que poderia ela fazer naquele momento?

domingo, 14 de março de 2010

Porquê esta personagem...?

George O'Malley, ou melhor, Theodore Raymond Knight; Perguntarão o porquê deste texto, no entanto, responderei breve e rapidamente: esta personagem de Anatomia de Grey mostra bastante do que eu sou, do que fui, e do que, possivelmente serei.

Pego nele apenas na 3.ª temporada, quando o próprio chumba no exame de interno, apesar do seu "esforço", fruto da desatenção e da pouca mão firme para com a esposa, também médica naquele hospital. De facto, e passando tal para mim, quase tudo combina, pensando assim que não poderei entrar no curso que quero, porque, para trás, desviei-me dos assuntos escolares que, deveriam ser os pontos mais "acarinhados" pela minha pessoa.

Outro aspecto importante nas 5 temporadas, brevemente 6 que decorrerram já em Portugal, foi o facto da morte do Pai de George, visto que, estando ele longe de casa, não muito perto da mãe e do pai, leva-me a estabelecer outras relações, tais como, o amor que tenho pela minha mãe, mas a distância que, se calhar, bem-vinda, com o meu pai, daí a MORTE.

Eram imperdoável não falar nos seus agoiros, nos seus sorrisos, nas suas dúvidas e na sua boa vontade; Aliás foi por causa do seu altruísmo que ele entrou em paragem cardíaca no final da 5.ª temporada da série. Tendo-se, anteriormente, alistado ao exército norte-americano, sendo esta uma forma de ele compensar toda a solidão que tinha, porque via as amigas casadas, e era, bastante, por vezes, mesmo bastante ignorado por estas. Possivelmente, este é o pior parágrafo para ligá-lo a mim, no entanto, tentá-lo-ei ligar de forma simples e directa; desta forma, o altruísmo de grau elevado também deixa mágoa, por não sabermos distinguir pessoas e confiarmos em mais do que devíamos, por tentar protegê-las de mais, etc. Felizmente ainda não tive nenhuma paragem cardíaca, mas a dor cardíaca dos últimos dias e o sofrimento acompanhado de choro, não se afasta. Simplesmente por causa do meu altruísmo e da minha dedicação! E do meu pouco entender as coisas.
Estabeleço agora um constraste, porque não pretendo alistar-me ao exército português, no entanto, apenas o futuro o dirá, médias o visualizarão e, no fundo, a distância entre os entre-queridos aumentará. Será que já não existiu um renascimento psicológico? Será que esta dor que se sente é para ficar, porque o sofrimento é atroz? Quem sabe...

sexta-feira, 12 de março de 2010

A instabilidade accional a longo prazo...

As águas do Tua... As águas do Tua. Um menino como alguém irreverrente. Aqui não temos o Tua. Temos o Tejo, o Sado e, onde passo férias, o Mira e o Seixe. Seria cobarde e fraco em fazê-lo. Mas bem, quando olhamos para as nossas mãos e vemos isto, olhamos para os nossos pés e vemos aquilo, olhamos para os nossos joelhos e sentimos aquilo. Pensando bem, ao "vermos" o cérebro percebemos que não existe nada, mas rigorosamente nada a nosso favor.

Que tal pensar no fim??? Um gesto de cobardia poderia dar a entender o desespero, mas já seria tarde. Teria de pensar muito bem nisso, e fazê-lo de forma correcta. Tanta escrita já e nada percebido, como quase certo.

Não quero ser cobarde, mas não vejo outra alternativa. Estou demasiado instável para ver outras soluções. No fundo deixam de ser válidas quaisquer alternativas. Já senti isto, pelo menos 3 vezes, desde 2009. Tem sido cada vez mais horrível, mais frio e mais distante. Com razões cada vez mais óbvias, a preocupação mantém-se, o medo do não regresso e da peda aumenta e não existe, de nenhuma maneira, volta a dar.

Não, não vou falar, não me vou armar em fraco e expor ao mundo algo que me cansa a mim, estraga a minha e só a minha circulação, afecta o meu e só o meu sistema digestivo, muda e só muda o meu pensar.

Muda o meu tremor, aumenta as hemorragias, dá-me volta ao estômago, etc, mas é bom! É sinal de preocupação por um lado e por outro é mau, porque me desgasto.

Terminando, e já com um sabor a iogurte de novo no esófago, que avizinha outra má situação digestiva, um sentimento de força! E de paciência para mim, para me habituar à crua realidade!

O palpitar de preocupação por 5 minutos...

Era Inverno, já perto da Primavera. Avizinhavam-se as férias e, pensando em algo inesperado, esse tal inesperado acontece. De alguém que bebe Danup's um volta de baixo para cima, dos lados e uma tentação para expelir o que estava a incomodar lá dentro. A máquina humana torna-se cada vez mais insaciável a alterações que não são habituais. Eu próprio também sou assim. Também reajo mal a alterações, infantis, alimentares, ou mesmo então simplesmente, porque deixei alguma refeição por fazer.

Por momentos, aquele silêncio enquanto se lia terminou. Alguém se ausentou da sala. A palpitação começa. Recordações desde o primeiro ano vêm ao de cima. Era como estivesse a reviver tudo, apenas em dois ou três minutos e, a distância que existe entre esses tempos e os actuais são de 10 a 11 anos. O simples facto de ter de ser eu a vomitar sozinho, naquela altura, repugnava-me. Não sabia como agir.

Com tudo isto, fiquei imóvel, pensei que iria acontecer a outra pessoa, diferente de mim, mas possivelmente pelos mesmos motivos. Não choro, porque não há mais lágrimas. A fortaleza e o prazer daquela aula dão lugar à preocupação e ao medo do que poderia acontecer ali.

Felizmente, desta vez, alguém a acompanhada. Infelizmente não me consegui mexer a fim de ser eu a acompanhá-la. No entanto, foi acompanhada por alguém melhor do que eu. Fiquei feliz, e podia-me voltar-me a mover, falar e continuar a estar presente de corpo e alma naquela sala de aula.

No entanto, não acabou por ali. O tempo em que aquelas duas colegas estiveram fora da sala, preocupou-me e não foi pouco. Passaram cinco (5) minutos com tais colegas fora da sala e a palpitação voltou. O medo de estar a acontecer tudo aquilo voltou. Estive mesmo para pôr o braço no ar e pedir para me ausentar na sala, para poder ver o que se estava a passar, e poder de certa forma tentar ajudar.

Felizmente, elas voltaram. Fiquei com pena de me ter petrificado naquela altura e de nenhuma maneira poder ter sido útil em tal situação importante.


Ao menos, pude tentar preocupar-me um pouco mais tarde, mas... tal já não era necessário.

quarta-feira, 10 de março de 2010

A igualdade em pessoa e género

Querendo retomar o objectivo de Janeiro, fixo-me agora num grande colega meu. Tem um nome cujo o mesmo está ligado a pessoa em si. O facto da vila do Lavradio ser a freguesia onde ambos moramos traz-mo maioritariamente à memória, em alguns dias. O engraçado é que eu próprio, vejo-o como alguém com quem eu posso desabafar, falar, etc, no entanto, tento ter o máximo de cuidado e tento-o ouvir e percebê-lo. Não consigo encontrar alguém, rapaz, com quem eu possa falar de tudo abertamente. Este colega, amigo, e realmente, AMIGO, é como que... o tempo parasse e eu passasse a ter a ignorância de uma pessoa de cinco anos que quer desabafar das suas descobertas, pedisse opiniões das coisas mais malandras, mais impróprias entre outras. Nunca, mas mesmo nunca me poderei esquecer desta passeata nossa. Do Barreiro ao Lavradio, no último dia das férias da Páscoa de 2009. Tinha sido uma saída fixe para mim, mas no fundo, e comentei isso com ele, tinha-me enchido de raiva, porque não entendia muitas reacções daquela saída.

Aquele tempo, na Primavera friorenta, também foi marcado pela mudança interior dele, a qual, eu, certamente, ainda não percebo muito bem; simplesmente, porque ele mostrou a face mais ternurenta e mais... e mais doce dele! A partir daí deixei de conseguir de olhar para ele da mesma forma. Passei a vê-lo como alguém adulto, maduro e mais responsável.

Resumindo, um grande rapaz, colega e claro.... amigo!

sábado, 6 de março de 2010

Um sinónimo de viajar

Viajar, um verbo de movimento. Uma acção que nos mostra o mundo, o esplendor do nosso planeta, ao qual, com certo e determinado orgulho chamamos Terra. Aprendemos tanto com as viagens que fazemos, desde o simples facto de sabermos a quilometragem da via, se utilizarmos o automóvel, até à complexa ideia de viajarmos no avião, que nos traz a sensação de voar, algo que é impossível de fazer como humanos que somos.

Para conhecermos outros povos outras culturas, precisamos, obrigatoriamente de viajar, seja uma viagem a nível electrónico, seja um viajar a nível físico, mental ou mesmo espiritual.

Andar de carro, passear de comboio, navegar no alto mar através de um cruzeiro, traz-nos à memória, a viagem, nome que liga directamente ao verbo viajar!

Culmina-se qualquer viagem, com a recordação, seja ela fotográfica, ou não. A memória traz-nos o palpitar do coração que tivemos quando ou andámos de avião, ou pisámos território novo ou simplesmente, olhamos para uma nova estrada.

Viajamos aí, mas também nos sonhos, onde a imaginação não nos quer deixar e nos faz lembrar que nada, mas nada é impossível!

"Água quase tudo e Cloreto de Sódio"

O título deste texto é o final do poema "Lágrima de Preta" de António Gedeão, consagrado escritor. Não pretendo retratar o que António Gedeão retratou, mas sim, algo diferente, porque as lágrimas têm na sua composição "Água (...) e Cloreto de Sódio".

De facto, têm sido ultimamente, companheiras pela manhã e pela noite, e por vezes, discretamente, no meio de actividades lectivas na escola. Pode até parecer estranho, para quem me conhece apenas como rapaz que faz tudo e é frio, sério e que mal aparenta ter sentimentos. No entanto, não o é. Essa é apenas a minha faceta social, porque, a nível pessoal, não tenho auto-estima, sou bastante sentimental e sério por vezes. E também pode-se dizer que o regime de certinho dissipa-se, em algumas vezes.

Até posso enverdar a "máscara" social nas comunicações pela Internet ou pelo telemóvel, mas quem realmente me conhce sabe quando as coisas e eu não estamos bem.

É impressionante, e agora, voltando-me para minha faceta social, a confusão e a sentimentalidade que albergo. Qualquer coisa que devia ser como o alfabeto, algo fácil de aprender, torna-se, para mim, normalmente, difícil e complexo. Torna-se complicado haver alguma confiança em mim, pela minha imagem social; não pelo que sou, uma simples e rude pessoa neste mundo inóspito, mas, pela parte em que não tendo a guardar segredos. Posso dizer, e fazer plena fé sob isto, que pessoalmente, existe quase que um túmulo em mim, que não conta as coisas que me são ditas, que me são pedidas em segredo, etc.

Tudo começa pela confiança. Sem ela, não há relação que dure e que cresça, desenvolvendo-se. A confiança é responsável pelo carinho, pela atenção, pela preocupação para com o outro e pelo desejo de se sentir bem com...

No entanto, é imprescindível também existir liberdade; outro ponto em que falho. Sem ela, e já dizia isto, uma grande e consagrada colega do meu Ensino Secundário, um ser humano, não é um ser. É apenas um simples pau mandado e controlado por outro(a). Alguém pretende uma relação assim? Parece-me que não!

Depois da confiança e da liberdade, e se calhar, um dos mais importantes pontos de uma amizade e de uma relação, vem o conhecimento. Torna-se imprescindível conhecer o outro, alargar os conhecimentos, saber como está, etc, porém, o conhecimento é muito mais do que um simples parágrafo.

Acho que, as minhas amigas aquosas e cloretosodiadas, também marcam algo em relações; ou algo que correu mal e nos faz correr tais sais pela cara, ou então, porque sentimos que algo está demasiado bom que os tais sais correm-nos também pelas faces.

Perguntar-se-ão agora, qual a situação? Qual o verdadeiro motivo do texto "Água quase tudo e Cloreto de Sódio"? Em realidade, este texto mostra, ou pretende mostrar que, é de certa forma, improvável esquecer algo que nos fez chorar. E que, ao nos lembrarmos dela, iremos chorar sempre. Todas as boas rotinas, todos os carinhos, tudo o que fosse bom numa relação, que se deteorou. Admito que por vezes é bom, mas por outras, sente-se um vazio enorme, que culmina com algo salgado na cara.

Será que tudo foi correcto? Todas as excelentes acções de crescimento que não levaram, naquela altura, cloreto de sódio aquoso na face, mas apenas, um bater de coração forte de nervosismo? Não o sei. Continuo a chorar por tudo, por todo o passado que passou por mim. Pelo ideal que surge na minha cabeça, cuja impressão parece estar errada, equivocada, e delimitada ao meu pensamento errado e horrivelmente obscuro. De certa forma, não existe presente, sem se ter encerrado o passado. E sem presente, não se consegue, deixar de derramar cloreto de sódio nas faces. Mesmo que seja uma pequena porção.

Termino agora com uma citação de outra colega minha do Ensino Secundário, que diz que as lágrimas que não caem são as piores, as mais sentidas.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O passado passou... Não pertenço ao presente

De certa maneira, o passado foi neutro e nulo. Apesar das aprendizagens que se fazem, sem qualquer dúvida, é também verdade que não somos capazes de fechar os olhos a cenas teatrais, a desenlaces, relações e tudo o resto que pode baixar o grau de "bondade" do passado. Assim sendo, equilibram-se o mal e o bem do passado, deixando-o neutro.

Dando seguimento ao título do texto "O passado passou... Não pertenço ao presente", leva a querer que pode ser algum problema social, a nível da interacção com a sociedade, com os hábitos, com as rotinas, etc. Mas não, ao passar o passado, ao passarem todas as imagens, todas as palavras, todas as conversas tidas, não se tem nenhum problema social, mas sim algo pessoal, cá de dentro de nós. Um problema nosso, uma tarefa que é difícil de realizar.

O passado passou, aconteceu tudo. As memórias ficam para nós. Parece que ninguém gosta do passado. Ninguém gosta de pensar no que fez em x dia de há y anos, mas, eu, pelo contrário, gosto disso, e, por vezes, tento, a todo o custo, tentar lembrar-me de tudo! De tudo o que fiz, de tudo o que disse, de tudo o que conversei.  Daí pertencer ao passado.

Passa agora um ano desde o fatídico acidente na minha vida. Não um acidente físico, mas sim psicológico, onde tive de alterar, de certa forma, como sou. Facto este, que acabei por não perceber muito bem, em plenas férias de Verão, mas também algo já dizimado, e com efeito, um bom resultado.

A partir desse dia, o presente foge-me como algo que não consigo controlar. Uma velocidade, uns tamponamentos de palavras, um silencio monótono. É como que estivesse a tentar dizer algo, e isso já não estivesse correcto, não estivesse justo, e acertado para aquele momento e ocasião.

Note-se que os seres humanos, ao terem sentimentos, vibram com todas as vírgulas, pontos e exclamações. Basta estar algo nalgum sítio, algo que não se perceber, que para nós não faz sentido, para dizer algo errado, para interpretar de outra maneira, para ler um "o" em vez de um "a", ou responder "Não" em vez de responder "Sim".

Realmente não pertenço ao presente. O tempo, como já referi, ao passar rápido, não deixa lugar a eu poder dizer um simples "Olá", mas deixa lugar ao vazio, à solidão, à tristeza!