sábado, 25 de abril de 2015

A vertigem

Hoje... hoje só posso achar que tenho vertigens. E sabes, taõ bem como eu, que de seguida a eu dizer isto ia investigar os códigos da ICD-9, ver os seus custos e não pararia até descobrir como é que a menor custo poderia tratá-las.

Tenho vertigens, porque como tu dizes, sou louco. Sim, sou louco! Porque louco também significa extraordinário. Porque nunca na vida eu saí do meu espaço de conforto e voei até longe. Longe como tu dizes. Longe que é tão perto. Mas que eu percebo. Porque eu já o disse tanta vez... Apesar de ser longe, sinto-te por perto.

E sou louco. Volto a dizê-lo porque se não o fosse não teria corrido horas a fio hortos à procura de uma espécie única, nunca teria estado a voar semanas sem fim para te ver, nunca teria dito para escrevermos um artigo em conjunto. Tudo isto, porque o que importa para mim não é a loucura. Mas sim, o teu sorriso.

Porque como te disse um dia, um sorriso é tão mais complexo do que falar. E agora acrescento, um sorriso é tão mais complexo como dizer sim, porque aqueles teus sorrisos eram verdadeiros.

Ouvi-te várias vezes com a tua voz doce e fofa a perguntar se eu estava bem, com frio. E eu... e eu sentia que tu estavas bem, porque estavas com uma voz diferente, muito mais sentida, muito mais entregue. E ao ouvir-te, cheguei a adormecer no teu tórax por vezes ou então no teu ombro. E lembro-me das festinhas que te fazia quando tu passavas pelas brasas no meu colo.

Nunca te disse, mas foste a primeira pessoa que se sentou nas minhas pernas sem receios. E eu, aproveitei aquele momento, naquele jardim magnífico.

Passámos em tão pouco tempo, tanto, mas tanto juntos. Sei... sei que a culpa foi minha. E sei, sei o que aconteceu, ou pelo menos penso.

Ontem. No dia de ontem dei voltas e voltas à Baixa para passar onde nós passámos, para tentar reviver aquelas memórias que tenho e que não as quero largar. Quando estava sentado à espera do metro, apenas me lembrava da flor que caiu ao chão. Do momento em que eu ta dei e da cara que tu fizeste.

Para quê? Para que as memórias não voem. Porquê? Porque eu sinto que és especial para mim. Porque as minhas palavras naquela manhã de domingo em que te disse que também tinha pensado que não fazia sentido falarmos muito eram erradas. 

Apenas eu não queria contradizer-te. Agora, passado tempo, dias, horas e minutos, daquela altura em que me escreveste, apenas fico a pensar se fiz bem.

Porque o mais importante para mim não é ser gato. O mais importante para mim é que percebas que o meu devaneio é por ti causado. Porque sei que és especial e que não te quero desiludir mais do que aquilo que desiludi.

E basta! Se leres isto, fala comigo sem medos e diz-me porque o fizeste! Sinto falta do teu odor, da tua plenitude, das tuas palavras. Tenho tanta, mas tanta coisa para te contar. Em que eu precisava de ajuda. Em que eu sei que tu me podes ajudar, nem que seja ouvindo como ouves.

Mas acima de tudo isto quero que estejas bem. E não, não quero beijar-te. Quero olhar para ti e ver o sorriso que via, e poder dizer que és a minha melhor amiga e ouvir a nossa música e não ficar atristonhado.

Porque sei que, no fim de contas, o que tu fizeste, não poderia ser só porque sim. As minhas mãos tremem, é certo, mas o meu cérebro apenas me faz escrever mais e mais.

E a culpa, no sentido que lhe quiseres dar, é tua. É tua porque não sais daqui. E eu... e eu não quero que saias. Quero que voltes a ser a minha melhor amiga, a pessoa que eu coroeei, a pessoa que me chama louco, a pessoa que uma manhã me acordou com uma das melhores mensagens que já recebi...

Eu sei que aquela pessoa eras tu, por muito que a nossa história fosse pequena. Porque numa amizade, o tempo não importa, mas sim, os sorrisos e aliado a isso, as expressões faciais que tanto gostas.

E sim, eu gosto de ti, mas gosto como sempre gostei e sempre não te escondi. E sim, espero que sejas feliz. Eu estarei a olhar por ti, porque fui a estrelinha que te caiu em dezembro. E sim, és tu, és tu que me faz sair da minha zona de conforto e figuradamente ter a vertigem...

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